Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Seminário discute a importância da promoção da saúde vocal para profissionais da voz

"É muito importante dar valor ao profissional da educação, pois, quando a saúde do professor está ameaçada, é a educação que adoece", foi o que destacou o 2° secretário do Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (Sinpro-Rio), Afonso Celso Teixeira, no I Seminário Nacional de Promoção da Saúde Vocal para Profissionais da Voz, o Humaniza Voz, realizado, no dia 16 de abril, no salão Internacional da ENSP, com o objetivo de ampliar a promoção da saúde vocal por meio da conscientização das pessoas a respeito do cuidado com a voz e da humanização.

O evento, coordenado pela pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP Andréa Gomes de Oliveira Aguiar e pela fonoaudióloga especialista em voz, Kelly Park, proporcionou um espaço para palestras, reflexões, vivências, debates e capacitações com a participação de múltiplos atores. O evento foi realizado em alusão à semana Nacional da Voz, comemorada de 12 a 16 de abril.

A abertura do seminário contou com a participação de um coral composto de pacientes laringectomizados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em seguida, o 2° secretário do Sinpro-Rio, Afonso Celso Teixeira, destacou a importância da campanha 'Voz para Educar', realizada pelo Sinpro-Rio desde 2006, desenvolvida para prevenir a disfonia ocupacional entre professores.


De acordo com Afonso, o docente, em sua jornada de trabalho, vive uma rotina em que usa sua voz por muitas horas seguidas, além de conviver com número excessivo de alunos em salas de aula, o que o faz, muitas vezes, competir com ruídos externos e internos, tendo de aumentar a intensidade da voz para ser ouvido. Além disso, "a falta de disciplina, a baixa remuneração, o aspecto emocional e a falta de informação sobre cuidados com a saúde vocal contribuem ainda mais para um dos grandes problemas que afetam os profissionais da educação que atuam como regentes de turma: as disfonias ocupacionais", ressaltou o 2° secretário.

Para Afonso, é muito importante dar condições favoráveis de trabalho para os profissionais da educação, como, por exemplo, trocar quadros de giz, por quadros de canetas, verificar se os aparelhos de ar-condicionado ou ventilador emitem ruídos que fazem com que o profissional tenha de aumentar o tom da voz, entre outros aspectos. "Quando o Sinpro-Rio lançou a campanha, nosso objetivo era atingir o professor. Hoje, alcançamos o reconhecimento, e a campanha passou a ser vista como uma medida de Saúde Pública. É muito importante dar valor ao profissional da educação, pois, quando a saúde do professor está ameaçada, é a educação que adoece", enfatizou Afonso.

Saúde Vocal para o SUS

Em seguida, a coordenadora do serviço de fonoaudiologia do Ambulatório do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP), Márcia Soalheiro, destacou a promoção e o cuidado da saúde do trabalhador ao explicar que é necessário trazer a questão da saúde vocal para o Sistema Único de Saúde, fazendo a promoção da saúde do trabalhador em geral, enfocando a saúde vocal. A pesquisadora lembrou ainda que a saúde do trabalhador constitui a área da Saúde Pública, que tem como objeto de estudo e de ação as relações entre o trabalho e a saúde.

Segundo Márcia, os distúrbios da voz relacionados ao processo de trabalho são definidos como qualquer alteração vocal diretamente relacionada ao uso da voz durante a atividade profissional que diminua, comprometa ou impeça a atuação ou a comunicação do trabalhador. Portanto, questões ambientais e organizacionais do trabalho, produtividade profissional, ausência de dados epidemiológicos e indefinição de proposição política necessitam de análise, pois entram numa questão política.

Ainda de acordo com a coordenadora, "não há normas que estabeleçam o que seria prejudicial para a saúde vocal do trabalhador, não há um política definida, ainda é preciso caminhar nesta direção. O Ministério da Saúde tem a Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador (PNSST) que identifica os agravos, mas não contempla a saúde vocal", explica.

"Existe a necessidade urgente de discussão do tema como um problema relevante para a Saúde Pública relacionado com o trabalho, considerando-se as causas, os determinantes, as estratégias de atuação, impactos e agravos decorrentes, assim como as atribuições e competências dos diversos setores envolvidos."

O Diretor do Departamento de Ouvidoria Geral do SUS, Adalberto Fulgêncio, também participou do evento e explicou como funciona o serviço de ouvidoria do SUS. Adalberto ressaltou que o Disk Saúde é a principal porta de entrada, junto com a internet, para o SUS. Segundo o diretor, trabalham estudantes universitários de qualquer área da saúde na Central de Teleatendimento, o que promove melhor atendimento devido a suas áreas de interesse. "Com isso, agregamos valor ao processo, o trabalho é feito com prazer pelos atendentes, sendo isso primordial para a saúde do trabalhador", afirmou.

Telemarketing e Voz

Finalizando a mesa-redonda: Voz e telesserviços: uma ligação perfeita, a pesquisadora do Cesteh Simone Oliveira apresentou o trabalho 'A Dimensão Gestionária no Trabalho de Telemarketing', fruto de estudo que subsidiou um projeto de lei. Simone apontou para o contexto em que surgiu o serviço de telemarketing, levando em consideração as tecnologias de comunicação, o crescimento do setor de serviços e as tecnologias da informática abordando o sentido do trabalho.

De acordo com Simone, as características do trabalho associadas à faixa etária dos trabalhadores demonstra como essa nova realidade interage com a saúde dos trabalhadores do serviço de telemarketing e o que vem acontecendo de fato nas situações de trabalho. "Telemarketing está associado a um grande e diverso quadro de adoecimentos como: LER/DORT, perda da audição, disfonia além de problemas mentais e psíquicos", expõe.

Segundo Simone, os operadores de telemarketing vivem a mesma dramática das telefonistas: a dor que incapacita para o trabalho e a dificuldade de reconhecimento da doença por meio da racionalidade médica, além da vivência duplamente perversa: pois, além de estar doente, com dor e afastado, sofrem muitas vezes com a humilhação e o desrespeito. "É preciso reconhecer a Dimensão Gestionária do trabalho, ela deve ser reconhecida pelos próprios trabalhadores, profissionais de saúde e pesquisadores como elemento fundamental para a prevenção dos adoecimentos e para a promoção da saúde", concluiu Simone.

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