Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Conferência finaliza debates abordando ciclo de vida

Marina Bittencourt e Tatiane Vargas

No último dia (21/10) de atividades da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde foi realizada a mesa de alto nível Determinantes sociais da saúde e ciclo de vida, coordenada por Riz Khan, da Al Jazeera English. A mesa contou com a presença da diretora-geral de Inovação, Informação, Evidência e Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny, da vice-diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Geeta Rao Gupta, da vice-diretora executiva e secretária geral adjunta do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Purnima Mane, da ministra da Saúde e Serviços Sociais da Finlândia, Maria Guzenina-Richardson, do diretor-geral da International Organization for Migration (IOM), Willian Lacy Swing, e do professor emérito da Universidade Western Cape, David Sanders. Na mesa, foram debatidas a questão da infância e da adolescência e a relação do comércio com os determinantes sociais da saúde.

A vice-diretora executiva da Unicef, Geeta Rao Gupta, deu início a mesa. Segundo ela, fatores sociais são as principais causas do resultado do desenvolvimento da infância. Dados revelam que mais de 20 mil crianças não chegam ao quinto aniversário. Geeta Rao Gupta afirmou que igualdade na saúde é uma questão de justiça social. "Na Unicef trabalhamos vários setores integrados, como educação, desenvolvimento na primeira infância e na adolescência, nutrição e saneamento básico. É preciso tratar dos elementos-chave para alcançar uma igualdade com intersetorialidade", disse ela.

Para a vice-diretora executiva e secretária geral adjunta do UNFPA, Purnima Mane, se as recomendações da Comissão da Organização Mundial de Saúde sobre DSS fossem tratadas pelos países de forma séria, poderíamos alcançar os objetivos do milênio. De acordo com Purnima, adaptar os programas, entender o contexto de cada local e absorver as ideias da comunidade é necessário para atingir a diminuição das iniquidades sociais. "Trabalhamos para os mais marginalizados, é fundamental ouvi-los".

"Estamos nos concentrando numa abordagem de ciclo de vida que garanta que os determinantes sociais da saúde sejam levados em consideração desde a primeira infância e também estendemos esse trabalho a pessoas idosas; a ideia é fazer com que essa população não seja forçada a uma situação de pobreza", afirmou a diretora-geral de Inovação, Informação, Evidência e Pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), Marie-Paule Kieny. Segundo ela, a OMS considera três aspectos fundamentais, entre eles: o monitoramento dos indicadores de saúde de acordo com valores sociais desde a infância e em todas as fases da vida; trabalhar a intersetorialidade; e utilizar o papel da OMS para compartilhar experiências que funcionam e as que não funcionam.

Em seguida, o professor emérito da Universidade Western Cape, David Sanders, apontou que existe um espaço inaceitável entre o mundo pobre e o rico. Segundo ele, uma em cada dez mulheres pobres tem chance de morrer no parto, além disso, há 37% de óbitos de crianças na África. "Existe um tipo de comércio desigual no mundo que implica a desnutrição e a não segurança alimentar, é um rompante avassalador", ressaltou David. O professor apontou ainda que as questões relacionadas ao comércio desigual não foram mencionadas na Declaração do Rio e, para ele, a discussão da questão é fundamental para se conseguir atingir alguma mudança na realidade da saúde mundial.

A ministra da Saúde e Serviços Sociais da Finlândia, Maria Guzenina-Richardson, explicou que a Finlândia é um Estado de bem-estar social que foi criado ao longo de um processo. Segundo ela, o Estado de bem-estar social é a própria base para lutar contra as desigualdades sociais. "Na Finlândia, o sistema de saúde, as clínicas e os benefícios funcionam e a igualdade de gênero é muito grande. Muitos países se direcionaram a um Estado neoliberal e agora vemos que essas escolhas os fizeram enfrentar crises. Acredito firmemente no Estado de bem-estar social, mas mesmo na Finlândia enfrentamos problemas".

Por fim, o diretor-geral do IOM, Willian Lacy Swing, tratou do tema dos imigrantes. Para ele, a migração também é determinante social da saúde. Atualmente acontece um grande aumento da imigração e também se nota o crescimento de um sentimento anti-imigrante. Para ele, os governos e as organizações deveriam fazer muito mais para informar e educar a população sobre a importância e direitos dos imigrantes. Segundo David, hoje há uma feminilização dos migrantes (49% são mulheres, muitas com crianças) e isso deixa essa população muito mais exposta. "Se continuarmos a excluir os migrantes do contexto da saúde vamos acabar colocando migrantes sem saúde em comunidades saudáveis. Deve-se aumentar o diálogo entre os países de origem e de destino", destacou o professor.

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