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Covid-19: Evento debate vacinas como bens públicos globais

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Publicado em:10/08/2020

Covid-19: Evento debate vacinas como bens públicos globaisO Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), a Rede de Escolas de Saúde Pública da América Latina (Resp-AL), a Aliança Latino-Americana de Saúde Global (Alasag), a Rede Argentina de Escolas de Saúde Pública e a Rede Internacional de Técnicos em Saúde (Rets), que costumam atuar em parceria, promoveram o seminário internacional Vacinas e medicamentos para Covid-19 como bens públicos globais. O evento pode ser assistido, na íntegra, no canal da VideoSaúde Distribuidora no YouTube.

Realizado online, o encontro teve como objetivo refletir a respeito do acesso a vacinas e medicamentos contra a Covid-19, pelos países em desenvolvimento. Os palestrantes foram o assessor do ministro da Saúde da Costa Rica, Albin Chaves; o pesquisador da Fundação Ifarma (Colômbia), Francisco Rossi; o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Maurício Zuma; o pesquisador do Cris/Fiocruz e secretário-executivo da Alasag, Sebastián Tobar; e o pesquisador da Fiocruz Jorge Bermudez.

Tobar, que foi o mediador do seminário, lembrou que o acesso a vacinas e medicamentos contra o novo coronavírus devem ser bens públicos globais, como recomendou a Organização Mundial da Saúde (OMS) em sua última assembleia-geral. “O vírus não respeita fronteiras. E ao imunizarmos uma pessoa também beneficiamos outras. No entanto, sabemos das imensas dificuldades para garantir acesso a todos, sobretudo nos países mais pobres, que concentram a maior parte da população mundial. Existem grandes assimetrias entre os países e mesmo dentro dos países. Nesse sentido, tendo em vista as muitas limitações com as quais nos confrontamos, precisamos ter a responsabilidade de garantir o acesso a todos. A cooperação internacional servirá exatamente para esse fim: fazer esforços para que todos possam ser imunizados. Não é admissível que grandes conglomerados farmacêuticos globais desenvolvam uma vacina e limitem o acesso, cobrando valores altíssimos pelo produto, inviabilizando que os pobres sejam imunizados”.

Tobar lembrou uma frase dita em 1955 pelo virologista Jonas Salk, que acabara de descobrir a vacina contra a poliomielite, sobre quem teria a patente. Salk respondeu com uma pergunta que entrou para a História: “Não há patente. Você poderia patentear o sol?”.

Em seguida houve a intervenção do pesquisador da ENSP/Fiocruz Jorge Bermudez. Ele disse que a pandemia impactou todo o mundo, mas as respostas foram diferentes, deixando ainda mais claras as desigualdades globais e inclusive aprofundando-as. “Moradores de rua, ambulantes, pessoas que habitam comunidades pobres, indígenas... todos esses grupos estão à margem do aceso aos tratamentos e poderão ficar de fora da imunização. Por isso nos cabe um esforço para impedir que essa situação se concretize”.

Para Bermudez, o falso dilema entre salvar vidas ou salvar as economias não pode permitir uma paralisação de iniciativas. “Há uma dificuldade em enfrentar as desigualdades, mas temos visto reuniões da ONU, da OMS, dos ministros da Saúde do G-20 e também de outros fóruns internacionais, com alinhamento à Agenda 2030. É necessário um plano global de ação em saúde pública, que abranja inovação e propriedade intelectual, regulação, preços adequados, acesso, cobertura, compras conjuntas e abastecimento para que possamos dar uma resposta à altura desse desafio ímpar”.

Bermudez alertou, no entanto, que a solidariedade demonstrada até o momento por muitos líderes poderá não sair do papel. “Vemos uma corrida de alguns países ricos em se apropriar e comprar tudo, deixando os pobres à míngua. Afinal, vivemos em uma sociedade predadora e excludente. É revoltante e assustador saber que se fala em uma vacina que, de acordo com alguns fabricantes internacionais, poderá custar até US$ 40 a dose! Isso é a negação da solidariedade e reflete uma concepção de mundo egoísta e cruel”.

“Foi criado um grupo parlamentar progressista ibero-americano para construir uma proposta regional que permita o acesso, a todos, dos tratamentos contra a Covid-19. Para além disso, precisamos estar dispostos a lutar por um ‘novo normal’, com um mundo mais solidário e acolhedor, que compartilhe conhecimento e bloqueie monopólios. E temos promover maior equidade nesta região de 570 milhões de habitantes”.

Bermudez encerrou sua participação lembrando uma frase que a então primeira-ministra da Índia, Indira Gandhi, proferiu na assembleia-geral da ONU em 1982. “A ideia de um mundo melhor ordenado é um mundo em que descobertas estarão livres de patentes e não haverá lucro com a vida e a morte”.

Clique aqui e leia a matéria na íntegra.

 


Fonte: Agência Fiocruz de Notícias
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