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Isags é oficialmente lançado no Rio de Janeiro

Antonio Fuchs

O ex-ministro da Saúde e pesquisador da ENSP/Fiocruz, José Gomes Temporão, assumiu, nesta segunda-feira (25/7), pelos próximos três anos, a Coordenação Executiva do Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde. A solenidade, que marcou a inauguração do Isags, aconteceu no Rio de Janeiro, reunindo ministros, vice-ministros e representantes dos 12 países que integram o organismo. Em seu discurso, Temporão destacou que a agenda estratégica de saúde do Mercosul abarca um conjunto de temas, como os determinantes sociais da saúde ou sistemas universais, que serão prioritários para o Isags na busca do mais alto grau de saúde para as populações.

Segundo o coordenador executivo, o Isags foi estabelecido com o desafio de buscar uma agenda inovadora para temas que afetam a América do Sul, onde o instituto estabelecerá seus projetos e diretrizes, tendo como base as diversas transições que a saúde vem enfrentando hoje em dia. São elas: a transição demográfica, que traz impactos substantivos para os sistemas de saúde, principalmente no âmbito da organização e dos custos, e a transição epidemiológica, em que as doenças crônicas e as violências prevalecem. Temporão alerta para a projeção que a Organização Mundial de Saúde faz para os próximos 20-30 anos, com o crescimento das doenças senis e neuropsíquicas. "Tais patologias mudarão e impactarão profundamente nossos sistemas", disse.

A alteração no padrão de consumo de alimentos na sociedade, aliada às mudanças educacionais contra o sedentarismo, e consequentemente contra todas as patologias ligadas a estes problemas, como hipertensão ou diabetes, foi discutida. Quanto à transição tecnológica, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Isags deverão apresentar estratégias de gestão e políticas de incorporação de novas tecnologias que atendam às necessidades dos países. A transição organizacional tem por foco a busca de novas governanças para os serviços, redes e sistemas, enfrentando o desafio de como trabalhar a saúde de forma mais integrada às demais políticas sociais. "A questão mais importante é o desafio da construção de sistemas universais e a relação entre público e privado na construção desses sistemas", informou Temporão.

Mas para desenvolver essa agenda estratégica de ações, o Isags terá de conhecer a fundo a realidade dos sistemas de saúde dos 12 países integrantes, para então promover o intercâmbio, a reflexão e a geração de inovações, colocando à disposição dos Ministérios da Saúde do continente as melhores práticas evidenciadas para a área. O Isags trabalhará desenvolvendo e formando lideranças, novas abordagens e metodologias para os serviços de saúde. Promoverá apoio técnico às instituições de governo do setor saúde, trabalhando em parceria com as cinco redes existentes do Unasul Saúde: Rede de Institutos Nacionais de Saúde (Rins); Rede de Escolas de Saúde Pública (Resp); Rede de Escolas Técnicas de Saúde (Rets-Unasul); Rede de Oficinas de Relações Internacionais em Saúde (Oris) e Rede de Institutos Nacionais de Câncer (Rinc).

Secretária executiva da Unasul profere conferência inaugural do Isags

Coube à secretária geral da Unasul, Maria Emma Mejia, fazer a aula inaugural do Isags, abordando o tema As perspectivas e integração social da Unasul. A expositora traçou um panorama histórico dos duzentos anos dos movimentos de libertação da América Latina e como os países conseguiram vencer, ao longo desse período, as mais diversas crises globais. Todo esse envolvimento culminou no que hoje é a Unasul - uma união em que se pode avançar pela qualidade de vida dos cidadãos por meio de uma agenda social de intercâmbio entre os países. "As ações fundamentais do Isags/Unasul, em parceria com os Ministérios da Saúde, devem passar pela redução da pobreza, da exclusão social e das desigualdades, sempre respeitando os direitos humanos", ressaltou.

Maria Mejia destacou ainda a retomada do crescimento econômico e da melhor distribuição de renda na América Latina, principalmente na última década. Para ela, a América Latina tem de acabar com o estigma de que quem nasce pobre será sempre pobre, e seguir o exemplo brasileiro, que, nos últimos anos, retirou mais de 40 milhões de pessoas da pobreza. "Atualmente, a América do Sul conta mais de 124 milhões de pessoas na pobreza (32%) e 52 milhões de indigentes (13%). São cerca de 400 milhões de pessoas. Esse é o verdadeiro desafio à nossa frente, e somente com políticas públicas voltadas para a saúde, educação e segurança, por exemplo, poderemos mudar isso", concluiu.

Dirigentes destacam importância do Isags

O subsecretário-geral das Américas do Sul, Central e Caribe, embaixador Antonio José Ferreira Simões, ressaltou que a experiência brasileira é fundamental para o instituto a fim de auxiliar na construção de um escudo epidemiológico na América do Sul e na formação de quadros profissionais para a região. "Só teremos uma saúde melhor para a população do Brasil se tivermos o mesmo trato nos países da América do Sul, oferecendo um sistema de saúde público de qualidade para todos", afirmou.

Já o secretário de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) do Ministério da Saúde, Luiz Odorico Monteiro de Andrade, que representou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que o trabalho do Isags deve acompanhar as questões dos determinantes sociais da saúde. Trata-se de uma agenda importante colocada para os avanços da Saúde Pública na América do Sul. Lembrou ainda que o desafio do instituto, por meio da Unasul Saúde, é cuidar da defesa da qualidade de vida dos povos da região. Por fim, destacou o trabalho brasileiro nos últimos oito anos: tirar da miséria aproximadamente 40 milhões de pessoas. "O desafio para a saúde brasileira é o atual crescimento econômico do país, aliado ao envelhecimento da população e à luta pela eliminação da extrema miséria. Esses são exemplos importantes que o Brasil tem para compartilhar com os países da Unasul", encerrou.

Para o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, o lançamento do Pro-Isags reflete uma maior cooperação entre os países da América do Sul atualmente. Já o coordenador de Relações Internacionais da Fiocruz, Paulo Buss, falou sobre a determinação em construir e contribuir para a unidade da América do Sul. Para ele, a evolução da Unasul tem sido dinâmica e deve ser celebrada entre os 12 países em prol da saúde.

Durante a solenidade, foram apresentados o Conselho Diretivo do Isags, composto dos ministros da Saúde da Unasul, e o Conselho Consultivo, formado pelos coordenadores dos grupos técnicos e das Redes da Unasul Saúde. Ao final do evento, foi lançado o site oficial do Isags, que está disponível para consulta no endereço http://isags-unasul.org/site/, e apresentadas as instalações do instituto, localizado na Av. Nilo Peçanha 38 - 5º andar, Centro/RJ.

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