Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Saúde coletiva brasileira: números da Capes mostram o crescimento da área

Seguindo a tradição de convidar grandes nomes da saúde brasileira para abrirem o ano letivo da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), 2008 não foi diferente. A responsável pela aula magna, na quarta-feira (5/03), foi a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) e atual coordenadora da área de Saúde Coletiva da Capes/MEC, Rita Barradas Barata. A convidada centrou sua exposição no panorama que a área de saúde coletiva tem no conjunto da pós-graduação brasileira e na capacidade de pesquisa nessa área no país, além dos desafios para o futuro. Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, os áudios e as apresentações realizadas na abertura do ano letivo da ENSP.

"A primeira coisa que me ocorreu foi fazer a contextualização entre saúde pública e saúde coletiva. Com o tempo, isso virou sinônimo na nossa linguagem, mas, quando começamos o movimento pela saúde coletiva no final dos anos 70, o que queríamos marcar era uma nova proposta de saúde, na qual a sociedade tivesse voz", explicou Rita Barradas na abertura de sua palestra. Segundo a expositora, historicamente, a saúde pública é tratada como uma iniciativa de governo, e, nessa época, o Brasil estava em período de ditadura e não tinha passado pelo processo de redemocratização, a Abrasco achou importante deixar essa marcação da saúde coletiva como um movimento forte que incorpora novos atores, questões e formas políticas de atuação sobre a saúde pública. Para ela, a saúde coletiva se divide em dois campos: o de saberes, com a formação de pesquisadores e profissionais, além da produção e divulgação de conhecimentos científicos; e o campo de práticas, que engloba as políticas de saúde, educação superior e científica.

Quanto à taxa de crescimento dos cursos de pós-graduação no Brasil, segundo dados de 1993 a 2006, a área da saúde coletiva teve um aumento maior do que o conjunto das demais áreas de conhecimento. Atualmente, o país conta com 46 programas de pós-graduação em saúde coletiva. Um número que chamou a atenção da pesquisadora é a quantidade de mestrados em relação ao doutorado. "Isso mostra que a saúde coletiva é uma área relativamente nova, onde os cursos estão se constituindo, e mostra uma outra característica, que é o investimento em mestrados profissionais", ressaltou.

Um dos problemas apontados pelo panorama da pós-graduação no país é a distribuição dos pesquisadores pelas cinco regiões. A maior concentração fica na região Sudeste, e um ponto a favor da área da saúde coletiva é o crescimento de cursos na região Nordeste, ampliando a desconcentração da formação no país. "Entretanto, nós não temos nenhum programa de saúde coletiva na região Norte e apenas um na região Centro-Oeste. Esse é um dos nossos desafios para esse momento: tentar fortalecer grupos nessas regiões através de parcerias como a que a ENSP está fazendo no Acre", afirmou.


Rita Barradas apresentou, ainda, um amplo panorama das notas dadas pela Capes, mostrando a distribuição de cursos por notas nas ciências da saúde e na saúde coletiva, o tempo médio de titulação de mestrandos e doutorandos, a inserção de novos alunos na pós-graduação e o número de docentes permanentes por instituição de ensino. A Fiocruz é a instituição com o maior número de docentes em saúde coletiva, totalizando 184, enquanto a Unisinos (RS) conta com apenas 9. Segundo a pesquisadora, "existe uma idéia de que ter um programa muito grande atrapalha na nota Capes, entretanto os dados mostram exatamente o oposto. Os programas pequenos têm nota média de 3, 6, enquanto nos 'megas', com mais de cem docentes, essa média fica em 5,5".

Sobre o mestrado profissional, Rita Barradas explica que essa é uma das modalidades vem crescendo no país, buscando qualificar os novos profissionais da saúde pública em uma formação diferenciada. Ao todo existem 226 cursos de mestrado profissional em todas as áreas, sendo 41 nas ciências da saúde e 13 na saúde coletiva. A pesquisadora apresentou ainda dados da produção de conhecimento no país, segundo censo de 2006 do Diretório de grupos de pesquisa do CNPq e da produção bibliográfica desses docentes entre os anos de 2003 e 2006.

