Ladep: aprimoramento do diagnóstico na tentativa de diminuir o risco de transmissão da tuberculose
Publicado em:22/07/2016
Com cerca de 140 casos/ano e taxa de incidência de 250 casos por 100 mil habitantes, a tuberculose é um retrato da vulnerabilidade social em Manguinhos. Na tentativa de aprimorar o diagnóstico e contribuir para redução dos elevados índices da doença na região, o Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF/ENSP/Fiocruz) iniciou, nesta quinta-feira (21/7), as atividades relativas ao diagnóstico laboratorial bacteriológico da tuberculose. O espaço destinado à realização dos exames está situado no Laboratório de Diagnóstico, Ensino e Pesquisa do CSEGSF (Ladep), que passou por uma grande reestruturação a fim de atender às normas de biossegurança. Para esclarecer as vantagens do laboratório, saber como ocorreu seu processo de reestruturação e ressaltar a importância de aliar assistência, ensino e pesquisa, o Informe ENSP conversou com Mônica Kramer, pesquisadora do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, e Dayse Ferreira, responsável-técnica do Ladep, momentos antes da inauguração do espaço. Confira.
Informe ENSP: A região de Manguinhos é reconhecida pelos elevados índices de tuberculose. Explique como as atividades laboratoriais para diagnóstico da TB podem auxiliar a detecção precoce e até mesmo melhorar a adesão do paciente ao tratamento?
Mônica Kramer: A tuberculose é uma doença de alta prevalência aqui em Manguinhos. Com cerca de 140 casos/ano e taxa de incidência de 250 casos por 100 mil habitantes, é a segunda doença infectocontagiosa mais prevalente na região. Essa realidade traz a necessidade de aprimorar o diagnóstico laboratorial local para a detecção mais precoce e, com isso, diminuir o risco de transmissão da doença na comunidade. O resultado do exame de baciloscopia será liberado no máximo em 24h, com a elaboração de um fluxo operacional para que o médico assistente fique ciente do resultado no mesmo dia, e o tratamento seja instituído no máximo em 48h. Anteriormente, os exames eram realizados em um laboratório municipal de referência, e os resultados obtidos em torno de sete dias. Além disso, faremos também cultura para Mtb e identificação de espécie em todo o material respiratório coletado. Hoje, temos um ótimo local, com pessoas capacitadas e equipamentos adequados para realização dos exames.
Informe ENSP: Quais tipos de análise o Ladep realiza? Como o Laboratório se preparou para oferecer o exame?
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Dayse Figueira: Temos a missão de oferecer o apoio diagnóstico à população da área territorial de Manguinhos atendidos pela Estratégia de Saúde da Família, Centro Saúde Escola Germano Sinval Farias (CSEGSF) e Clínica da Família Vitor Valla (CVV) e todos aqueles outros também cadastrados no CSEGSF, bem como promover o ensino e colaborar com os programas de pesquisa desenvolvidos pelo CSEGSF. Já atuávamos nos setores de hematologia, urinálise, parasitologia, bioquímica, e, agora, atuaremos nesse novo setor de micobacteriologia.Em relação ao nosso preparo, anos atrás, em gestões anteriores do CSEGSF e do próprio Laboratório, somente o exame de baciloscopia era realizado aqui. Porém, o Laboratório precisou fazer adequações em suas instalações, assim como o CSEGSF, na intenção de assegurar todas as normas de biossegurança para seu bom funcionamento. Esbarramos em algumas dificuldades e problemas estruturais durante esse período, mas, na gestão do CSEGSF da professora doutora Emília Maria, foi criado um Grupo de Trabalho para o controle da tuberculose (GT TB) onde a retomada da implantação do Setor de Micobacteriologia foi considerada prioridade. Depois de múltiplos esforços, conseguimos alcançar essa meta.
Essa é uma vitória de todos, de toda a equipe do laboratório, de todas as gestões do CSGSF que despenderam muita energia e tempo durante todo esse processo para adequação do laboratório e aquisição de insumos. Também é uma vitória para a população de Manguinhos!
Informe ENSP: Como se deu a atuação do GT TB no CSEGSF?
Mônica Kramer: O GT TB foi criado em julho de 2014, composto de um representante de cada setor do CSEGSF: laboratório, farmácia, vigilância, qualidade, biossegurança, gestão do cuidado – ESF e do CSEGSF, enfermagem, ensino e pesquisa e gestão. É um grupo propositivo e deliberativo em relação às atividades a serem desenvolvidas para o controle da tuberculose (TB). Inicialmente, foram identificados os principais gargalos de acordo com cada eixo para o controle da TB: detecção de casos, via sistema de informação, acompanhamento e tratamento e prevenção. Após a identificação desses, foram elencadas as prioridades para a tomada de decisão.
Informe ENSP: Fale sobre a importância de aliar os três pilares do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (ensino, pesquisa e assistência) na inauguração desse espaço.
Mônica Kramer: O CSEGSF é parte integrante da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, cuja missão é o ensino, a pesquisa e a assistência. A Coordenação de Ensino e Pesquisa teve importante participação desde a criação do GT TB, uma vez que a participação nesse grupo nos trouxe a dimensão exata das perguntas necessárias a serem respondidas por meio da realização de pesquisas operacionais. O financiamento das pesquisas foi fundamental para viabilizar a compra imediata de insumos necessários à realização dos exames bacteriológicos e dos kits diagnósticos para a identificação da micobactéria. É uma vitória de todos.
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