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Pesquisa avalia usuários faltosos da ESF

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Publicado em:15/10/2013
Pesquisa avalia usuários faltosos da ESF"Os motivos que levam o usuário da Estratégia de Saúde da Família (ESF) a comparecer ou não às consultas médicas programadas precisam ser conhecidos, em virtude do impacto negativo que as faltas podem causar no serviço de saúde, inclusive de caráter financeiro, e no cuidado do usuário." Com esse objetivo, Mellina Marques Vieira Izecksohn, aluna do mestrado profissional em Saúde Pública, dedicou-se a uma pesquisa quanti-qualitativa para fundamentar sua dissertação, que teve orientação da pesquisadora da UFRJ Jaqueline Teresinha Ferreira. As técnicas do estudo consistiram na quantificação de faltosos (48,9%) em duas equipes do Centro de Saúde Escola Manguinhos (RJ), num período de seis meses, e de entrevista semiestruturada com 22 pacientes cadastrados na ESF que faltaram ou não às consultas médicas agendadas. A aluna apresentou sua dissertação no dia 18/9, na ENSP.
 
Segundo a aluna, foi identificado um percentual de faltas de 48,9% no período de seis meses estudado, sendo que dessas faltas, 58,5% das pessoas faltaram uma vez, 26,5% faltaram duas vezes e 15% faltaram mais de três vezes. “O principal motivo para agendamento das consultas dos usuários foi o acompanhamento de sua saúde que pode ter diversas interpretações por parte dos profissionais de saúde e dos pacientes”, disse.
 
Mellina explicou que, dentre os motivos para as faltas às consultas citados pelos usuários, destacou-se o esquecimento, assim como o agendamento em horários inoportunos, grande parte no horário de trabalho. Alguns ruídos na comunicação dos usuários com a Unidade de Saúde, acrescentou ela, também foram identificados, como a impossibilidade de cancelamento do encontro sem que o mesmo compareça ao serviço. “O papel do agente comunitário de saúde como a pessoa que agenda as consultas também é relevante, contribuindo tanto para a assiduidade como para as faltas às consultas”, destacou. 
 
De acordo com ela, foi possível identificar alguns aspectos relacionados à organização do serviço de saúde e a características do usuário. “A ampliação das formas de comunicação da equipe com os usuários, tendo em vista a ampliação do cuidado, um aprimoramento da escuta e pactuação entre os atores no momento do agendamento considerando o cotidiano dos usuários; uma maior flexibilização da equipe e de seus horários, bem como um maior comprometimento por parte deles, a implantação de envio de mensagem de texto são algumas propostas que surgem para melhorar a assiduidade às consultas médicas” completou.
 
O cenário do estudo de Mellina constitui-se no complexo de Manguinhos, situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, com cerca de 36.000 moradores, renda per capita de R$ 118,8624, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,72624. Segundo o Instituto Pereira Passos, essa região encontra-se na 122a colocação em relação ao IDH entre os 126 bairros do município. “A violência local, relacionada ao tráfico de drogas e às frequentes incursões policiais faziam parte do cotidiano dos moradores da região até a ocupação da área pela Polícia Militar, em 14 de outubro de 2012 e a instalação da Unidade de Policia Pacificadora no início de 2013. O que se configura, em 2013, é um clima de menos violência e de muita desconfiança, com policiais militares circulando intensamente por todas as comunidades”, informou Mellina.
 
A população abrangida pelo estudo foi dividida em duas equipes. A equipe A é de 2.743 pessoas, das quais 14 são gestantes e 811 tem menos de 18 anos, sendo a amostra de estudo composta por 1.917. Já a equipe B abrange uma comunidade com 2.624 usuários, sendo 681 menores de 18 anos e 17 gestantes, sendo a amostra de estudo de 1.927 pessoas.
 
Mellina Marques Vieira Izecksohn é graduada em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (2005). Atualmente é médica de família e comunidade - Território Integrado de Atenção à Saúde Manguinhos, preceptora de Residência Médica em Medicina de Familia e Comunidade da Escola Nacional de Saúde Pública e preceptora de residência médica e internato da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 

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