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Experiências Brasil - Cuba e formação em saúde pública na graduação pautaram Colóquio Latino-Americano

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Publicado em:19/05/2017
*Por Talita Rodrigues e Julia Neves

Experiências Brasil - Cuba e formação em saúde pública na graduação pautaram Colóquio Latino-AmericanoNo segundo dia do I Colóquio Latino-Americano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação em Saúde Pública, o painel Experiências na Formação de Formadores no Brasil e em Cuba contou com a presença de Lázaro Díaz e Carlos Raúl del Pozo, da Escola Nacional de Saúde Pública de Cuba (Ensap); Ronaldo Travassos, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz); Frederico Peres, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz); Antonio Rodríguez, da Faculdade de Tecnologia da Saúde de Havana (Fatesa/Cuba); Adolfo Alvarez Pérez, do Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia e Microbilogia (Inhem/Cuba) e Waldo Díaz, do Instituto Nacional de Saúde dos Trabalhadores de Cuba (Insat).

Carlos Raúl del Pozo abordou a importância de uma formação de formadores que garanta a qualidade desses profissionais, visando também garantir a qualidade do capital humano em saúde e dos recursos que influenciam a qualidade dos sistemas de saúde. “Garantir também a proteção da saúde da população, que é o objetivo supremo da saúde pública. Por isso, pensamos que é tão imprescindível profissionalizar os formadores”, disse Del Pozo. Lázaro Díaz falou sobre os problemas que os formadores em saúde pública encontram em sua prática profissional, que, segundo ele, dependem do contexto e do momento histórico em que vivem. “Os mais comuns são a insuficiente utilização do nível de análise populacional em saúde e a inadequada gestão integrada dos processos acadêmicos em função da proteção da saúde da população”, observou.

Ronaldo Travassos ressaltou os fundamentos que nortearam a formação de formadores na EPSJV e mostrou a experiência do Programa de Qualificação em Educação Popular em Saúde II (Edpopsus II), que busca favorecer a atuação dos trabalhadores nos processos de conquista de direitos à saúde da população e no fortalecimento da participação social. “A formação de formadores ocorreu de acordo com o material didático do curso, que foi pensado e construído coletivamente por meio de oficinas”, explicou.

Antonio Rodríguez trouxe a experiência do projeto ”Alumno Ayudante”, que, de acordo com ele, tem o objetivo de apoiar o desenvolvimento do processo docente educativo e fazer com que esses estudantes adquiram, de forma acelerada, habilidades como docentes.

Frederico Peres relatou a experiência da ENSP na formação de formadores. Segundo ele, nos anos de 1980, a escola deu uma forte contribuição para a construção do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro e apoio nas políticas de saúde que estavam sendo criadas. Com isso, a ENSP se envolveu na formação de um sistema de ciência e tecnologia e na formação de líderes e profissionais de saúde para questionar o sistema de saúde que estava sendo criado no marco da Reforma Sanitária. “Naquele momento, alguns cursos e programas de formação passaram a investir na formação docente. Por isso, temos priorizado, a partir dos anos de 1980, a formação de líderes de formação de formadores, tanto em nível nacional para nosso sistema de saúde,como para apoiar o desenvolvimento de sistemas de saúde da América Latina”, afirmou, destacando, ainda, o trabalho de  construção das redes de escolas de saúde publica e, por meio delas, a possibilidade de organizar a capacidade formativa dessas escolas.

Adolfo Pérez apontou a necessidade dos formadores serem capazes de ensinar os alunos a integrar os diversos saberes que permitem revelar as condições específicas em que se produz e reproduz socialmente a saúde. “É preciso também tornar visíveis as diferenças presentes no quadro de saúde para uma tomada de decisões mais justa, em benefício de uma saúde melhor para nossas populações”, disse Pérez.

Waldo Díaz destacou que a formação de formadores é um tema da saúde dos trabalhadores que tem necessidades e desafios: “Os estudantes desse campo do saber devem dispor de um docente que lhes facilite a incorporação e a integração dos conceitos que orientam ou predominam em suas práxis, como o enfoque articulador da clínica, epidemiologia e saúde pública”, concluiu.

Confira, nos vídeos a seguir, as apresentações do painel 3.



Formação em Saúde Pública na graduação

A formação em Saúde Pública na graduação: experiências no Brasil e Cuba foi o tema do segundo painel do dia 9 de maio, durante o I Colóquio Latino-Americano de formação em Saúde Pública e III Colóquio Brasil-Cuba de formação em Saúde Pública. Carlos Raúl del Pozo, da Escuela Nacional de Salud Pública (Ensap) de Cuba; e Ahindris Calzadilla, do Instituto Nacional de Higiene, Epidemiologia y Microbiologia (Inhem) de Cuba, falaram sobre a formação médica nas instituições cubanas. O país reúne 13 universidades de ciências médicas que, até 2015, formaram quase 152 mil médicos, sendo 39 mil de outros 121 países. Atualmente, 60 mil estudantes, incluindo nove mil estrangeiros estão cursando Medicina em Cuba. Segundo Carlos Raúl, a formação médica em Cuba tem característica científica, tecnologia e humanista e busca promover e desenvolver a formação contínua dos profissionais. A formação é feita em seis anos, de forma integral, multi, inter e transdisciplinar.  

Eles destacaram que, em Cuba, não existe medicina privada, e, desde 1984, funciona, no país, o Programa de Médico e da Enfermagem da Família. Ahindris falou sobre o contexto da formação médica em Cuba, de acordo com os princípios do sistema de saúde cubano, que é gratuito e universal, e sobre o processo formativo da formação médica no país.

Laura Feuerwerker, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP); e Maria de Lourdes Cavalcanti, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destacaram que o modo de formar médicos em Cuba é bem semelhante ao brasileiro do ponto de vista técnico-científico, o que se diferencia é o perfil dos profissionais brasileiros e o contexto em que os estudantes são formados.

Laura falou sobre a experiência da formação em Saúde Pública na USP, destacando que a formação em saúde pública no Brasil é longa e demorada, e, como o Brasil tem dois sistemas de saúde, a formação também é um lugar de disputa. “E esses profissionais estão se formando em um cenário político difícil de enfrentamento e desmonte do SUS”, disse a professora, acrescentando que o curso oferecido pela USP tem atividades práticas durante toda a formação, fazendo aproximações com os diferentes grupos de saúde. “Os alunos da Saúde Pública tem um perfil bem diferente da Medicina, são estudantes mais pobres e mais mobilizados socialmente. Ensinar para quem está interessado é muito melhor. Formamos pessoas com potencial de produção de novidade em composição com os demais trabalhadores da saúde”, ressaltou Laura.

Maria de Lourdes disse que o curso do IESC foi criado em 2009, em um momento que a formação em Saúde Coletiva estava mais voltada para as especialidades. “Naquele momento, diziam que não tinha mais espaço para os generalistas, mas vimos que tinha espaço e demanda para esse profissional”, observou a professora.

Confira, nos vídeos a seguir, as apresentações do painel 4.

*Talita Rodrigues e Julia Neves são jornalistas da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz).

 



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