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Infância e longevidade: tema da revista 'Ciência & Saúde Coletiva' de abril

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Publicado em:26/04/2018
Infância e longevidade: tema da revista 'Ciência & Saúde Coletiva' de abrilA revista Ciência & Saúde Coletiva (vol.23 n.4), de abril de 2018, traz como tema principal Infância e longevidade: vulnerabilidades, continuidades e descontinuidades. O editorial da publicação considera que o intenso e rápido crescimento e desenvolvimento do ser humano na infância e adolescência está inexoravelmente relacionado ao processo de envelhecimento com seu próprio ritmo em relação aos processos cognitivos, à necessidade de manter atividades físicas e cerebrais mais precoces e, ao mesmo tempo, às declínio de algumas funções. A chefe do Departamento de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli da ENSP, pesquisadora Simone Gonçalves de Assis, acredita que aspectos do ambiente social são fundamentais para apoiar o reajuste do estilo de vida a partir de uma perspectiva comunitária, mas também os caminhos e decisões individuais mudam as diretrizes de vida em resposta aos desafios do ambiente social. "O conceito recente de plasticidade epigenética levanta a possibilidade de que mudanças no nível celular possam ser reversíveis quando o indivíduo é exposto a um ambiente positivo, produzindo transformações que melhoram tanto as condições de vida quanto o ambiente social."
 
Esse número temático da revista reúne artigos sobre amamentação, gravidez, aborto, religiosidade, consumo de bebidas alcoólicas, ideação suicida, depressão e cuidado com a saúde. Os artigos apontam fragilidades e potencialidades das extremidades da vida que precisam ser vistas como um processo contínuo e descontínuo, individual e social.
 
O artigo Experiência de gravidez e aborto em crianças, adolescentes e jovens em situação de rua, dos pesquisadores Lucas Neiva-Silva, Lauro Miranda Demenech, Laísa Rodrigues Moreira, Adriano Trassantes Oliveira e Simone dos Santos Paludo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; e Fernanda Torres de Carvalho, da Secretaria Estadual de Saúde do RS, trata da prevalência de experiência de gravidez e aborto e os fatores associados em crianças, adolescentes e jovens em situação de rua, das cidades de Porto Alegre e Rio Grande do Sul. A maioria dos participantes foi do sexo masculino, sem vínculos com escola e com a família. Quase metade estava há cinco anos ou mais na rua, permanecendo mais de 15 horas diárias nela. A prevalência de experiência de gravidez foi de 29,3%, estando independentemente associada com ser do sexo feminino, ter mais de 10 parceiros sexuais no último ano, ter parceiro sexual fixo no último ano e ter mais idade. A prevalência de experiência de aborto foi de 10,4%, estando associado com não morar com a família, ter duas ou mais gravidezes e ter menos idade. A alta prevalência de experiência de gravidez e aborto aponta para a necessidade de melhores políticas de saúde sexual e reprodutiva específicas para esta população.
 
No artigo Violência sexual contra crianças: autores, vítimas e consequências, de autoria de Vanessa Borges Platt , Isabela de Carlos Back, Daniela Barbieri Hauschild, e Jucélia Maria Guedert, da Universidade Federal de Santa Catarina, o objetivo foi identificar características do abuso sexual contra crianças, como perfil da vítima, do autor da agressão e fatores associados, notificadas em um serviço de referência, utilizando o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, em todos os casos suspeitos ou confirmados de abuso sexual infantil, de 2008 a 2014, em Florianópolis/SC. Houve 489 notificações, predominando vítimas do sexo feminino, maior recorrência no masculino e ocorrendo em residências. Estupro foi duas vezes mais frequente no sexo feminino e em mais da metade dos casos o autor era homem conhecido da vítima. Doze vítimas contraíram infecções sexualmente transmissíveis, houve seis gestações, cinco delas interrompidas legalmente. Mesmo sendo inédito para a região estudada, se observou características semelhantes às encontradas em outros estudos brasileiros, mostrando ser possível ações coordenadas nacionalmente para prevenir esse agravo.
 
Fatores associados ao baixo peso em idosos comunitários de sete cidades brasileiras: Estudo FIBRA é o artigo de Daniela de Assumpção, Flávia Silva Arbex Borim, Priscila Maria Stolses Bergamo Francisco e Anita Liberalesso Neri, da Universidade Estadual de Campinas. O objetivo deles foi estimar a prevalência de baixo peso em idosos segundo variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamentos relacionados à saúde, morbidades e estado de saúde. Trata-se de estudo transversal, multicêntrico, que envolveu 3.478 idosos da comunidade (≥ 65 anos). O Índice de Massa Corporal (IMC) foi calculado com informações aferidas de peso e altura. A variável dependente foi o baixo peso, classificada pelo IMC < 22kg/m2. Foram estimadas razões de prevalência ajustadas por meio de regressão múltipla de Poisson. A média de idade foi de 72,9 anos e a prevalência de baixo peso atingiu 12,0% dos indivíduos. Verificaram-se prevalências mais elevadas de baixo peso nos idosos com idade ≥ 80 anos, nos ex-fumantes e fumantes, naqueles que apresentaram perda de apetite e nos classificados como pré-frágeis ou frágeis. Menores prevalências de baixo peso foram observadas nos indivíduos que relataram ter recebido diagnóstico médico de hipertensão, de diabetes e de reumatismo. Os resultados indicam a importância de avaliar e monitorar o estado nutricional dos idosos, com ênfase nos subgrupos mais vulneráveis, em particular nos frágeis, levando em conta as consequências do baixo peso para o estado de saúde.
 
Já no artigo Internação e mortalidade por quedas em idosos no Brasil: análise de tendência, Débora Regina de Oliveira Moura Abreu, Elisiane Soares Novaes,  Rosana Rosseto de Oliveira, Thais Aidar de Freitas Mathias e Sonia Silva Marcon, da Universidade Estadual de Maringá, analisaram a tendência da morbimortalidade por quedas em idosos, no Brasil, no período de 1996 a 2012. Estudo ecológico da tendência das taxas de internação e de mortalidade por quedas em idosos segundo sexo, por regiões brasileiras e capitais dos estados, com dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-SUS) e do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). As análises de tendência foram realizadas segundo modelos de regressão polinomial. As taxas de mortalidade aumentaram em todas regiões e nas capitais dos estados, para as internações houve variação da tendência das taxas nas regiões e nas capitais do país. As taxas variaram de 2,58 a 41,37 internações por 10.000 idosos em 1996 e 2012, respectivamente, e as taxas de mortalidade aumentaram de 1,25, em 1996, a 3,75, em 2012, por 10.000 idosos. Em todo o período, as maiores taxas de mortalidade foram observadas para o sexo masculino. Houve aumento das taxas de mortalidade e de internação por quedas em idosos no Brasil, com variações em relação ao sexo, e também segundo Estado de residência. Os resultados desse estudo, além de monitorar o agravo no tempo, podem auxiliar ao planejamento de recursos tecnológicos e humanos para prevenção e controle deste agravo.
 
Todos os artigos da revista Ciência e Saúde Coletiva (vol.23 n.4) podem ser acessados aqui.

Fonte: Revista Ciência e Saúde Coletiva
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