Busca do site
menu

Crise financeira afeta segurança alimentar dos mais pobres, afirma artigo publicado no CSP

ícone facebook
Publicado em:28/08/2019
Crise financeira afeta segurança alimentar dos mais pobres, afirma artigo publicado no CSPOs resultados da pesquisa sugerem que, durante a crise, o percentual de domicílios com segurança alimentar diminuiu de 76%, em 2013, para 49%, em 2017, enquanto a insegurança alimentar grave triplicou (de 4%, em 2013, para 12%, em 2017). Antes da crise (2013), 44% dos domicílios apresentavam segurança alimentar, mas, até 2017, essa proporção havia diminuído para 26%.
 
De acordo com o estudo A segurança alimentar em tempos de crise financeira e política no Brasil, dos pesquisadores Luna Rezende Machado de Sousa, Ana Maria Segall-Corrêa, Arlette Saint Ville e Hugo Melgar-Quiñonez, o Brasil é conhecido mundialmente por reduzir a insegurança alimentar, melhorando o acesso a alimentos, gerando renda, apoiando a produção de alimentos por pequenos agricultores e reforçando a governança da segurança alimentar, incluindo organizações da sociedade civil. “Mais importante ainda, ao lado desses desenvolvimentos, o Brasil construiu um sólido arcabouço legal e institucional para a segurança alimentar, transformando a luta contra a fome em uma obrigação estatal.”
 
O artigo recorda que esses compromissos políticos e sociais foram estabelecidos em um período marcado por forte crescimento econômico e redução do desemprego. Como resultado, a pobreza e a grave insegurança alimentar foram drasticamente reduzidas de 2004 a 2014 no Brasil. “Entende-se que a prosperidade econômica reforça a segurança alimentar e, em contraste, choques econômicos e políticos prejudicam esses ganhos.”
 
Ainda segundo o estudo, a renda per capita domiciliar mostrou forte associação com a segurança alimentar, aumentando em seis vezes a probabilidade de insegurança alimentar entre os mais pobres. “Aqueles que relatavam piores níveis de emprego, apoio social e escolaridade tiveram duas vezes mais probabilidade de sofrer de insegurança alimentar.” Apesar de melhoras significativas entre 2004 e 2013, os achados da pesquisa indicam que, durante a crise, o Brasil sofreu uma piora grave na segurança alimentar, reforçando a necessidade de políticas emergenciais para proteger e garantir o acesso à alimentação para os mais vulneráveis.”
 
A segurança alimentar, conforme explica o artigo, é o acesso estável à alimentação adequada, e é diretamente afetada por fatores econômicos, como o crescimento estagnado, os altos preços dos alimentos, a baixa renda e o desemprego. Além disso, observa o artigo, como os ambientes políticos influenciam a estabilidade das economias alimentares e os compromissos governamentais com as políticas de segurança alimentar, as crises políticas estão negativamente correlacionadas com a segurança alimentar. Portanto, indicam os pesquisadores, para melhorar o acesso aos alimentos e garantir o direito à alimentação, as políticas de segurança alimentar devem garantir o direito à alimentação, elevando a renda, gerenciando os riscos de choques econômicos e fortalecendo as instituições nacionais. 
 
Recentemente, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) relatou que a desnutrição em nível global, após anos de declínio, aumentou de 2015 para 2016, devido às crises econômicas e políticas que ocorreram em muitos países em desenvolvimento. O impacto de desacelerações econômicas na segurança alimentar sugere, segundo o artigo, uma ameaça à segurança alimentar no Brasil, já que, desde 2014, o país enfrenta uma grande crise econômica junto com a instabilidade política, pois, em 2016, houve um impeachment presidencial no Brasil, que juntamente com muitas revelações de corrupção comprometeram a estabilidade política do país. “Essa crise levou ao agravamento de muitos indicadores sociais, como renda e desemprego, que afetaram 12% da população em 2016.”
 
Outro fator ressaltado pelo artigo foi a inflação que levou a aumentos nos preços dos alimentos, afetando principalmente os alimentos básicos (arroz, feijão), legumes, frutas e carne. “Como resultado, o governo brasileiro respondeu com medidas de austeridade, o que levou à redução do financiamento para muitas políticas de segurança social e alimentar. Além disso, as projeções de longo prazo não são otimistas, com os principais economistas prevendo a recuperação econômica somente após 2020.”
 
Por fim, o artigo explicita que, embora a literatura atual se refira a um declínio orçamentário nos programas de segurança alimentar, eles provavelmente persistem por causa da legislação anteriormente alcançada. “Do ponto de vista político, esses achados do estudo ressaltam a necessidade de políticas públicas de emergência para deter a deterioração da segurança alimentar no Brasil e garantir o acesso à alimentação, especialmente para os mais vulneráveis”, alertam os pesquisadores. Além disso, acrescentam, essa pesquisa indica que essas políticas devem prestar atenção especial ao aumento da geração de renda, melhorando o acesso à educação e fomentando o apoio social, a fim de promover e proteger a segurança alimentar.
 
Para ler o artigo A segurança alimentar em tempos de crise financeira e política no Brasil na íntegra, clique aqui.
 
 

Fonte: Artigo CSP
Seções Relacionadas:
Artigos Cadernos de Saúde Pública

Nenhum comentário para: Crise financeira afeta segurança alimentar dos mais pobres, afirma artigo publicado no CSP