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Fundo Global de Luta contra Tuberculose lança campanha no Rio de Janeiro

No dia 24 de março, diversos países se mobilizaram para celebrar o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose. No Brasil não foi diferente, com a visita do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, à favela da Rocinha para o lançamento da campanha 'Brasil livre da tuberculose', organizada pelo Fundo Global de Luta contra a Tuberculose. O fundo vem desenvolvendo um projeto de ampliação de ações de controle da tuberculose e a expansão da estratégia de tratamento da doença no Brasil. Seus recursos são geridos através de uma parceria entre a Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) e a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP).

Além do ministro, a solenidade na Rocinha contou com as presenças do representante da Opas no Brasil, Diogo Victoria, do coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Dráurio Barreira, da responsável pelo Grupo de Apoio a Ex-Pacientes, Pacientes e Amigos do Combate à Tuberculose (Gaexpa), Rita Smith e do coordenador-geral do Projeto Fundo Global TB, Marcos Mandelli, além de representantes das secretarias estadual e municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Em seu discurso, Temporão afirmou que "a tuberculose é uma doença importante no Brasil. Temos toda a tecnologia para o atendimento e cura. Para isso, precisamos mudar o modelo de atenção à saúde. Com o atendimento qualificado, vamos avançar para virar a página da tuberculose como problema de saúde pública no país". Já Rita Smith destaca que o tratamento é uma das principais armas contra a doença, e que "não é o paciente que abandona o tratamento, e sim os serviços de saúde que abandonam o paciente".


O coordenador do projeto Fundo Global, Marcos Mandelli, explica que esta é a segunda campanha desenvolvida no projeto, trazendo uma abordagem mais humanizada ao colocar o ator Lázaro Ramos acompanhado de dois ex-pacientes de tuberculose. A campanha envolve os 57 municípios onde a carga da doença é cerca de três a quatro vezes maior que no resto do país, localizados nas onze regiões que integram o projeto (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Belém, Fortaleza, São Luiz, Baixada Santista e Manaus). Além de material promocional, o Fundo Global lançou um site com todas as informações do projeto, o material de campanha disponível para download, além de dados e relatórios técnicos sobre a doença no Brasil. "Este projeto consiste em uma rede de atores trabalhando em prol da luta contra a tuberculose. A primeira campanha, realizada entre dezembro de 2007 e janeiro de 2008, alcançou algo em torno de 50 milhões de pessoas. Esperamos que essa segunda campanha tenha uma visibilidade maior e ajude a disseminar ainda mais as causas da doença, formas de transmissão, seu tratamento e tudo que estiver relacionado com tuberculose", revela Mandelli.

Firmado em dezembro de 2006, o projeto conta com um aporte de recursos da ordem de US$ 27 milhões, para o período 2007-2012, e, para alcançar os resultados esperados, as ações estão distribuídas em quatro objetivos: o fortalecimento da estratégia de tratamento supervisionado para o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno em populações vulneráveis, por meio da capacitação, da identificação de casos infecciosos e do incentivo ao tratamento supervisionado; o fortalecimento das atividades de mobilização social, informação, educação e comunicação e advocacia, por meio de ações para mudança de comportamento, de ensino e pesquisa e de investigações operativas; o fortalecimento do programa de garantia da qualidade laboratorial, por meio da capacitação e monitoramento e da construção de um Sistema de Informação Laboratorial da Tuberculose; e o fortalecimento das ações de redução da co-infecção TB/HIV e de atividades desenvolvidas pela sociedade civil, baseadas em lições aprendidas. Na primeira etapa, estão disponíveis 11,6 milhões de dólares, dos quais a ENSP/Fiotec está gerindo 76% desse valor. Os outros 24% estão nas mãos da FAP. Com o projeto chegando nas etapas finais, o investimento da ENSP/Fiotec chegará aos 95% do valor restante.

Além das campanhas, Mandelli conta ainda que, através do programa de Educação a Distância da ENSP/Fiocruz, dois cursos de capacitação em tuberculose com ênfase na estratégia TS-DOTS (tratamento supervisionado da doença) estão em desenvolvimento com o objetivo de formar mil profissionais, neste primeiro ano, sendo 500 de nível superior e 500 de nível médio, para atuarem no sistema de saúde. Para o segundo ano de projeto, o curso estará destinado para mais 680 pessoas. Esses cursos se juntam a outro presencial, a ser ministrado em parceria com secretarias estaduais e municipais de saúde e que capacitará mais 850 profissionais. Tais capacitações buscam a conseqüente redução de incidência, prevalência e mortalidade por conta da doença.


Além da formação profissional em tuberculose, o projeto prevê ações junto ao sistema carcerário brasileiro e com moradores de rua, bem como com pacientes de tuberculose, que sofrem com alcoolismo ou outros tipos de drogas, e até mesmo em consultorias para ambulatórios municipais, visando melhorar o ambiente e evitar, assim, que pacientes fiquem em salas de espera fechadas com pessoas que sofrem de tuberculose, além de implantar uma rede de monitoramento e avaliação que apóie pesquisas relacionadas com ações de prevenção da doença. Por fim, Mandelli informa que um Centro de Estudos sobre a temática da tuberculose será realizado pela ENSP este ano, objetivando promover uma maior inserção da Escola com o processo do Fundo Global.

Tuberculose: um problema de saúde pública

Segundo dados do Programa Nacional de Controle da TB (PNCT) do Ministério da Saúde, são notificados, por ano, 85 mil casos de tuberculose no país (35% do total das Américas), causando cerca de cinco mil mortes, o maior número entre os países do continente. O Brasil é o 16º entre os países com o maior número de casos em todo o mundo. O Rio de Janeiro é o estado que apresenta o maior número de casos, com a média de 12 mil por ano e uma incidência de 85 doentes para cada 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional, de 40,8 casos por 100 mil. Tais números mostram que a tuberculose é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma emergência global e considerada prioridade pelo governo brasileiro desde 2003. Segundo estimativas da OMS, dois bilhões de pessoas, correspondendo a um terço da população mundial, estão infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis. Destes, oito milhões desenvolverão a doença e dois milhões morrerão a cada ano.

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