Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Tendências na saúde coletiva: crescimento e parcerias

A área da Saúde Coletiva na Capes ganhou novos representantes para o triênio 2008-2010. A coordenação está com a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Rita Barradas Barata, enquanto que a coordenação adjunta fica com o professor do Departamento de Endemias da ENSP, Ricardo Ventura Santos. Para a abertura de seu ano letivo de 2008, a ENSP convidou Rita Barradas para proferir a aula magna, com o tema 'O campo da Saúde Coletiva: panorama e perspectivas', na qual apresentou um amplo panorama da área segundo a última avaliação da Capes. Aproveitando a oportunidade, o Informe ENSP conversou com Rita Barradas acerca dos desafios para a área.

Informe ENSP: A sua exposição deixa claro o crescimento da área da saúde coletiva no país, segundo avaliação da Capes. A perspectiva para o próximo triênio é a continuidade desse crescimento? Os cursos aumentarem suas notas?

Rita Barradas:
Exatamente, a tendência é essa. A última avaliação da Capes avaliou 34 cursos. Agora, já temos 46 cursos autorizados a funcionar. Então, o crescimento de novos cursos é muito expressivo. É lógico que vamos ter uma quantidade de cursos novos, com nota três, nessa primeira avaliação trienal, porque são cursos novos, mas a idéia é que aqueles que já existem mudem de patamar, embora, como eu assinalei na exposição, os critérios vão ficando cada vez mais exigentes. Mas, como a área está se fortalecendo, a nossa perspectiva é essa: que ela possa seguir melhorando cada vez mais, e termos cursos notas 5, 6 e 7.

Informe ENSP: A Capes já pode até pensar numa nota acima de 7, uma vez que a tendência dos cursos existentes é aumentar suas notas?

Rita Barradas:
Eu acredito que, em algum momento, a Capes terá que pensar nisso. Na verdade, temos uma gama muito pequena de notas para uma variedade muito grande de situações. Com o tempo, isso vai acontecer, inevitavelmente.

Informe ENSP: Como trabalhar melhor essa definição entre saúde pública e saúde coletiva, conforme apontado em sua apresentação?

Rita Barradas:
Na minha maneira de ver, a saúde pública está englobada na saúde coletiva porque, tradicionalmente, o que se chama de pública são todas as iniciativas governamentais, estatais, para o controle da saúde populacional. A saúde coletiva incorpora isso e amplia. Por exemplo, na tradicional saúde pública, não havia um debate sobre direitos humanos e saúde. Esse é um debate contemporâneo de uma saúde pública que já saiu do âmbito exclusivo do estado e foi para a sociedade. Embora, em muitos países, se continue chamando saúde pública, esta tem o mesmo sentido que, para nós, tem o termo saúde coletiva. Eu creio que, na verdade, essa mudança de termo foi muita para sinalizar a força do movimento, naquele momento histórico, em que nós vivemos uma ditadura e que o nosso governo não estava preocupado com a saúde coletiva. A sociedade mostrou que estava preocupada com isso, e que esse era um valor para a nossa população. Para mim, a diferença é muito mais política e de convicção do que de conteúdos. Hoje, a gente tende a pensar saúde pública e saúde coletiva como sinônimos.

Informe ENSP: A Escola vem num processo de reorganização do seu programa de pós-graduação em Saúde pública, culminando com a criação de dois novos programas - Saúde Pública e Meio Ambiente e Epidemiologia em Saúde Pública. Você fala, em sua palestra, que grandes programas podem se desmembrar em grandes áreas e não em disciplinas. Como uma instituição pode fazer para não cair nesse problema?

Rita Barradas:
Eu penso que é difícil administrar programas muito grandes. De fato, é algo problemático. Entretanto, na questão por nota, o fato de ser grande não interfere, pelo contrário, grandes programas têm excelentes notas, e eu fiz essa análise na minha exposição. Mas eu creio que, à medida que o conhecimento vá avançando muito, é natural que áreas temáticas se constituam e se consolidem programas nessas áreas. Por exemplo, gênero e saúde, hoje, é um tema muito forte e importante. Na medida em que você consolide grupos de pesquisa e profissionais nessa área, é natural ter um programa neste tema para você gastar esses 24 meses que se tem para formar um mestre centrado numa temática. O que eu acho pernicioso é dividir epidemiologia para um lado, ciências sociais para o outro, e, ainda, gestão e planejamento para outro. Isso desmembra a área. Agora, se eu juntar tudo isso em torno de temáticas, me parece que seria uma solução mais adequada.

Informe ENSP: Outro ponto de sua apresentação é a necessidade de expansão dos cursos de pós-graduação para as regiões Centro-Oeste e Norte, principalmente através de parcerias com instituições de ensino com programas formados.

Rita Barradas:
Essa é a única forma que eu vejo, neste momento, de começarem novos programas nessas regiões. Aqueles cursos, que já estão consolidados, podem ajudar na constituição de grupos de pesquisa nessas áreas, para que se constituam em grupos de pós-graduação. A Capes, hoje, vê isso muito bem; é algo que vai trazer pontos positivos para o programa que se dispuser a estabelecer essas parcerias. A ENSP/Fiocruz está iniciando uma parceria com o Acre, e o meu próprio programa está começando uma parceria em Cuiabá (MT) para um mestrado profissional, sob demanda do Ministério da Saúde.

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