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'Estamos distantes do sonhado controle da tuberculose no Rio', aponta pesquisa da ENSP

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Publicado em:09/12/2016
'Estamos distantes do sonhado controle da tuberculose no Rio', aponta pesquisa da ENSPA tuberculose (TB) é um grave problema de saúde na cidade do Rio de Janeiro. A Zona Sul da cidade é uma região de grandes contrastes sociais, onde bairros com ótimos indicadores sociais são vizinhos de bolsões de pobreza. Com o objetivo de analisar a distribuição espacial dos casos de abandono do tratamento para tuberculose em relação às condições socioeconômicas nos diferentes setores censitários da região, no período de 2009 a 2013, a aluna do mestrado profissional em Epidemiologia em Saúde Pública da ENSP, Patricia Canto Ribeiro, desenvolveu sua dissertação sobre o tema sob orientação do pesquisador Hermano Albuquerque de Castro. “Apesar da expansão da Estratégia de Saúde da Família, ainda estamos distantes do sonhado controle da tuberculose, indicando que, apenas investimentos em saúde, ainda que essenciais, não são suficientes para o controle da doença. Por meio desse estudo, foi possível demonstrar a clara associação espacial do abandono com precárias condições socioeconômicas da população e a localização das regiões de maior risco. O conhecimento dessas regiões é de suma importância para ações direcionadas e mais efetivas no controle da doença. As áreas de maior abandono apontadas são as comunidades, em especial a Rocinha” disse. Para ela, enquanto não houver políticas públicas de inclusão social e reais melhorias das condições de vida da população, não haverá sucesso no controle da tuberculose. “A informação espacial pode contribuir para direcionar as estratégias políticas de combate às iniquidades regionais e territoriais”, acrescentou.
 
O estudo comprovou a relação entre maiores taxas de abandono e condições de vulnerabilidade socioeconômica. Houve redução significativa da taxa de abandono entre os anos de 2009 e 2013, que também foram anos de expansão acentuada da Estratégia de Saúde da Família, que ainda não foi suficiente para alcançar a meta de 5% de abandono. Por meio desse estudo, foi possível mapear as áreas de maior concentração de casos, o que pode influenciar diretamente ações específicas e mais efetivas de combate à doença nessas áreas, bem como facilitar o monitoramento, controle e avaliação dos casos.
 
Entre os objetivos da pesquisa, também esteve o de descrever a distribuição geográfica dos casos novos de tuberculose na Zona Sul do Rio de Janeiro, no período de 2009 a 2013, e os casos de abandono de tratamento da tuberculose, no mesmo período. Para tal, foi realizado um estudo espacial ecológico, com georrefenciamento dos casos novos e dos casos de abandono, utilizando-se a base de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Encontrado o total de 3.396 casos novos e 316 abandonos, com predomínio de adultos jovens, do sexo masculino e da forma clínica pulmonar.
 
Ainda segundo a pesquisa, as variáveis relacionadas ao abandono foram sexo masculino, alcoolismo, coinfecção TB/HIV e Aids. O tratamento diretamente observado (TDO) não influenciou o desfecho abandono de forma estatisticamente significativa. O número de equipes da ESF passou de 10 para 53, nos cinco anos de estudo. Nesse período, houve queda na taxa de abandono de 11,4%, em 2009, para 6,8%, em 2013. Quanto à análise espacial, o georreferenciamento dos casos novos mostrou zonas quentes em áreas que se repetiram ao longo dos anos, especialmente nos aglomerados subnormais. Os abandonos seguem o mesmo perfil de distribuição espacial, com destaque para as comunidades da Rocinha e Vidigal. 
 
Sobre a autora
 
'Estamos distantes do sonhado controle da tuberculose no Rio', aponta pesquisa da ENSPPatricia Canto Ribeiro é graduada em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1994), com residência em pneumologia e tisiologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (1998), além de ter pós-graduação em medicina do trabalho pela UniRio (1998) e especialização em gestão na Estratégia de Saúde da Família pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2010). Atualmente, atua como pneumologista do Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ Fiocruz) e da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.

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