Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Projeto busca inovação na organização e na gestão da atenção hospitalar do SUS

Avaliação de experiências inovadoras no âmbito da organização e gestão da atenção em hospitais do SUS é o tema de mais um projeto que será desenvolvido no âmbito do Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-ENSP). Coordenado pela pesquisadora Marilene de Castilho Sá, chefe do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps), a pesquisa pretende identificar experiências de organização e gestão do cuidado e de introdução de inovações gerenciais nesse campo, num esforço para gerar conhecimento aplicável ao enfrentamento dos problemas de qualidade da assistência hospitalar no SUS.

Segundo Marilene, esse é um desafio muito importante para os serviços públicos de saúde de uma maneira geral e, particularmente, nos hospitais. "Compreendendo a natureza complexa e multidimensional do cuidado em saúde, esse projeto tem como objetivo a problemática da organização e gestão da atenção à saúde no âmbito hospitalar do SUS."

A pesquisadora apontou que, nos últimos anos, temas como a qualidade e integralidade da assistência, a produção do cuidado, o trabalho em equipe, o acolhimento e a chamada 'humanização' dos serviços de saúde vêm ocupando uma posição cada vez mais central na agenda de discussões setoriais. Do mesmo modo, explicou ela, "intensificam-se os estudos e iniciativas de adoção de diretrizes e protocolos clínicos, acreditação hospitalar, padrões e busca de maior segurança para os pacientes e outras, cujo escopo e finalidade são a qualificação da assistência prestada pelos hospitais. Essas unidades têm uma realidade muito complexa, com problemas e processos que escapam na maioria das vezes das possibilidades de intervenção das nossas ferramentas do campo do planejamento e da gestão".

Para o desenvolvimento da pesquisa será realizado um levantamento dos projetos e iniciativas que caracterizem inovações para essa área. O alvo da pesquisa são os hospitais brasileiro do SUS - públicos, privados contratados, filantrópicos - que tenham mais de 100 leitos, estejam desenvolvendo experiências de organização e gestão da atenção e tenham como diretriz a melhoria de qualidade do cuidado. Os hospitais participantes receberão questionários padronizados, em meio eletrônico, com perguntas fechadas e abertas, que serão a base para a alimentação de um banco de dados.

Um desafio desse projeto de pesquisa, de acordo com Marilene, é caracterizar o que é a inovação. Para Marilene, essa é uma questão importante, pois "nesse âmbito da atenção em saúde, cuidado em saúde e, particularmente, do cuidado da atenção hospitalar, não estamos lidando apenas com produtos ou processos bem estruturados. Por menor que seja o nível de complexidade da assistência, o campo do cuidado e da atenção hospitalar é central, marcado por dimensões relacionais, interativas. E o que queremos é encontrar e ressaltar o impacto dessas iniciativas na qualidade da assistência".

Um dos produtos dessa pesquisa, de acordo com Marilene, é a construção de um Catálogo de Experiências Inovadoras, desenvolvido a partir das respostas do levantamento feito nos hospitais. Os questionários da pesquisa serão respondidos por diretores, responsáveis e gestores das unidades. "Cada um receberá uma senha de acesso. No momento em que estiverem respondendo ao inquérito, eles estão automaticamente alimentando o banco de dados. As informações coletadas ficarão armazenadas em um servidor da ENSP. Depois de coletados, os dados serão processados, tratados e transformados em informações, que ficarão disponíveis para a sociedade, para os gestores e os profissionais do SUS, de um modo geral."

As informações serão analisadas a partir de uma série de variáveis consideradas relevantes do ponto de vista teórico e metodológico. "Queremos encontrar e destacar inovações, mudanças realmente implementadas. Serão conferidas a classificação, descrição e análise das experiências a partir da montagem de uma grade que contemple, entre outros elementos, os atores envolvidos e estratégias utilizadas."

A segunda etapa do projeto prevê uma avaliação mais profunda de algumas das experiências e inovações encontradas por meio do inquérito. "Selecionaremos de três a cinco experiências que serão objeto de estudos de caso. Ainda não sabemos quantos casos serão selecionados. Isso dependerá do que encontraremos no campo. Nesse estudo mais aprofundado, vamos priorizar as experiências que, de fato, representam inovação para a área."

Para a também pesquisadora do Daps/ENSP e vice-coordenadora do projeto, Creuza da Silva Azevedo, um dos objetivos desse estudo é poder identificar o que há de comum nessas experiências. "Pensando o SUS e a possibilidade de aplicabilidade, a importância de identificar o que é comum entre as estratégias e os dispositivos utilizados nas experiências". Isto será possível por meio do inquérito. Por outro lado, ressaltou Creuza, também é muito importante compreender a singularidade dessas experiências, o que só é possível através da realização dos estudos de caso.

Marilene completou dizendo que a abordagem estratégica metodológica utilizada procura dar conta das duas características. "Do ponto de vista da extensão do que se tem de comum dentro desse universo de experiências e o que se tem de particularidade, de singularidade. E, a partir disso, pensar a combinação das diversas estratégias que podem ser utilizadas", apontou.

Alguns outros desdobramentos possíveis para esse projeto são a atualização do Catálogo e a organização de um Observatório de Experiências de Gestão da Atenção Hospitalar. Mas, ainda segundo ela, esses desdobramentos não estão no escopo do Inova-ENSP, que tem a previsão de dois anos de duração. "Com esse mapeamento, pretendemos revelar, do ponto de vista da gestão, como é possível apreender esses processos e impactar, imprimir mudanças. Esse é o grande desafio", afirmou ela.

Além de Marilene e Creuza, o projeto conta com a participação dos pesquisadores do Daps/ENSP Sheyla Lemos e Victor Grabois, da pesquisadora visitante, Lilian Miranda, a bolsista de pesquisa Marcela Cunha, e as alunas de mestrado Raquel Andrade Barros e de doutorado Maria Liana Fonseca.

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