Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Espaços saudáveis e sustentáveis: ENSP inaugura novo curso de especialização

Sustentabilidade. Esta foi a palavra de ordem no seminário inaugural do novo Curso de Especialização em Promoção de Espaços Saudáveis e Sustentáveis, realizado pela ENSP, em parceria com a Rede Brasileira de Habitação Saudável (RBHS). O evento, que trouxe para o debate a política de saúde ambiental brasileira, a importância dos ambientes saudáveis e sustentáveis e as possíveis interfaces entre eles, contou com a participação de diversos profissionais especializados e atraiu um público de mais de 60 pessoas.

Fernando Ferreira Carneiro, da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, falou sobre a formulação, as estratégias e linhas de atuação da Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA), cujo objetivo é proteger e promover a saúde humana por meio da proteção ambiental e, conseqüentemente, do enfrentamento dos determinantes socioambientais e da prevenção de agravos decorrentes da exposição humana a ambientes adversos. O palestrante também destacou a participação social na área de saúde e os indicadores para cidades saudáveis. "Saúde, sustentabilidade e controle social são itens que fazem parte dos indicadores. Eles facilitam o processo de tomada de decisão pois detectam o problema e possibilitam a intervenção mais direcionada", disse.

Crescimento populacional, êxodo rural e favelização

Haroldo Mattos de Lemos, que é presidente do Comitê Brasileiro do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Instituto Brasil Pnuma) e do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), traçou um panorama histórico sobre a concentração de pessoas em um só lugar: "Áreas propícias para a agricultura já apresentavam assentamentos humanos quatro mil anos antes de Cristo. Mas o que acelerou o processo de urbanização foi a revolução industrial, oferecendo mais oportunidades de trabalho e melhores condições de vida e educação para a população". De acordo com ele, até a Idade Média, o crescimento da população se dava de forma lenta e moderada. Em 1802, havia um bilhão de habitantes no mundo; em 1900, essa população cresceu para 1,5 bilhão de pessoas. Em 2050, a previsão é que esse número chegue a 9,3 bilhões de pessoas.

Segundo Haroldo Mattos, na década de 40, a população rural representava 70% da população mundial. Em 2007, no entanto, a população urbana ultrapassou a população rural. "Hoje, temos 80% de população urbana. Isso gerou favelização, acentuou o desemprego e trouxe desesperança aos moradores dos grandes centros urbanos. Para ele, isso reflete a falta de planejamento e do diálogo intersetorial. "Cidades são sistemas interdependentes que não conseguem funcionar sozinhos", alertou o palestrante. Sobre os 33% da população que vivem em favelas, ele foi enfático: "Apenas com políticas de desenvolvimento urbano sustentável vamos conseguir amenizar esse quadro".

Uma iniciativa pioneira

Alexandre Pessoa Dias, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP), falou sobre o novo curso e apresentou o 'Projeto de Habitação Saudável ENSP vai às Prefeituras'. "Nossa idéia, com as duas iniciativas, é atuar no centro do problema, no foco a partir de demandas trazidas pelas prefeituras, pelas pessoas que realmente convivem com o problema". Ele ressaltou que o conceito habitação saudável vai além da moradia - "ele é muito mais abrangente e complexo" - e que o curso é pioneiro, pois rompe paradigmas e trata da saúde a partir de sua origem. "A curiosidade de vocês é a força motriz da evolução deste curso", acrescentou ele.

Simone Cynamon Cohen, coordenadora do curso e da RBHS, expôs, detalhadamente, a proposta do curso e reafirmou: "Não queremos apenas formar, e sim oferecer subsídios aos profissionais para a aplicação do conceito de habitação saudável". Ela reiterou a idéia de que todos os lugares podem ser considerados habitações e completou: "Nosso propósito é alcançar cada um deles, buscando resolver os problemas em nível local".

Para o diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, a habitação saudável é um tema emergente no processo de reflexão da academia e nos desafios que a gestão do Brasil enfrenta. "Este curso inovador representa uma evolução da Escola diante dos temas que vão aparecendo na nossa contemporaneidade. Queremos passar para vocês a experiência acumulada que a ENSP tem. Mas, acima de tudo, estabelecer um intercâmbio de conhecimento, com o qual, certamente, cresceremos juntos. Vocês são participantes e protagonistas dessa nova jornada", afirmou, externando suas expectativas.



"Os temas ambientais são a linha de frente da saúde pública que, hoje, já ultrapassa seus próprios muros. Vamos participar do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - como instituição colaboradora na análise, formulação e planejamento dos modelos urbanísticos saudáveis que serão adotados, sempre reiterando o nosso compromisso com a inclusão da população. Acompanhar de perto esse desenvolvimento será uma grande oportunidade para os alunos deste curso", enfatizou Antônio Ivo.

Vera Lúcia Góes Pereira Lima, da International Union of Health Promotion and Health Education (IUPES/RJ), deu seqüência às apresentações mostrando a importância da educação e da promoção da saúde. De acordo com ela, a promoção da saúde deve ser um processo que visa à melhoria da qualidade de vida, pois estabelece campos de ação importantes, como a criação de ambientes saudáveis, a capacitação da comunidade e a implementação de políticas públicas favoráveis. Vera Lúcia destacou a importância dos princípios de eqüidade, que orientam a distribuição de oportunidades para o desenvolvimento pessoal e social de acordo com as necessidades apresentadas, ou seja, oferecer oportunidades iguais a todos os cidadãos para que possam desenvolver e manter a própria saúde.

Em seguida, Maria de Fátima Lobato, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (DAPS/ENSP), falou sobre o Programa de Formação em Promoção da Saúde e Desenvolvimento Social. Ela apresentou questões relevantes que serão discutidas no decorrer do curso como, por exemplo, a importância de ouvir o outro e a relação das pessoas com a saúde. "Todos esses fatores serão abordados e discutidos durante o curso. Vamos levá-los como aprendizado também para o nosso trabalho", garantiu.

Diálogo entre a população e o poder público como base para a mudança

O subsecretário municipal de Meio Ambiente de Nova Iguaçu, Flávio Silva, falou sobre iniciativas bem-sucedidas na área da construção de ambientes saudáveis e apresentou a experiência do Projeto Bairro Escola da Prefeitura de Nova Iguaçu. "O primeiro passo para elaborar projetos sustentáveis é conhecer de perto a realidade da população que queremos atingir. Outro ponto de destaque é a articulação e a união do que é preciso transformar com o que já existe na área. A palavra-chave para a sustentabilidade é equilíbrio. Sem isso, não conseguiremos seguir em frente", afirmou.

De acordo com ele, esse curso não apresenta fórmulas mágicas, mas ajuda a desenvolver o pensamento crítico voltado para promoção de mudanças e de cultura dos envolvidos. "Com esse pensamento seremos capazes de construir ambientes sustentáveis. A combinação de todos os esforços é que vai gerar os resultados", disse. "Hoje, em Nova Iguaçu, não elaboramos nenhum projeto sem o envolvimento e a articulação com a população. Ouvimos as necessidades das pessoas, desde crianças até idosos, e buscamos desenvolver projetos adequados às possibilidades da Secretaria", explicou, destacando que informação e transparência são essenciais para esse processo.

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos