Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Painel faz radiografia da saúde pública no mundo

Tatiane Vargas

"O Brasil tem alcançado muitos progressos em relação aos determinantes sociais da saúde ao longo dos últimos anos. É preciso continuar nesse caminho para enfrentar os problemas", enfatizou o presidente da Associação Internacional de Epidemiologia, Cesar Victora, no painel Mudando o papel da saúde pública, realizado na tarde do segundo dia (20/10) da Conferência Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, no Rio de Janeiro. O painel, coordenado por Victora, contou com as exposições do ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi, da ministra de Saúde Pública e Saneamento do Kenya, Beth Mugo, do presidente da Associação Médica Mundial, José Gomes do Amaral, e do presidente da Associação Mundial de Saúde Pública, James Chauvin. O painel abordou o contexto de HIV/Aids na África do Sul, a comercialização da medicina, o esforço contínuo para entender as causas da tuberculose no Kenya e um retrato do papel do médico na discussão dos determinantes sociais da saúde.

Iniciando o painel, a ministra de Saúde Pública e Saneamento do Kenya, Beth Mugo, falou sobre a questão da tuberculose no país e disse que desde 1990 o Kenya enfrenta o crescimento da doença no território. Segundo ela, em 1990 existiam cerca de 15 mil casos de tuberculose no país; em 2007, os casos aumentaram para 116 mil; e, atualmente, existem cerca de 100 mil casos. No país, o tratamento é fornecido sem custo para todos os usuários do sistema público de saúde. Ainda de acordo com a ministra, o crescimento da doença é alimentado, entre outros fatores, pela pobreza, pelo tabagismo e pelo alcoolismo. Beth destacou também ações para o enfrentamento da tuberculose, como busca ativa de casos-controle para diminuir a vulnerabilidade da doença e a busca de soluções customizadas para a população.

O ministro da Saúde da África do Sul, Aaron Motsoaledi, abordou o contexto nacional e político enfrentado pela África do Sul no combate da epidemia de HIV/Aids. O ministro falou ainda sobre o crescimento da tuberculose devido à epidemia de HIV/Aids no país e ressaltou que a África utiliza estratégias semelhantes às do Kenya no enfrentamento da tuberculose. Segundo ele, será lançada pelo ministério da Saúde do país uma nova estratégia de combate ao HIV/Aids para os próximos cinco anos, focada na questão da prevenção e do desenvolvimento humano. "Falando sobre prevenção, atualmente, no país, temos a maior estratégia de aconselhamento e testagem. Já chegamos ao atendimento de 14 milhões de pessoas. Possuímos 409 centros de saúde que fornecem tratamento antirretroviral e mais de dois milhões de pessoas já foram testadas. Além disso, a testagem também é utilizada para diabetes, hipertensão e tuberculose", citou o ministro. De acordo com Motsoaledi a estratégia utilizada atualmente é baseada no que foi aprendido anteriormente, o que possibilitou uma expansão na questão dos determinantes sociais da saúde e sua relação com HIV/Aids e tuberculose.

Em seguida, o presidente da Associação Médica Mundial, José Gomes do Amaral, destacou a perspectiva do papel dos médicos dentro do contexto dos determinantes sociais da saúde. José Gomes apontou que é preciso priorizar alguns grupos de iniciativas para se obter resultados significativos. Para ele, é fundamental começar pela essência médica: a prática clínica. "Não podemos nos limitar apenas à prática clínica. Para garantir o melhor padrão de assistência possível - o único que pode ser aceito como definitivo - ainda temos que seguir alguns passos. Assistência de qualidade é um determinante de saúde direto. O médico tem que usar sua competência científica e técnica e priorizar a saúde em qualquer iniciativa, sendo ela pública ou privada", disse ele.

José Gomes destacou, ainda, que é necessário defender as causas das doenças, e os médicos e a sociedade não podem desconsiderar o papel político dos médicos para influenciar a administração política, as autoridades e, principalmente, os cidadãos, para que eles entendam o contexto dos determinantes sociais da saúde, que vão resultar na melhoria da qualidade da saúde. Por fim, o médico citou que os profissionais da área devem realizar monitoramento de processos, ou seja, usar sua qualificação para avaliar o contexto de saúde da população. "Os médicos devem reunir evidências para convencer a sociedade do cenário atual; assim, poderão agir ativamente na questão dos DSS", afirmou.



Para falar sobre o papel dos trabalhadores da saúde pública, denominada por ele como comunidade de saúde pública, pois representa todas as pessoas que trabalham para ou em saúde pública, o presidente da Associação Mundial de Saúde Pública, James Chauvin, afirmou que é necessário saber lidar com os determinantes sociais da saúde. "Há cem anos nossos ancestrais de saúde pública já falavam sobre DSS, não os chamavam com esse nome, mas já pensavam no que significavam em sua essência. Os determinantes sociais da saúde já existem há mais de um século", disse ele. James Chauvin finalizou enfatizando que justiça social e equidade são os pilares centrais das pessoas que trabalham com saúde pública.

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