Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Pesquisa pode subsidiar políticas para melhoria da qualidade de vida

O público lotou o salão internacional da ENSP, na quarta-feira (11/5), para homenagear o pesquisador Miguel Murat - falecido há um ano -, na sessão científica que apresentou os resultados da pesquisa Dimensões Sociais das Desigualdades (PDSD) - 2008: módulo saúde, da qual Murat fez parte. O projeto foi coordenado pelo pesquisador Alberto Najar (DCS/ENSP) e realizado por meio de um inquérito domiciliar, com representatividade em todo o território nacional, totalizando uma amostra probabilística de 8.048 domicílios.

O objetivo da pesquisa foi promover uma avaliação da situação atual da sociedade brasileira, buscando subsídios que possam propiciar políticas públicas e, assim, favorecer melhorias das condições de vida dos brasileiros. O estudo fez parte do Programa Institutos do Milênio (2005), desenvolvido pelo Iuperj, Fiocruz, UFBA, UFF, UFMG, Unicamp, PUC-RJ.

Antes da apresentação, várias homenagens foram feitas à família do pesquisador Miguel Murat. O diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, destacou a visão crítica, a inquietação, a coragem de assumir desafios e o compromisso com o trabalho científico do pesquisador Miguel Murat. Marilene Sá Castilho, chefe do Daps, departamento do qual Miguel fez parte, afirmou que homenagens são importantes na vida de uma instituição e a realização de uma sessão científica sobre um trabalho desenvolvido por ele é uma forma justa de homenageá-lo.

Em seguida, num momento que emocionou a todos, a pesquisadora Carla Lourenço (Daps/ENSP) entregou uma placa à viúva de Miguel e pesquisadora da ENSP, Ilara Hammerli Sozzi de Moraes. Muito comovida, Ilara afirmou que a lembrança do pesquisador o torna vivo dentro da instituição. "A morte não deixa uma última palavra. Enquanto vocês se lembrarem do Miguel, ele estará vivo nesta casa."


O coordenador da pesquisa Dimensões Sociais das Desigualdades (PDSD) - 2008: módulo saúde, Alberto Najar (DCS/ENSP), disse que sentia saudades das reuniões em que se encontrava com Mônica Campos (ENSP/Fiocruz), Luiz dos Anjos (UFF), Claudia Travassos (Icict/Fiocruz), Josué Laguardia (Icict/Fiocruz) e Miguel Murat (ENSP/Fiocruz) para discussão do projeto. Na sequência, fez uma breve apresentação sobre o módulo da saúde - inserido em um projeto mais amplo dos Institutos do Milênio.

"Essa pesquisa procurou replicar, ajustar e refazer alguns resultados da Pesquisa sobre Padrão de Vida, de 97/98, que cobria aspectos sobre a investigação das desigualdades e da mobilidade social no Brasil. No nosso trabalho sobre a saúde da qualidade de vida, aplicamos o SF-36, um questionário a respeito da qualidade de vida já validado para o Brasil. Convidamos os alunos da Escola a desenvolverem dissertações de mestrado e teses de doutorado sobre os resultados da pesquisa."

A pesquisadora Mônica Campos apresentou os resultados do projeto. Segundo ela, o módulo saúde contemplou o questionário Short Form Health Survey 36-item (SF-36) - sobre qualidade de vida relacionada à saúde; doenças crônicas não transmissíveis; antropometria e o uso e procura por serviços de saúde. A pesquisa teve uma amostra probabilística de 8.048 domicílios, totalizando 12.423 chefes de famílias e cônjuges adultos com idade maior ou igual a 20 anos.

Segundo a pesquisadora, o SF-36 contemplou componentes físicos e mentais, e o questionário revelou que 37% das pessoas com mais de 20 anos não tinham nenhuma morbidade, enquanto 63% possuíam pelo menos uma. Outro dado comprovado diz respeito à escolaridade. Quanto maior for o grau de escolaridade, maior será a qualidade de vida, seja para as pessoas saudáveis ou para aquelas que possuem uma morbidade. "Isso comprova que os analfabetos possuem mais problemas em relação à qualidade de vida".


Ao relacionar os fatores de risco com os anos de estudo, Mônica mostrou que o fumo e a bebida estão relacionados. Conforme aumentam os anos de estudo, há uma prevalência maior do consumo de bebidas e uma diminuição do fumo. "Temos maior proporção entre o consumo de bebida e cigarro naqueles que estudaram da 5ª à 8ª série."

Sobre os estudos antropométricos, a palestrante observou que existe uma associação direta entre a hipertensão e o colesterol nas pessoas obesas, com o dobro de chances de encontrar esses agravos nessa população. Por fim, comentou o acesso aos serviços de saúde. "Em relação à distribuição por idade e sexo, o padrão de necessidades de saúde dos brasileiros segue um padrão universal: mais problemas de saúde no fim da vida, sendo eles mais referidos pelas mulheres. Observamos, tanto na PNAD 98/2003 quanto na PDSD-2008, um padrão de desigualdade social na saúde, em razão de as necessidades de saúde e o uso dos serviços serem distribuídos desigualmente entre as distintas classes de renda e de graus de instrução, sendo maiores nas classes de menor rendimento/escolaridade".

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