Fios de resistência: mestrado sobre movimentos sociais debate saúde no campo
* Pedro Leal David
Foi numa terça-feira de sol ameno, talvez uma das últimas antes da chegada de um verão que promete ser quente. Sob o ainda mais fresco ar condicionado da sala de número 32 do Cesteh, um grupo de cerca de trinta pessoas, em sua maioria jovens, agitava a atmosfera com suas vozes, risos, bandeiras e chapéus. Tratava-se de um encontro de alunos do mestrado profissional em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, inaugurado este ano na ENSP. Enquanto o grupo, formado por pessoas das mais diversas regiões do Brasil, debatia agroecologia, SUS e a saúde do campo, outros ventos, em outros cantos, faziam circular o nome da senadora Kátia Abreu, uma aliada do agronegócio, como a provável ministra da agricultura do segundo mandato de Dilma Rouseff.
Os trabalhos apresentados naquela tarde buscaram diferentes caminhos para expressar ideias e os conhecimentos adquiridos ao longo dos primeiros meses do curso. O mestrado, que tem o objetivo de capacitar lideranças que atuam no campo, cumpria assim seu objetivo de trazer para dentro dos muros da academia representantes dos movimentos sociais. Para falar de cidadania, por exemplo, um dos núcleos base presentes colocou sobre a mesa uma panela. Aos poucos, papéis onde se liam palavras como saúde, educação, transporte público foram colocadas dentro do caldeirão, que ia sendo mexido pelos estudantes. Outros alunos optaram por declamar poemas, tocar violão ou ilustrar suas falas com gravações de canções de artistas da nossa música popular que falam das contradições e da saúde. “É importante trazer a questão expressiva para o enfrentamento senão do capital, do anestesiamento da vida. Não existe um militante que não seja um militante de coração”, disse Marcelo Firpo, um dos coordenadores do novo curso. Mas a despeito de ter engrossado o coro do Núcleo Vozes da Caatinga ao cantar junto que “A gente cultiva a terra e ela cultiva a gente”, Firpo manteve olhar crítico sobre as apresentações: “O desafio é aliar a expressão à capacidade argumentativa, ao uso do Português e aos referenciais teóricos”.
Foi numa terça-feira de sol ameno, talvez uma das últimas antes da chegada de um verão que promete ser quente. Sob o ainda mais fresco ar condicionado da sala de número 32 do Cesteh, um grupo de cerca de trinta pessoas, em sua maioria jovens, agitava a atmosfera com suas vozes, risos, bandeiras e chapéus. Tratava-se de um encontro de alunos do mestrado profissional em Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, inaugurado este ano na ENSP. Enquanto o grupo, formado por pessoas das mais diversas regiões do Brasil, debatia agroecologia, SUS e a saúde do campo, outros ventos, em outros cantos, faziam circular o nome da senadora Kátia Abreu, uma aliada do agronegócio, como a provável ministra da agricultura do segundo mandato de Dilma Rouseff.
Os trabalhos apresentados naquela tarde buscaram diferentes caminhos para expressar ideias e os conhecimentos adquiridos ao longo dos primeiros meses do curso. O mestrado, que tem o objetivo de capacitar lideranças que atuam no campo, cumpria assim seu objetivo de trazer para dentro dos muros da academia representantes dos movimentos sociais. Para falar de cidadania, por exemplo, um dos núcleos base presentes colocou sobre a mesa uma panela. Aos poucos, papéis onde se liam palavras como saúde, educação, transporte público foram colocadas dentro do caldeirão, que ia sendo mexido pelos estudantes. Outros alunos optaram por declamar poemas, tocar violão ou ilustrar suas falas com gravações de canções de artistas da nossa música popular que falam das contradições e da saúde. “É importante trazer a questão expressiva para o enfrentamento senão do capital, do anestesiamento da vida. Não existe um militante que não seja um militante de coração”, disse Marcelo Firpo, um dos coordenadores do novo curso. Mas a despeito de ter engrossado o coro do Núcleo Vozes da Caatinga ao cantar junto que “A gente cultiva a terra e ela cultiva a gente”, Firpo manteve olhar crítico sobre as apresentações: “O desafio é aliar a expressão à capacidade argumentativa, ao uso do Português e aos referenciais teóricos”.
Pegando a deixa, a historiadora da UFF Virginia Fontes foi além. Para ela, mesmo a construção de uma passarela é sintoma, muitas vezes, de uma sociedade que prioriza o carro e não o homem. “Você pega a Avenida Brasil, aqui em frente, por exemplo, e as passarelas ficam longe uma das outras. Por que é o pedestre que tem que subir para atravessar a pista e não é o carro que desce?” Ainda sobre os desafios para a saúde e o ambiente, a professora alerta: “Estamos assistindo a um processo de expansão do capital para dentro do gênero humano. Na saúde, vemos a supremacia da palavra gestão. Sempre que a saúde for vista como um problema de gestão, estamos num lugar que não é o nosso”. Enquanto o país discute se uma senadora defensora do agronegócio e declaradamente contrária à demarcação de reservas indígenas estará no devido lugar, ao ocupar a pasta que cuidará da agricultura brasileira dos próximos anos, redes de resistência vão sendo tecidos com os fios de poemas, ideias e debates. Que venha o verão.
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1 comentáriosEMILY MAVIANA DA TRINDADE SANTOS
01/12/2014 09:57
Quando ocorrerá o próximo encontro?
Super interessante.
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