Por fim, foram anunciados os desafios para a área da saúde coletiva. De acordo com Rita Barradas, é necessária uma maior definição da saúde coletiva a partir do campo de saberes "disciplinares", ter o cuidado com o desmembramento de grandes programas com um recorte disciplinar e não por temáticas, fortalecer ainda mais os mestrados profissionais, sempre com enfoque na formação profissional, melhorar a distribuição regional dos programas, principalmente para as regiões Centro-Oeste e Norte e ampliar parcerias internacionais Sul/Sul e Sul/Norte.

Abertura ressalta números expressivos da Escola

A solenidade de abertura do ano letivo da ENSP contou com as presenças do presidente da Fiocruz, Paulo Buss, do diretor da Escola, Antônio Ivo de Carvalho, a vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, o presidente da Abrasco, José da Rocha Carvalheiro, e dos quatro vice-diretores da Escola, Maria Helena Mendonça (Pós-Graduação), Carlos Machado de Freitas (Escola de Governo), Margareth Portela (Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico) e Vanessa Costa e Silva (Desenvolvimento Institucional e Gestão), além da palestrante.


Em seu discurso, o diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, destacou que esta cerimônia representa o melhor acolhimento possível aos alunos, porque mostra o quanto a ENSP se sente revigorada ao receber as novas experiências desses profissionais que estão em campo por uma melhor saúde pública brasileira. "É um momento também de dividirmos com vocês a nossa autovisão, o que a Escola representa para o país através de seu compromisso político, técnico e ideológico na construção das políticas públicas de saúde", afirmou o diretor.

Antônio Ivo destacou as mais de 1300 defesas de mestrado e teses de doutorado entregues, pela ENSP, ao longo da trajetória de sua pós-graduação, os mais de 40 mil profissionais de saúde que passaram pela Escola, seja de forma presencial ou na modalidade a distância, informando, ainda, que não há no país um estado brasileiro que não possua um profissional sem ter passado pelas salas da ENSP. "É motivo de orgulho para nós essa marca, e nos faz lembrar, diariamente, da nossa responsabilidade com o Sistema Único de Saúde", garantiu.

O diretor falou ainda sobre a expansão do ensino de pós-graduação da ENSP para o exterior com o primeiro mestrado em saúde pública em Angola, seguindo a diretriz do governo brasileiro em ampliar as parcerias Sul/Sul, e, no final de 2008, serão formados os 30 primeiros mestres em saúde pública naquele país.

Em seguida, a vice-presidente da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, lembrou que a ENSP representa 50% dos cursos da Fiocruz com nota seis na avaliação trienal da Capes e isso é motivo de orgulho para a Fundação. Por fim, foi a vez do presidente da Fiocruz recepcionar os novos alunos. Paulo Buss ressaltou que, por já ter ocupado o cargo de diretor da ENSP, sabe o valor da Escola para a saúde pública brasileira. Em seguida, lembrou o quanto a Fiocruz custa caro para a sociedade brasileira e todos, que aqui trabalham ou estudam, honram isso ao devolver tais investimentos através do desenvolvimento, cada vez melhor, de ensino e pesquisa para o país.

Novos alunos são apresentados às coordenações da ENSP

Na parte da tarde, os alunos voltaram a se reunir no Auditório Térreo da ENSP para a apresentação institucional da Escola, quando foram apresentados os coordenadores da Escola e suas repectivas áreas de coordenação:Maria Helena Mendonça (Pós-Graduação), Carlos Machado de Freitas (Escola de Governo), Margareth Portela (Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico) e Vanessa Costa e Silva (Desenvolvimento Institucional e Gestão). Os alunos também receberam as boas-vindas dos professores Sergio Koifman (coordenador do programa de Saúde Pública e Meio Ambiente), Maria Cristina Guilam (coordenadora do programa de Saúde Pública) e de Sheila Ferraz (coordenadora-adjunta do programa de Epidemiologia). Cada um falou das atividades de sua coordenação e de que forma os alunos podem melhor interagir com elas.


O novo portal da Escola também foi apresentado, pela primeira vez, aos novos alunos pela coordenadora de Comunicação Institucional, Ana Cristina Furniel. Falaram, ainda, a chefe do Serviço de Gestão Acadêmica, Maria Cecília Barreira e da Biblioteca da ENSP, Maria de Fátima Martins.

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