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Artigos do 'CSP' tratam da cobertura vacinal e da hesitação em vacinar

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Publicado em:26/09/2018
Artigos do 'CSP' tratam da cobertura vacinal e da hesitação em vacinarDois artigos do Cadernos de Saúde Pública trazem como tema a vacina. Um deles avaliou as coberturas de crianças de 12 a 24 meses de idade, de Araraquara, São Paulo; e o outro trata da hesitação em vacinar como uma tendência crescente, associada ao ressurgimento das doenças imunopreveníveis. 
 
A vacinação é uma das intervenções mais custo-efetivas e de maior impacto na ocorrência de doenças infecciosas. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) brasileiro, criado em 1973, oferece, atualmente, acesso universal e gratuito para 44 imunobiológicos, incluindo 19 vacinas no calendário de rotina, para todas as faixas etárias em aproximadamente 34 mil salas de vacinação, e promove, anualmente, campanhas de vacinação contra influenza.
 
Nas últimas décadas, houve um grande aumento da complexidade do programa, com introdução de diversas vacinas no calendário de rotina em um curto período. Esse rápido desenvolvimento do programa traz novos desafios, como atingir e manter altas coberturas vacinais, mesmo em locais onde as doenças imunopreveníveis já estão controladas.
 
No artigo Avaliação de coberturas vacinais de crianças em uma cidade brasileira de médio porte utilizando registro informatizado de imunização, de autoria de  Vinicius Leati de Rossi Ferreira, Eliseu Alves Waldman, Laura Cunha Rodrigues, Edmar Martineli,  Ângela Aparecida Costa, Marta Inenami e Ana Paula Sayuri Sato, foram analisadas as séries temporais de coberturas vacinais oportunas e atualizadas de crianças de 12 a 24 meses de idade, no período de 1998 a 2013, no município de Araraquara, São Paulo.
 
O município, localizado na região central do Estado de São Paulo, apresenta Índice de Desenvolvimento Humano de 0,815. Com cerca de 210 mil habitantes, sendo 97,2% de sua população urbana, e, aproximadamente, 3 mil nascidos vivos por ano, em 2011, apresentou taxa de natalidade de 12,24 por mil habitantes, taxa de mortalidade infantil de 11,64 por mil nascidos vivos, 87,3% das mães tiveram sete ou mais consultas de pré-natal, 78,9% de partos cesáreos, 9,4% de nascimentos de baixo peso e 9,3% de gestações pré-termo, segundo o Datasus. O município tem um programa de vacinação bem-sucedido e conta com altas coberturas vacinais de forma que as doenças imunopreveníveis estão controladas desde a década de 1990, informa a pesquisa.
 
Das 49.741 crianças incluídas no estudo, foram observadas coberturas oportunas do período de 62,1% aos 12 meses, e 43,6% aos 24 meses, ambas com tendência estacionária, e coberturas atualizadas de 84,5% aos 12 meses, e 78,3% aos 24 meses.
 
De acordo com o artigo, os resultados encontrados ressaltam a importância da avaliação da validade das doses, da oportunidade de vacinação e do esquema completo como subsídio para o aprimoramento das estratégias de vacinação, assim como a necessidade da implementação de um sistema nacional de informação sobre imunização no Brasil de forma consistente, a fim de se obter coberturas cada vez mais acuradas em nível nacional, identificar vulnerabilidades e estabelecer ações para intervenções.
 
O outro artigo do CSP, Confiança nas vacinas e hesitação em vacinar no Brasil, de Amy Louise Brown, Marcelo Sperandio, Cecília P. Turssi, Rodrigo MA Leite, Victor Ferro Berton, Regina M. Succi, Heidi Larson e Marcelo Henrique Napimoga, teve como objetivo avaliar a confiança nas vacinas e a hesitação em vacinar no Brasil, como parte de um projeto mais amplo para mapear uma confiança em vacinas em nível global. 
 
Apesar de ser uma questão de imunização, a hesitação em vacinar é uma tendência crescente que tem sido associada ao ressurgimento das doenças imunopreveníveis, conforme relatam os autores da pesquisa. “Este é um motivo sério de preocupação, uma vez que tem sido associado ao ressurgimento de doenças evitáveis ​​por vacinação, como o sarampo, nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, a cobertura vacinal contra sarampo, caxumba e rubéola vem caindo constantemente desde 2013, causando preocupações de que bolsões de pessoas não imunizadas podem estar crescendo em todo o país, trazendo o risco de novos surtos de doenças evitáveis ​​por vacinação.” Nesse contexto, é mais importante do que nunca entender melhor a dinâmica da confiança das vacinas no Brasil, alertam eles.
 
Para a pesquisa, foram entrevistadas 1.000 pessoas, diretamente ou virtualmente, utilizando um aplicativo de tradução para as vacinas e a vacinação. As perguntas resultaram em informações sobre o comportamento em relação à vacinação, as avaliações sobre a vacinação e a utilidade em saúde e hesitação em vacinar. Os motivos da hesitação foram classificados em relação à confiança. Conveniência e / ou acomodação foram analisadas como características sociodemográficas. 
 
Segundo o artigo, a taxa geral de hesitação foi de 16,5%, ou seja, 76 pessoas relataram hesitação em vacinar. Os motivos mais altos da hesitação são a adversidade (41,4%), a liquidação / segurança da vacina (25,5%) e as dificuldades nos acontecimentos (23,6%). “Uma análise sociodemográfica mostrou que a hesitação em vacinar estava associada ao estado civil, escolaridade e renda.”
 
No geral, dizem os pesquisadores, a confiança na imunização foi maior do que a confiança nos serviços de planejamento familiar, nos agentes comunitários de saúde e nos serviços de emergência do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, acrescentam eles, apesar de uma correlação estatisticamente significativa entre a confiança na imunização e essas outras variáveis, o aumento dos níveis de confiança nos serviços de planejamento familiar, os agentes comunitários de saúde e os serviços de emergência do SUS foram apenas fracamente associados ao aumento da confiança na imunização.
 
O artigo conclui que ambas as extremidades do espectro socioeconômico são um pouco hesitantes em relação às vacinas, mas possivelmente por diferentes razões. Da mesma forma, a prevalência de respostas “vacinais não necessárias” entre os entrevistados hesitantes sugere um grau de complacência misturado com possíveis problemas de confiança. 
 
A pesquisa ressalta, ainda, que, dada a natureza dinâmica e mutável da hesitação das vacinas, a importância do monitoramento contínuo não deve ser subestimada, pois estudos que mostram baixas taxas de hesitação em um ano podem ter um resultado diferente um ano depois, o que enfatiza a importância de monitorar tendências. 
 
Os artigos foram publicados no Cadernos de Saúde Pública de setembro de 2018.
 
 

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