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Encontros de Ensino aborda tensões entre formação e o papel dos formadores

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Publicado em:28/09/2015
Encontros de Ensino aborda tensões entre formação e o papel dos formadoresCom o objetivo de discutir temas relacionados ao ensino e à formação do docente que mobilizassem a capacidade de a Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) refletir e vislumbrar a respeito do futuro que almeja chegar, a Vice-Direção de Pós-Graduação promoveu mais um evento da série Encontros sobre Ensino. Desta vez, com o tema O papel dos formadores, a ENSP recebeu a doutora em educação, professora do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes) da UFRJ e pesquisadora CNPq, Victoria Maria Brant Ribeiro, e o pesquisador e docente do Departamento de Ciências sociais da ENSP/Fiocruz José Inácio Jardim Motta, que atuou como debatedor. Em sua fala, Victória destacou que precisa estar em contato "com pessoas que ainda acreditam na possibilidade de se aprender a ser docente". As palestras estão disponíveis na íntegra e podem ser acessadas no canal do YouTube da ENSP
 
Antes de iniciar as exposições, a vice-diretora de Ensino, Tatiana Wargas, lembrou que as atividades realizadas no primeiro semestre foram mais voltadas para as experiências de formação da Escola e como essas ocorrem. “Nessa nova etapa, vamos focar no ensino e formação no Brasil em um contexto mais amplo, pois traremos a questão da formação, de quem são esses profissionais, da forma como temos estruturado os nossos currículos, de como pensamos para quem estamos formando, sobre quem é esse trabalhador da saúde, entre outras questões elencadas para instigar o debate.
 
Victória iniciou a sua fala esclarecendo que não forma formadores; ela realiza a formação pedagógica dos profissionais. Ela contou que sua experiência se iniciou por meio da disciplina intitulada Planejamento Curricular e de Ensino na área da Saúde, ministrada durante muitos anos no Nutes/UFRJ. “A partir daí, eu era convocada para todo curso que precisava passar por mudança curricular. Em 2006, fiz uma proposta à Capes para formação pedagógica dos preceptores. Atualmente, está em alta, mas, naquela época, ninguém dava bola para os preceptores”, relembrou ela. . 
 
Victoria disse ainda que aceitou o convite da ENSP porque, mesmo já aposentada, gosta de estar em contato com pessoas que ainda acreditam na possibilidade de se aprender a ser docente. “Nós aprendemos a ser docentes, em especial em um campo que não oferece muitas facilidades e, sim, desafios, que é o campo da educação em saúde”, disse ela.  
 
Encontros de Ensino aborda tensões entre formação e o papel dos formadores
 
“No Brasil, vivemos uma certa esquizofrenia, pois falamos de uma formação muito desconectada entre os diferente níveis. Ao falar da graduação, não falo do mundo da pós-graduação. Essa é uma questão bastante conservadora e antiga na nossa história e que não conseguimos romper. A quase impossibilidade de um diálogo entre um programa de mestrado e doutorado com a graduação, por exemplo, é um modelo que vem fortemente sendo questionado e tensionado no mundo inteiro. No entanto, no Brasil, ainda continuamos achando que esse é o melhor dos mundos”. Essa foi uma das ideias trazidas pelo docente da ENSP José Inácio Motta para debater o tema proposto durante o Encontro sobre Ensino
 
Ele salientou ainda que nos programas de graduação e pós-graduação é possível perceber dois padrões de mudança: metodológico e epistemológico, o que, disse ele, não significa que as duas coisas não possam ou devam acontecer juntas. “O problema é esse: isso não acontece. Numa dimensão metodológica, significa, em última instância, perguntar: Essa é a melhor forma de se produzir aprendizagem? E as opções de solução, óbvio, são sempre metodológicas. O que ensinar está estabelecido. O questionamento se dá sobre como ensinar. Já no nível epistemológico, é preciso que nós comecemos a questionar os nossos regimes estabelecidos, se os conhecimentos que vamos colocar nos currículos são os melhores. Isso nos obriga a pensar fundamentalmente em qual é o papel de educação, e qual é o nosso papel no interior dessa discussão”, argumentou José Inácio.
 
 


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1 comentários
ROSA MARIA PINHEIRO SOUZA
13/10/2015 09:58
Parabenizo a Prof. Tatiana Wargas por esta brilhante iniciativa! A abordagem da Prof. Vitoria muito rica, instigante, clara e objetiva, contribuindo para que os debates engredrados pelo Prof. José Inàcio fossem muito consistentes e oportunos. Parabéns também a esses professores que trouxeram luz a muitas indagações sobre esse tema tão relevante no campo da formação docente. Abraços. Rosa