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Preferências dos indivíduos estão relacionadas à qualidade de vida

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Publicado em:03/06/2013

Preferências dos indivíduos estão relacionadas à qualidade de vidaA pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps/ENSP), Claudia Pereira, durante a sessão científica Estudo comparativo de cinco medidas genéricas de qualidade de vida baseada em preferência e seus usos em avaliações de tecnologias em saúde, na quarta-feira (29/5), apresentou os resultados da sua tese de doutorado. O estudo analisou a relação entre variáveis sociodemográficas, econômicas e qualidade de vida referentes à saúde nos Estados Unidos, comparando cinco medidas de avaliação com base em preferências. Segundo ela, o interesse pela medição da qualidade de vida relacionada à saúde do indivíduo tem aumentado nos últimos anos, principalmente em virtude das mudanças no perfil de morbimortalidade do nosso país e maior prevalência das doenças crônicas não transmissíveis.

“Não há definição universal para o termo qualidade de vida na literatura”, explicou Claudia. Dessa forma, a falta de uma delimitação precisa para esse conceito favorece uma concepção abrangente, com utilização em diferentes áreas e dimensões. Como exemplo, comentou que, para mensurar a qualidade de vida ao longo dos anos, foram desenvolvidas e aperfeiçoadas diversas ferramentas tanto genéricas como específicas ou baseadas em preferências. E apontou que essa diversidade é completamente aceitável, pois, com apenas um instrumento, não seria possível obter todos os resultados desejáveis nas pesquisas realizadas.

A pesquisadora afirmou que os instrumentos baseados em preferências são os utilizados em avalições econômicas. A partir da década de 1980, as análises de custo-efetividade se tornaram a técnica analítica mais prestigiada para se fazer avaliação econômica em saúde. “Elas têm uma vantagem em relação às técnicas de avaliação tradicionais, pois permitem quantificar os benefícios em termos da própria saúde ou de alguma medida relacionada a ela. Não apenas em termos monetários. A questão-chave da análise de custo-efetividade é comparar custos e benefícios em saúde”, explicou Claudia.

Ela detalhou ainda que, na avaliação econômica, procura-se entender o valor que as pessoas dão a um determinado estado de saúde. “Os economistas, por exemplo, além das escalas estabelecidas, buscam o valor relativo de cada dimensão dos estados de saúde para os indivíduos da sociedade, pacientes etc. A diferença está em mensurar numericamente versus entender o valor relativo de cada dimensão. Nesse tipo de mensuração, os valores refletem as preferências dos indivíduos”, comentou.

A partir dessas medidas, é possível calcular o que os estudiosos da área nomearam de Anos de Vida Ajustados à Qualidade – termo amplamente conhecido na sua sigla em inglês QALYs, cuja definição é Quality-Adjusted Life Years. As medições baseadas em QALYs são apropriadas para fazer avaliação econômica, pois o conceito se refere ao nível de bem-estar ou satisfação relatado por um indivíduo. Para Claudia, ele incorpora tanto as reduções na morbidade como as reduções na mortalidade por meio dos diferentes desfechos. Além disso, os pesos dessa medida (QALY) refletem o desejo das pessoas em viver em determinados estados de saúde. "Essa mensuração é universal e aplicável a todas as doenças e indivíduos, o que possibilita a comparação entre diferentes doenças e estados", completou a palestrante.

Preferências dos indivíduos estão relacionadas à qualidade de vida

Ao final de todo o processo, o propósito dessas avaliações, conforme explicou a pesquisadora, é que elas auxiliem as tomadas de decisão. Como todos os outros instrumentos de avaliação, existem críticas em relação à utilização de QALYs, mas ele é amplamente utilizado em todo o mundo, inclusive no Brasil.

A pesquisa de Claudia buscou as diferenças entre os cinco instrumentos avaliados. Ela utilizou dados do estudo <i>National Health and Measurement Study</i>, que coletou informações sobre 3.844 indivíduos de 48 estados americanos. O estudo ocorreu em 2005 e trabalhou com pessoas entre 35 e 89 anos. Segundo a pesquisadora, a amostra utilizada refletiu a população dos Estados Unidos em relação à raça, cor e sexo. Ao final das análises, Claudia afirmou perceber poucas diferenças entre os instrumentos. “Mesmo eles apresentando dimensões diferentes, levam praticamente aos mesmos resultados”, concluiu.


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