Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Dia Mundial da Saúde: 'Protegendo a saúde frente às mudanças climáticas'

O Dia Mundial da Saúde, comemorado no dia 7 de abril de cada ano, marca a fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e é uma oportunidade para chamar a atenção mundial sobre um tema de grande importância para a saúde global a cada ano.

Em 2008, o Dia Mundial da Saúde aponta para a necessidade de proteger a saúde dos efeitos adversos das mudanças climáticas. O tema 'Protegendo a saúde frente às mudança climáticas' põe a saúde no centro do diálogo global sobre as mudanças climáticas.

A OMS selecionou esse tema considerando as ameaças crescentes que as mudanças climáticas vêm causando à segurança da saúde pública global.
Por meio da crescente colaboração, a comunidade global estará melhor preparada para enfrentar os desafios de saúde relacionados com o clima em todo o mundo. Entre os exemplos de tais ações de cooperação podemos citar o fortalecimento da vigilância e controle de doenças infecciosas, o abastecimento seguro e suficiente de água e a coordenação da ação de saúde nas situações de emergências e desastres.


Clima e saúde

Dos trópicos aos pólos do planeta, clima e meteorologia têm fortes impactos diretos e indiretos sobre a vida humana. Apesar de pessoas terem capacidade de adaptar-se às condições em que vivem, e a fisiologia humana estar preparada para lidar com variações substanciais de temperatura, há limites.

Flutuações de curto prazo nas condições meteorológicas podem ter efeitos graves sobre a saúde. Extremos de calor e frio podem causar doenças potencialmente fatais, como o estresse térmico ou a hipotermia, além de aumentar as taxas de morte por causas cardíacas e respiratórias. Nas cidades, as condições meteorológicas podem facilitar a estagnação de ar quente e de poluentes atmosféricos, aumentando os índices de poluição e, conseqüentemente, de diversas doenças. Na Europa, em 2003, o aumento anormal das temperaturas de verão foi associado a mais de 35 mil mortes. Fortes chuvas, inundações, furacões e outras catástrofes naturais também têm graves impactos sobre a saúde, tendo sido responsáveis por cerca de 600 mil mortes na década de 1990, 95% das quais em países pobres - ciclone em Orissa, na Índia (10/1999), 10 mortes e quase 15 milhões de pessoas afetadas; inundações em Caracas, Venezuela (12/1999), cerca de 30 mil mortes, principalmente em favelas de encosta.

Além de alterar os padrões climáticos, as condições climáticas também afetam a ocorrência de doenças transmitidas por meio da água ou por meio de vetores, tais como mosquitos. Doenças clima-sensíveis estão entre os maiores assassinos mundiais. Diarréia, malária e desnutrição protéico-energética causaram juntas mais de 3,3 milhões de mortes no mundo em 2002, aproximadamente 30% delas na África.

O aquecimento global

Cerca de dois terços da energia solar que atinge a Terra é absorvida e aquece a superfície do planeta, a qual irradia o calor de volta para a atmosfera, onde fica aprisionado pelos gases, como o dióxido de carbono, no chamado 'efeito estufa'. Sem esse 'efeito de estufa', a média de temperatura da superfície do planeta o tornaria inabitável para as populações humanas.

Ao longo dos últimos 50 anos, no entanto, as atividades humanas - principalmente da queima de combustíveis fósseis - têm liberado uma quantidade suficiente de CO2 e de outros gases com efeito de estufa para afetar o clima global. A concentração atmosférica de dióxido de carbono, que aumentou em mais de 30% desde tempos pré-industriais, acaba armazenando mais calor na baixa atmosfera.

De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), os efeitos desse acúmulo de CO2 incluem: aumento de cerca de 0,65 º C da temperatura média da superfície global nos últimos 50 anos; entre os 12 anos mais quentes já registrados desde 1850, 11 ocorreram de 1995 a 2006; as taxas de aquecimento das águas e do aumento do nível do mar se elevaram nas últimas décadas; muitas áreas do planeta sofreram aumentos na precipitação e tem havido um aumento geral na freqüência de chuvas extremas; em algumas regiões, como partes da Ásia e da África, a freqüência e a intensidade das secas aumentaram nas últimas décadas; e a freqüência dos mais intensos ciclones tropicais também aumentou, em algumas áreas, como a do Atlântico Norte, desde a década de 1970.

