'Cadernos de Saúde Pública' de agosto faz balanço do fast-track Covid-19
O Cadernos de Saúde Pública de agosto faz um balanço do fast-track Covid-19. Para as editoras da revista, Marilia Sá Carvalho, Luciana Dias de Lima e Cláudia Medina Coeli, era necessário abrir um espaço e criar uma rotina diferenciada para propiciar o debate científico qualificado voltado para países com problemas graves de infraestrutura, pobreza e desigualdade, valorizando as diversas abordagens e enfoques da área.
Em abril de 2020, CSP criou um mecanismo de fast-tracking para diminuir o tempo de avaliação e publicação de artigos sobre a COVID-19. Foram submetidos, desde o início de abril até o dia 10 de julho, 548 manuscritos.
Confira o editorial da revista:
“Em março de 2020, publicamos o primeiro artigo sobre COVID em CSP. Naquele momento o papel da vigilância epidemiológica nacional oportuna e efetiva era o ponto central. A montagem de uma infraestrutura integrada de dados, que orientasse a intervenção necessária, não aconteceu mesmo nos países desenvolvidos. A crônica de uma crise sanitária de proporções gigantescas já era a infeliz realidade.
Nesse contexto, cientistas de todo o mundo se mobilizaram na busca de alternativas que diminuíssem o número de vidas perdidas e o sofrimento de milhões de pessoas. Esforços foram empreendidos para a produção, sistematização e divulgação de conhecimento de forma ágil e oportuna, incluindo entrevistas em canais de rádio, televisão e redes sociais, criação de sites e observatórios, notas técnicas e recomendações. No Brasil, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) instituiu um programa periódico de debate virtual (Ágora Abrasco) e se articulou com outras entidades nacionais em uma grande frente em defesa da vida, que resultou na elaboração de um Plano Nacional de Enfrentamento à Pandemia da COVID-19.
Também no âmbito da publicação científica, o número de artigos cresceu exponencialmente com contribuições de diversas áreas do conhecimento 5. Compreender de forma aprofundada o significado e as repercussões sociais, econômicas e humanitárias de uma crise complexa e de múltiplas dimensões, que afeta de forma significativa o futuro das nações, tornou-se essencial.
Como revista científica da Saúde Pública/Saúde Coletiva, em abril de 2020, CSP criou um mecanismo de fast-tracking para diminuir o tempo de avaliação e publicação de artigos sobre a COVID-19. Era necessário abrir um espaço e criar uma rotina diferenciada para propiciar o debate científico qualificado voltado para países com problemas graves de infraestrutura, pobreza e desigualdade, valorizando as diversas abordagens e enfoques da área.
Foram submetidos, desde o início de abril até o dia 10 de julho, quando fizemos esta avaliação, 548 manuscritos. Além de preocupações com a dinâmica e evolução da pandemia, destaca-se a publicação de temas relacionados à saúde global, à capacidade de resposta dos estados e dos sistemas de saúde, à oferta, organização e qualidade dos serviços de saúde (da atenção primária à assistência hospitalar) e ao impacto da pandemia na saúde mental, na violência doméstica, na prática de atividade física e na segurança alimentar.
Em um primeiro momento CSP recebeu, principalmente, artigos de posicionamento para a seção Perspectivas. Criamos uma seção Espaço Temático intitulada COVID-19 - Contribuições da Saúde Coletiva para organizar a publicação desses manuscritos. Mais recentemente, passamos a receber ensaios e artigos empíricos, muitos utilizando coleta de dados pela Internet, os websurveys. Buscando manter a qualidade, nosso Editorial de julho aponta as diretrizes de CSP, tendo como base os cuidados metodológicos necessários ao desenvolvimento de inquéritos baseados em redes sociais.
No fast-track, como diz o próprio nome, se acelera o tempo entre a submissão e a publicação dos manuscritos. Mas mesmo buscando reduzir esse tempo, mantivemos o processo de avaliação por pares, garantindo a qualidade dos artigos publicados. Nosso tempo médio entre a submissão e a aprovação dos manuscritos ficou em 12 dias, e entre a aprovação e a publicação no site de CSP em 14 dias. Como conseguimos isso? Com um enorme esforço e dedicação. Cada editor e cada parecerista abriu espaço na sua agenda para trabalhar nesses artigos. As novas versões foram reavaliadas no mesmo ritmo. Isso tudo sem prejudicar nosso fluxo usual. A proporção de artigos aprovados manteve-se dentro dos padrões habituais de CSP.
Nesse período, CSP avançou na divulgação científica. Lançamos, com o apoio de um jornalista e uma estagiária da revista e da Coordenação de Comunicação Institucional da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz), uma série de vídeos disponibilizados no canal do YouTube da ENSP/Fiocruz. Na série, intitulada Entrevistas com os Autores, editores e autores debatem um artigo recém-publicado neste período sobre a COVID-19.
É hora de agradecer publicamente a dedicação de todos. Editores e pareceristas garantiram a qualidade científica; a secretaria deu suporte aos autores; editores assistentes realizaram o processo de editoração, incluindo a padronização dos textos e verificação das referências; revisores e tradutores de idiomas (sim, a versão bilíngue de todos os artigos foi providenciada) se dedicaram à qualidade do texto; diagramadores e responsáveis pela produção do XML (formato que permite a publicação na web) trabalharam cuidadosamente na formatação final dos artigos. E no final do processo, entrou em cena a equipe responsável pela divulgação no Twitter e Facebook. Todos, absolutamente todos, demonstraram seu profissionalismo. Do início ao fim.
Isso em regime de trabalho em casa, com as dificuldades que conhecemos. Crianças aprendendo a estudar à distância, parentes precisando de apoio, momentos de relaxamento limitados, o mundo privado e o mundo do trabalho se misturando.
Mas, como dizíamos no Editorial de abril, os “cientistas de todo o mundo irão gerar o conhecimento que permitirá enfrentar não só a pandemia da COVID-19, mas também subsidiar políticas que organizem a assistência e possibilitem o cuidado adequado aos pacientes”, cabendo às revistas científicas publicar “a produção científica honesta e bem conduzida”. Essa é a nossa contribuição.
Neste mês de julho, encerramos o processo de fast-track. Continuaremos acelerando, na medida do possível, a avaliação dos manuscritos inovadores de maior fôlego, que tragam contribuições substantivas ao enfrentamento desta emergência sanitária tão grave.”
Para acessar os artigos do Cadernos de Saúde Pública de agosto de 2020, clique aqui.
Fonte: CSP agosto