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Saúde Global é tema de novo curso de especialização da ENSP

Capacitar profissionais para a análise e discussão das relações entre a dinâmica da globalização e seu impacto sobre as políticas de saúde, os sistemas de saúde e a saúde das populações em nível nacional e internacional. Esse é o objetivo do curso de especialização em Saúde Global que a ENSP oferecerá, por meio do Núcleo Federal da Escola de Governo, com início ainda no primeiro semestre de 2008. O curso, cujo edital deve ser lançado em fevereiro, tem carga horária de 360 horas, é dirigido a profissionais de saúde coletiva, economia, ciências políticas e diplomacia, que trabalham na área de cooperação internacional de Ministérios e outros órgãos ou nas academias, e será realizado em Brasília. Saúde Global pode ser entendida como a área ou campo de conhecimento que lida com as questões internacionais que impactam ou se refletem na saúde das pessoas e populações, as quais requerem intervenções e políticas específicas.

Segundo Célia Almeida, pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps/ENSP) e coordenadora do curso, a proposta da ENSP reflete o interesse crescente que as relações entre Globalização e Saúde vêm despertando, desde meados dos anos 90, e a necessidade de formação e capacitação de pessoal para lidar com as questões oriundas dessas relações tanto na saúde quanto na diplomacia. "A idéia é que, ao final do curso, os profissionais estejam mais qualificados para analisar e discutir as formas como a globalização impacta, em nível nacional, as políticas de saúde, os sistemas de saúde e a saúde das populações e, complementarmente, que políticas, em nível nacional e global, são necessárias para responder aos desafios impostos por esses processos, minimizando o ônus que acarretam", destaca a pesquisadora.

Dentre os objetivos específicos do curso, também está a capacitação dos alunos para: analisar e discutir as questões relativas à saúde global que impactam as relações internacionais; identificar e analisar as questões relativas à saúde, que são intrínsecas às relações internacionais; desenvolver os conhecimentos necessários para subsidiar o debate sobre relações internacionais e saúde; e apoiar o processo de decisão para a construção e implementação de políticas voltadas para o alcance de maior eqüidade nos sistemas de saúde e de proteção dos bens públicos globais, capazes de colaborar para o bem-estar da humanidade.

Saúde Global: um novo objeto de estudo na Saúde Coletiva

De acordo com Célia Almeida, ao longo do tempo e com diferentes enfoques, a área denominada Saúde Internacional vem se preocupando com o impacto, principalmente econômico, dos processos de globalização na saúde das populações. "Inicialmente, a preocupação central se referia às ameaças externas sofridas pelos Estados Nacionais em relação às enfermidades infecciosas (epidemias e pandemias), ao ambiente, ao uso de armas biológicas e químicas, à migração humana e ao tráfico de drogas, entre outros. Posteriormente, também chamaram atenção os impactos diferenciados e as desigualdades provocadas pelos processos atuais de globalização na saúde das populações, com ênfase na relação entre desenvolvimento econômico mundial e saúde; no reflexo dos ajustes da economia sobre as condições de vida e saúde das populações e no papel dos organismos internacionais nesse processo; nos acordos multilaterais de comércio internacional e fluxos globais financeiros e comerciais, envolvendo a produção e comercialização de bens e serviços de interesse da saúde", explica, ressaltando ainda duas outras importantes questões que também precisam ser consideradas: o fato de a autonomia dos Estados nacionais, para definir suas próprias políticas, ser cada vez menor, e a impossibilidade deles solucionarem sozinhos determinados problemas que extrapolam sua capacidade de decisão.

Ainda segundo a coordenadora, as características desse campo de estudo, que mais recentemente vem sendo chamado de Saúde Global, definiram a perspectiva a ser adotada no curso. "O campo da Saúde Global, entendido como o resultado da influência recíproca e permanente entre as relações internacionais e os problemas de saúde, é interdisciplinar. Ou seja, ele possibilita abordar o estudo dos determinantes nacionais e internacionais da saúde das populações numa perspectiva mais ampla, que envolve o saber de distintas disciplinas, com o objetivo de propor a adoção de políticas sociais e de saúde que apontem para a solução desses problemas", acrescenta Célia.

Dentre os temas a serem abordados nos módulos do curso, estão a perspectiva histórica da Saúde Global, os organismos e a legislação internacional em saúde, globalização e reformas do setor saúde, transnacionalização dos riscos, ciência, tecnologia e saúde, globalização e recursos humanos em saúde e cooperação internacional e saúde. "Para enfrentar essa complexidade, o curso está sendo elaborado com a colaboração de pesquisadores e docentes de diferentes unidades da Fiocruz e contará também com a participação de profissionais do Ministério da Saúde, do Ministério das Relações Exteriores e de outras instituições e organizações brasileiras e internacionais que trabalham com o tema", enfatiza a coordenadora.

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