Segundo estimativas do IPCC, se forem considerados a tendência de crescimento populacional e os padrões de consumo energético atuais, as emissões mundiais de dióxido de carbono continuarão a aumentar podendo acarretar um aumento significativo da temperatura global de 1,1ºC a 6,4ºC; ondas de calor e outros eventos extremos se tornarão mais freqüentes e aumento acelerado do nível do mar.

Ainda que muitos países estejam trabalhando pela redução de gases de efeito estufa no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, as tendências de desenvolvimento mundial e uso de energia certamente levarão o mundo a enfrentar mudanças significativas no clima nas próximas décadas.

Os efeitos das alterações climáticas sobre a saúde

Em grande medida, a saúde pública depende de água potável, alimentos suficientes, abrigos seguros e boas condições sociais. A mudança climática é capaz de afetar todas essas condições. Ainda que, segundo o próprio IPCC, o aquecimento global possa evitar algumas mortes por frio nos países de clima temperado e aumentar a produção de alimentos em algumas áreas do planeta, os problemas seriam muitos. Globalmente, os efeitos na saúde de uma rápida mudança climática serão provável e majoritariamente negativos, em particular nas comunidades mais pobres, justamente aquelas que menos emitem gases de efeito estufa.

Alguns dos efeitos sobre a saúde incluem: aumento da freqüência de ondas de calor, como a que ocorreu na Europa em 2003; maior variação nos padrões de precipitação, com possível desabastecimento de água potável e aumento de doenças transmitidas pela água, ou com diminuição da produção de alimentos nos países mais pobres e aumento dos riscos de desnutrição; subida do nível do mar, aumentando o risco de inundações costeiras que demandem deslocamento da população, principalmente em regiões mais vulneráveis, como o delta do Nilo no Egito, o delta do Ganges-Brahmaputra e muitas pequenas ilhas, como as Maldivas, Marshall e Tuvalu; mudanças nos padrões de vida e deslocamento de vetores de doenças transmissíveis, alterando o seu alcance geográfico e podendo ocasionar o surgimento de doenças em regiões onde a população não está imunizada ou não há infra-estrutura de saúde pública.

Não há como se prever exatamente as conseqüências que as mudanças climáticas possam ter sobre a saúde. No entanto, uma avaliação quantitativa da OMS, que leva em conta apenas um subconjunto dos possíveis impactos da saúde, concluiu que os efeitos da mudança climática verificada a partir de meados dos anos 1970 podem ter causado mais de 150 mil mortes em 2000. Além disso, concluiu que esses impactos provavelmente aumentarão no futuro.

A resposta da OMS

A OMS acompanha todas as iniciativas que buscam comprovar cientificamente as relações entre o clima, as alterações climáticas e a saúde, inclusive o IPCC. Com base nessas avaliações, considera que uma rápida mudança climática traz riscos significativos para a saúde humana, especialmente entre as populações mais pobres. Por essa razão, apóia ações destinadas a reduzir a influência humana sobre o clima global.

Nesse sentido estimula e incentivo a implantação de políticas que possam trazer saúde. Por exemplo, sistemas de transportes urbanos bem concebidos podem reduzir as emissões de gases nas grandes cidades e simultaneamente a poluição atmosférica urbana e a inatividade física, que matam milhões anualmente. Habitações com isolamento eficiente podem reduzir o consumo de energia e as emissões de gases e reduzir mortes por frio e calor, bem como, nos países pobres, reduzir a necessidade de queima de biomassa combustível e os impactos da poluição interna do ar interior. A OMS está intensificando seus esforços para apoiar desenvolvimento saudável, o que reduz os riscos ambientais atuais para a saúde, e, ao mesmo tempo, ajuda a reduzir o impacto sobre o clima global.

A organização também reconhece também que, ainda que cessem as emissões de gases com efeito de estufa, o mundo ainda enfrentará aquecimento e variações climáticas por, pelo menos, algumas décadas. Por conta disso, tem apoiado programas de combate à doenças infecciosas, melhora da água e de serviços de saneamento e de resposta a catástrofes naturais, contribuindo para reduzir a vulnerabilidade da saúde diante de futuras alterações climáticas. Além disso, vem realizando oficinas de sensibilização em países mais vulneráveis e ampliando parcerias com agências da ONU para apoiar o fortalecimento dos sistemas de saúde em diversos países, principalmente em seus componentes de vigilância e de resposta a epidemias e emergências.

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos