Busca do site
menu

'EUA é um barco angustiante', disse José Luís Fiori

ícone facebook
Publicado em:10/04/2019
“Com a atual conjuntura política internacional, olhamos para os Estados Unidos e temos uma sensação de superpoder; encontra-se um barco à nossa frente; no entanto, é angustiante”. Com essas palavras, o coordenador do grupo de pesquisa O poder global e a geopolítica do capitalismo (SNPQ/Uerj) e do laboratório Ética e Poder Global (PPGBIOS e Pepi/Uerj), José Luís Fiori, discorreu sobre a Geopolítica Internacional – a nova estratégia americana.
 
'EUA é um barco angustiante', disse José Luís Fiori
 
Ainda na abertura, o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Hermano Castro, estendeu o agradecimento a Fiori, destacando a plateia, que contou com o ex-diretor da ENSP Antônio Ivo de Carvalho, a pesquisadora da Escola e diretora do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), Lucia Souto, e pesquisadores e chefes de departamentos da ENSP, Fiocruz e Cebes. Outrossim, reforçou o lançamento da edição especial Crise atual do capitalismo, desigualdade e o impacto na saúdea ((vol.42 - especial 3), da revista Saúde em Debate, desenvolvida em parceria com a ENSP, e publicada em 2018, na qual José Luís Fiori é autor do artigo opinião Geopolítica internacional: a nova estratégia imperial dos Estados Unidos*.
 
A nova estratégia americana
 
Segundo Fiori, a sensação é de “ruptura, de descontinuidade, do inesperado a cada manhã” ao ler os noticiários das agências de notícias internacionais. As mudanças adotadas por Donald Trump, quando assumiu a Presidência da maior potência econômica, política, militar e tecnológica foram altamente severas. Todavia, não diferente do que, outrora, fora anunciado no documento A nova estratégia americana, lançado em 2017, antes mesmo de completar um ano à frente dos EUA.
 
Em artigo de Fiori publicado no Jornal do Brasil, em março de 2018, ele se referia ao tal documento, dizendo “(...) todos os governos americanos fazem o mesmo, mas engana-se quem pensa que se trata apenas de uma obrigação burocrática, porque, atrás de sua aparência convencional, o novo texto esconde uma ruptura revolucionária que transcende a figura errática do presidente Donald Trump”.
 
No documento, é acentuado o interesse dos Estados Unidos naquele momento político, a saber: proteger o povo americano e seu modo de vida; promover a prosperidade econômica e a liderança tecnológica americana; preservar a paz mundial por meio da força; avançar a influência global dos EUA. Assim como identifica os principais inimigos e concorrentes dos EUA, a Rússia e a China, que se propõem a modificar a “ordem mundial”, liderada pelos EUA; a Coreia e o Irã, que se propõem a alterar o equilíbrio geopolítico de suas regiões; e, finalmente, o “terrorismo jihadista” e toda a “organização criminosa internacional” ligada ao tráfico de drogas e armas.
 
Fiori finalizou o artigo apontanto que “o problema é que, para que ocorra essa mudança, as demais potências terão que seguir a mesma cartilha dos americanos; e esse é um caminho que aponta, inevitavelmente, para um horizonte de ‘guerra infinita’.”
 
A regra do jogo
 
"Trump traz em contraste a 'novidade velha' da política: tudo é arbitrário da guerra. Os interesses são cada vez maiores; evidenciam um projeto de revalorização do interesse nacional, nossos valores vencerão. Cada um com sua cultura, seu valores etc., e eu (EUA) trabalho em função dos meus interesses”, explicou Fiori. 
 
Prosseguindo, o palestrante analisou a estratégia usada por Trump: "a regra é, manda quem estiver na ponta; eu vou estar na ponta de tudo. Tudo isso é efeito da crise de 2008. A resposta econômica foi dada no fim do governo Bush e nos governos Obama. Com o atual presidente, há quem diga que nada mudou", observou Fiori, dizendo ainda que “o que mudou, mudou numa só direção; principalmente, no que se refere à recentralização do poder do Estado americano sobre a circulação de moeda no mundo – de todo tipo. Inclusive, concentrando o fechamento diário do mercado de moedas.”
 
Fiori salientou que, no governo Trump, não há utopia, um horizonte esperançoso. Todavia, ocorre a troca desse entimento ilusório pela violência. É uma estratégia nova, mas o caminho é o mesmo: a guerra de poder. 

*Por Edigley Duarte, sob a supervisão de Isabela Schincariol.
 
*Edigley Duarte da Costa é estagiário de jornalismo da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP. Isabela Schincariol é jornalista da Coordenação de Comunicação Institucional da ENSP.

 


Seções Relacionadas:
Fique por Dentro Vídeos

Nenhum comentário para: 'EUA é um barco angustiante', disse José Luís Fiori