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Dossiê retrata organização do ‘corpo físico’ brasileiro

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Publicado em:13/03/2013
Dossiê retrata organização do ‘corpo físico’ brasileiroOs pesquisadores Ricardo Ventura Santos e Vanderlei Sebastião de Souza, ambos da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), organizaram um dossiê sobre a história da antropologia física no Brasil. O material destaca as conexões transnacionais, as adaptações locais e o fundo raciológico das discussões e práticas científicas do fim do século XIX e início do século XX. Intitulado Corpos, medidas e nação, o dossiê do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi promove uma interface entre a antropologia e a medicina. Por meio de cinco artigos, discute teorias e aplicações políticas de ideias sobre raça e mestiçagem no começo do século XX no Rio de Janeiro.

Os artigos relatam as investigações da antropologia física, definida, por alguns autores, como a "história natural do gênero humano". No caso brasileiro, em consonância com o que ocorreu em outros países, o estabelecimento dos núcleos de investigação se deu a partir da segunda metade do século XIX, ainda nos tempos do Império, e com difusão nas primeiras décadas do século XX. “Nessa perspectiva, foram enquadradas as investigações antropofísicas sobre grupos indígenas, negros, sertanejos e imigrantes europeus; os debates sobre miscigenação racial, imigração e eugenia; e os estudos de biotipologia, medicina legal e antropologia jurídica”, explicam Vanderlei de Souza e Ricardo Ventura, em um dos artigos.

No contexto da então capital da República, o Rio de Janeiro, nas primeiras décadas do século XX, o dossiê analisa como a antropologia física foi acionada para o conhecimento, a intervenção e a organização do "corpo físico" da nação brasileira. Por meio de instituições como o Museu Nacional e a Faculdade de Medicina, o Rio de Janeiro se constituiu em um dos principais centros de produção e disseminação de conhecimentos em antropologia física no Brasil. “Muitos dos que viveram e trabalharam naquela época, como Edgard Roquette-Pinto, José Bastos de Ávila e Álvaro Fróes da Fonseca, dialogaram com seus pares estrangeiros para demonstrar que o Brasil era uma nação viável, isto é, que a mestiçagem predominante no país poderia ser interpretada de maneira positiva, apesar dos preconceitos existentes contra populações negras, índias e mestiças”, revela uma das conclusões do dossiê.

Os pesquisadores participam ainda da seção Memória, onde o assunto volta a ser abordado no texto "O Congresso Universal de Raças, Londres, 1911: contextos, temas e debates". Nele, Vanderlei de Souza e Ricardo Ventura analisam os temas raciais debatidos por antropólogos, sociólogos e ativistas sociais de diferentes lugares do mundo.
 
O Boletim
 
O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi é um dos periódicos científicos mais antigos do Brasil. Criado por Emílio Goeldi sob o nome original de Boletim do Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, seu primeiro número foi lançado em setembro de 1894. Atualmente, é publicado três vezes ao ano, em duas versões, Ciências Naturais e Ciências Humanas. O Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi - Ciências Humanas (ISSN 1981-8122) tem a missão de publicar trabalhos originais nas áreas de antropologia, linguística, arqueologia e em disciplinas correlatas. É uma revista de acesso aberto, o que significa que todo o conteúdo está disponível gratuitamente, sem custo para o usuário ou instituição.

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