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Pesquisa aborda fragilidade de idosos no Brasil

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Publicado em:15/03/2013

Tatiane Vargas

 

Pesquisa aborda fragilidade de idosos no BrasilNa última década, a fragilidade destacou-se entre as condições de saúde dos indivíduos idosos, por sua relação com desfechos adversos como quedas, hospitalização recorrente, incapacidade funcional, institucionalização e morte prematura. Com o intuito de discutir tal cenário, a fonoaudióloga Lívia Maria Santiago apresentou, na ENSP, a tese de doutorado em Saúde Pública e Meio Ambiente Fragilidade em idosos no Brasil: identificação e análise de um instrumento de avaliação para ser utilizado na população do país. Orientado pela pesquisadora Inês Echenique Mattos, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da Escola, o estudo se apresenta no formato de quatro artigos, que analisam a fragilidade de idosos e seus instrumentos de avaliação.
 

De acordo com a autora da pesquisa, a noção de fragilidade surgiu na década de 1970, nos países desenvolvidos, a partir da identificação de grupos de idosos que apresentavam excesso de morbidades, deficiências e maior risco de morte. Inicialmente, a fragilidade foi considerada como um sinônimo de incapacidade funcional ou cognitiva. “A fragilidade é considerada uma síndrome geriátrica que se diferencia do processo normal de envelhecimento, bem como da incapacidade funcional e do envelhecimento propriamente dito. Numa perspectiva mais atual, ela consiste em um estado que afeta indivíduos que experimentam perdas em um ou mais domínios do funcionamento humano (físico, psicológico e social). Isso é causado pela influência de uma série de variáveis e que aumenta o risco de desfechos adversos de saúde”, explicou.
 

Todos os instrumentos de avaliação da fragilidade propostos na literatura existente foram construídos com base no contexto socioeconômico e cultural dos países da América do Norte e da Europa. Além disso, não há nenhum instrumento de avaliação construído ou validado para utilização na população idosa brasileira. Assim, Lívia elaborou a tese com o objetivo de analisar e validar um instrumento multidimensional de avaliação da fragilidade para utilização no contexto socioeconômico e cultural da população idosa brasileira e de determinar a prevalência de fragilidade em idosos institucionalizados.

 

Pesquisa aborda fragilidade de idosos no BrasilDurante o desenvolvimento da pesquisa, de acordo com Lívia, após efetuar uma revisão sistemática dos instrumentos utilizados para identificar a condição de fragilidade em idosos, foi selecionado um instrumento de avaliação considerado adequado à utilização na população brasileira, o Tilburg Frailty Indicator (TFI). Posteriormente, foi realizada a adaptação transcultural do instrumento selecionado com a autorização e colaboração de dois dos principais autores do TFI original (elaborado na Holanda). Por último, foi estimada a prevalência de fragilidade e fatores associados em indivíduos de 60 anos ou mais, residentes em instituições de longa permanência para idosos situadas nas cidades de Campo Grande, Cuiabá, Juiz de Fora e Rio de Janeiro.
 

Para apresentar os resultados da pesquisa, a tese foi dividida em quatro artigos: "Caracterização dos instrumentos de classificação da fragilidade em idosos: uma revisão sistemática"; "Adaptação transcultural do instrumento Tilburg Frailty Indicator (TFI) para a população brasileira"; "Propriedades psicométricas da versão brasileira do Tilburg Frailty Indicator"; e "Fragilidade em idosos institucionalizados das regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil: prevalência e fatores associados". De acordo com Lívia, para o desenvolvimento do último artigo foram utilizados dados originais do projeto de pesquisa Condições de saúde de idosos institucionalizados: uma proposta de avaliação de necessidades e utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para planejamento de ações de saúde, financiado pelo Programa Inova-ENSP.
 

Os resultados dessa pesquisa apontaram que a prevalência de fragilidade na população de estudo foi relativamente alta e superou os valores observados em outros estudos que avaliaram tal condição em idosos institucionalizados. A autora esperava encontrar uma prevalência ainda mais alta, visto que a institucionalização é apontada na literatura como um dos desfechos adversos da fragilidade, sendo fundamental a reavaliação do papel dessa condição na predição de institucionalização. “Um instrumento multidimensional, baseado em um conceito integral da fragilidade, é mais completo e sensível para determinar a condição na população brasileira e a realização de estudos que avaliem a utilização do TFI em idosos residentes em comunidade, além da sua validade preditiva para desfechos adversos de saúde na população brasileira. Por isso, ele é importante”, concluiu Lívia Maria Santiago.
 

*Crédito foto capa: Rádio 96 FM Arapiraca (para visualizar a imagem clique aqui).


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2 comentários
ALICE ROCHA
20/04/2013 18:43
Está muito interessante. Será que poderia me enviar o artigo "Propriedades psicométricas da versão brasileira do Tilburg Frailty Indicator", gostaria muito de o ler. email: alice_111@sapo.pt Muito obrigada.
MAYCON SOUSA PEGORARI
16/03/2013 09:03
Realmente temática relevante. Gostaria que disponibilizasse tal trabalho. email: mayconpegorari@yahoo.com.br