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Gestor da OMS reconhece importância do Brasil no monitoramento das estratégias da indústria do tabaco

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Publicado em:16/01/2018
Em 2016, o Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Cetab/ENSP/Fiocruz), em colaboração com o Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT/OMS), lançou o Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco. A plataforma foi criada para atender o que preconiza o Artigo 5 da CQCT/OMS, que dispõe sobre o monitoramento de como a indústria de tabaco age para comprometer as ações pró-controle de tabaco no Brasil.
 
No final de 2017, Tibor Szilagyi, líder da equipe de relatórios e gestão do conhecimento do Secretariado (Framework Convention on Tobacco Control - WHO FCTC), esteve no Brasil para conhecer as instalações e a equipe do Observatório do Cetab/ENSP. No curto período em que esteve no país, o gestor da OMS concedeu entrevista ao boletim do Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco e destacou a importância da criação desse tipo de plataforma a nível mundial. Além disso, elogiou a atuação do Cetab/ENSP, disse ser fundamental monitorar os passos da indústria e comentou as novas frentes de trabalho do Secretariado. Confira.
 
O Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco é uma ferramenta útil e versátil para demonstrar as práticas da indústria. De que modo essa plataforma atende o que preconiza as diretrizes do artigo 5.3 da CQCT?
 
Gestor da OMS reconhece importância do Brasil no monitoramento das estratégias da indústria do tabacoTibor Szilagyi: Em primeiro lugar, é um prazer visitá-los. Ótima ocasião para examinar os progressos no monitoramento da indústria do tabaco que vocês tiveram aqui no Brasil. No que diz respeito à Convenção Quadro (CQCT), sabemos ser a indústria do tabaco uma das barreiras mais importantes para implementação do tratado. E isso é o que as Partes da Convenção nos informam, isto é, ainda estão muito preocupadas com as atividades da indústria, principalmente pelas táticas adotadas. Ela tenta desviar, atrasar e diluir qualquer ação orientada para o controle do tabagismo. Então, nós, que atuamos no controle do tabaco, precisamos fazer algo a respeito.
 
A CQCT nos fornece instrumentos sobre como agir contra a indústria do tabaco e criou diretrizes, que estão sendo adotadas pela Conferência das Partes, para implementação do artigo 5.3, o qual dispõe sobre a proteção de políticas públicas de saúde contra os interesses comerciais e outros interesses da indústria do tabaco.
 
Qual é a importância dos Observatórios diante desse contexto?
 
Tibor Szilagyi: Temos ciência do que precisamos fazer. No entanto, para agirmos corretamente, devemos ter conhecimento de como a indústria do tabaco (IT) está atuando. E, por essa razão, os Observatórios – que estão sendo promovidos pelo Secretariado – são importantes. E o Brasil é um excelente exemplo de como essa ferramenta pode e precisa funcionar.
 
O Observatório brasileiro foi o primeiro estabelecido pelo Secretariado da FCTC. Então, vocês são líderes não só no controle do tabaco, mas também nos esforços de monitorar a indústria do fumo.
 
Precisamos saber o que a IT está fazendo e como se comporta. Devemos monitorar o modo de promover suas posições, a forma que utilizam para pressionar os tomadores de decisão, além de sermos informados a respeito da criação de novos mercados para seus produtos e como lançam novos produtos de tabaco na sociedade. Tudo isso precisa de acompanhamento e pesquisas regulares pelo Observatório.
 
Qual é a importância de o Observatório brasileiro estar hospedado em uma instituição de ensino e pesquisa reconhecida mundialmente como a ENSP/Fiocruz?
 
Tibor Szilagyi: O Observatório está muito bem situado na Fiocruz, um instituto de pesquisa, ciência e tecnologia. Por isso, há outra área específica sobre pesquisa, vigilância e intercâmbio de informação, presentes no artigo 20 da CQCT, que o Observatório cumpre muito bem. É exatamente o que vocês estão fazendo: conduzem pesquisas acerca do que a indústria faz, trocam informações com tomadores de decisão e demais partes interessadas em promover o controle do tabaco no país. Outros países estão seguindo vocês, como Sri Lanka e África do Sul, que estabeleceram Observatórios de acordo com as mesmas prioridades, experiências e práticas. E há outros países que seguirão em breve: o Egito e a Federação Russa acabaram de anunciar que gostariam de estabelecer Observatórios.
 
Portanto, a experiência do Brasil não só promoverá o controle mais forte do tabaco em território nacional, como também é um exemplo muito bom de como outras Partes da Convenção devem avançar para a implementação mais forte do artigo 5.3. Isso deve dar-lhes poder de investir mais neste trabalho, tendo em vista continuar o que vocês estão fazendo, fortalecer o monitoramento, divulgar suas informações dentro do país, da região e globalmente para as Partes da Convenção em sua totalidade, de forma que todos que a tenham ratificado se beneficiem disso.
Gestor da OMS reconhece importância do Brasil no monitoramento das estratégias da indústria do tabaco
 
Quais são os próximos passos da FCTC nas ações de controle do tabaco?
 
Tibor Szilagyi: Como já é do conhecimento, agora temos outro tratado, o Protocolo sobre o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco. A indústria está muito empenhada em entrar nesse processo, pois querem demonstrar que são um dos interessados na luta contra o comércio ilícito de produtos de tabaco. Vocês precisam nos mostrar se tal esforço da indústria é real ou apenas outra iniciativa para criar uma imagem de bons cidadãos promovendo ações ilícitas na área comercial.

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