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Mortalidade infantil prevalece no norte e nordeste

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Publicado em:19/09/2014
Mortalidade infantil prevalece no norte e nordesteAnalisando os fatores de risco para a mortalidade infantil em municípios do norte e nordeste do Brasil e no Vale do Jequitinhonha (MG), onde as taxas de mortalidade infantil são as maiores do Brasil, a aluna do mestrado acadêmico em Epidemiologia em Saúde Pública Barbara Ayres observou que as variáveis que apresentaram associação de maior magnitude com a mortalidade neonatal e pós-neonatal nesse estudo foram as sociodemográficas. “A melhoria da atenção à saúde tem grande destaque na redução da mortalidade infantil, como a literatura já vem destacando com o passar dos anos, no entanto, não devemos desvalorizar a contribuição de outros fatores que não pertencem a esse âmbito na ocorrência da mortalidade infantil”, pontuou a aluna.
 
Os resultados da pesquisa destacaram que nessas regiões a preocupação e, consequentemente, a promoção de mudanças, deve estar além do setor de saúde. “É necessário que haja uma mudança ainda mais profunda no que diz respeito ao ambiente e características sociais nas quais essas populações estão inseridas, seja no que tange à estrutura física, como o saneamento, mas também a serviços essenciais para a população, como a educação”, apontou Barbara.
 
O estudo caso-controle foi realizado de abril de 2010 a março de 2011 em 68 municípios brasileiros. Definiu-se como ‘caso’ todos os óbitos de menores de um ano ocorridos no período de 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2008, filhos de mães residentes dos municípios, e ‘controle’ os nascidos vivos em 2008 no período de 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2008.  Para cada óbito infantil identificado, foram selecionadas duas crianças sobreviventes, nascidas no mesmo ano. Esta seleção foi realizada por meio de sorteio aleatório da relação completa dos nascidos vivos em cada município estudado. Os dados foram coletados por meio de um questionário domiciliar aplicado à mãe ou, na ausência da mesma, a algum parente que tivesse acompanhado a gestação e o parto da criança analisada. No total, foram 2.630 entrevistas, 734 casos e 1896 controles.
 
Este questionário continha questões quase que exclusivamente fechadas e contemplava perguntas sobre condições socioeconômicas da família, características demográficas e de morbidade materna, atenção pré-natal, atenção ao parto, condições do recém-nascido, atenção a puérpera e ao recém-nascido no pós-parto além de atenção aos menores de um ano. 
 
Inicialmente, realizou-se uma análise exploratória das variáveis por meio de estatísticas descritivas e para cada componente da mortalidade infantil foram feitas duas regressões logísticas multivariadas. A primeira incluindo toda população do estudo e a segunda excluindo as crianças prematuras, no sentido de identificar outras variáveis associadas ao óbito infantil, além da prematuridade.
 
Comparando os grupos caso e controle, segundo características socioeconômicas, obstétricas e assistenciais, nota-se que os mesmos se diferenciam  quanto à variável “anos de estudo” da mãe. Um percentual de 32,7% dos casos tinham até quatro anos de estudo, enquanto nos 22% dos controles tinham a mesma característica. Já a escolaridade de 9 a 11 anos ocorreu em 40,9% dos controles e 29,4% dos casos. 
 
O sistema de esgoto e água inadequado esteve presente em 36,6% dos casos e em 31,2% dos controles. O histórico de prematuridade em gestações anteriores foi referido pelo dobro de mães dos casos. O pré-natal teve ampla cobertura nos dois grupos maternos, mas a não realização esteve mais presente entre os casos, quatro vezes mais que nos controles (8,7% , 2% respectivamente). O parto gemelar parece ter sido fator relevante entre os casos, pois 9,3% dos óbitos eram gemelares, valor bem mais baixo nos controles, 1,3%. Também a peregrinação em busca de atendimento para o parto foi diferente entre os casos e controles, 18,8% e 11,7%, respectivamente. 
 
Outra variável que apresentou distribuição distinta entre os grupos, de acordo com a pesquisa, foi a orientação quanto ao local do parto pelo profissional do pré-natal, o grupo dos casos apresentou maior percentual de não orientação (64,6%). Percebe-se ainda que o nascimento em locais fora de hospital/maternidade ou casa de parto esteve mais presente no grupo de casos, representando 7,8% e 4,6% dos controles. Na análise por componente, menos “anos de estudo” estiveram associados aos dois componentes neonatal e pós-neonatal, mesmo quando as crianças prematuras foram excluídas. 
 
Mortalidade infantil prevalece no norte e nordesteSegundo a aluna, a gemelaridade e falta de saneamento apresentaram-se associadas ao componente neonatal, mas esta associação se perdeu quando as crianças prematuras foram retiradas da análise. Mulheres que relataram cor da pele diferente de branca também apresentaram proteção componente neonatal. Já na análise do componente pós-neonatal variáveis como gemelaridade e nascimentos ocorridos fora de hospital/maternidade ou casa de parto associaram-se a esse componente mesmo com a retirada das crianças prematuras, observou Barbara.
 
Barbara Vasques da Silva Ayres, graduada em nutrição (UniRio), apresentou sua dissertação intitulada Mortalidade infantil em municípios de médio e pequeno porte das regiões Norte e Nordeste do Brasil e Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais: um estudo de caso-controle no dia 15/7, na ENSP, sob orientação da professora Silvana Granado Nogueira da Gama.

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