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Câncer: evento revela conflitos entre indústria e pesquisa

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Publicado em:31/03/2014
Câncer: evento revela conflitos entre indústria e pesquisaAs contradições a respeito das evidências produzidas pela ciência e o confronto de interesses provocado pelos setores da economia, indústria e comércio, em relação aos agentes cancerígenos, foram expostos pelo epidemiologista e professor da Universidade de Turim, Itália, Benedetto Terracini. Em conferência na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), na quarta-feira (26/3), o italiano comentou o papel da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC/OMS), que avalia a potencialidade de um determinado agente produzir câncer ou não. A atividade foi coordenada pelos pesquisadores da ENSP Liliane Reis Teixeira e Francisco Pedra. Assista, em vídeo, à reportagem sobre a apresentação do professor Terracini e acesse, na Biblioteca Multimídia da ENSP, sua exposição completa.
 
O IARC/OMS reúne especialistas de todo o mundo para discutir os fatores que podem aumentar o risco de câncer, incluindo produtos químicos, aspectos ambientais, misturas complexas, exposições ocupacionais, agentes físicos, agentes biológicos e estilo de vida. Os pesquisadores da Agência avaliam o peso das evidências e sugerem se um agente é capaz de induzir câncer em humanos. Essas informações são condensadas em estudos que são as Monografias. A partir daí, os serviços nacionais de saúde podem usar esses dados como apoio científico para evitar a exposição a potenciais agentes cancerígenos. 
 
“Terracini apresentou uma síntese do conhecimento atualizado pelo IARC a respeito das substâncias e outros agentes que podem provocar câncer, e abordou as críticas que essas informações enfrentam, especialmente por parte dos atores da sociedade que têm seus interesses contestados. A partir do momento que se afirma que um produto é cancerígeno, pode ser, ou provavelmente é, os interesses comerciais e industriais reagem a essa afirmativa”, resumiu o pesquisador Francisco Pedra.
 
De acordo com o pesquisador italiano, os interesses da indústria tentam diminuir as avaliações que o IARC produz a respeito dos agentes carcinógenos. “Para estabelecermos se um agente é cancerígeno ou não, devemos produzir ciência. E a ciência, como todos os estudos, produz resultados discutíveis. Porém, quando juntamos diferentes olhares, podemos chegar a alguma conclusão. Há 40 anos o IARC/OMS faz um grande esforço para avaliar, de um ponto de vista cientifico muito rigoroso, os agentes carcinógenos, sejam eles substâncias químicas, aspectos comportamentais, de exposição ao tabaco e outros. Quando o IARC aponta que determinada substância, agente ou exposição tem a potencialidade de produzir câncer, a indústria se sente molestada. Isso vem acontecendo em relação ao tabaco e outras substâncias”, alertou o pesquisador.
 
No início da conferência, o diretor da ENSP, Hermano Castro, apresentou Terracini como um grande colaborador da Escola. “Nossa relação com o professor é de longa data. Ele é um árduo defensor do banimento do amianto no mundo, e seus estudos sedimentaram a posição da Europa para o banimento no final do século 20”, destacou o diretor.



Assista a conferência na íntegra no Canal de vídeos da ENSP no YouTube.

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