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Educação é aliada para redução da desigualdade, afirma economista

"O Brasil sempre surpreende", afirmou o economista e chefe do Centro de Políticas Sociais, filiado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, durante sua conferência de abertura do ano letivo da ENSP em 2010, realizada na segunda-feira (22/03), que teve como tema Educação, distribuição de renda e desenvolvimento humano: uma abordagem transversal. Em sua exposição, Marcelo Neri destacou que entre 2003 e 2008 os índices de pobreza no país caíram 43%, enquanto que a renda per capita do brasileiro subiu 5,3% ao ano.

Trazer convidados especiais para a abertura do ano letivo já é uma tradição da Escola. A solenidade contou com as presenças do diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, e da vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Maria do Carmo Leal. "Ninguém passa pela Escola sem levar a marca da ENSP. E ninguém sai da ENSP sem deixar sua marca na Escola", disse Antônio Ivo ao ressaltar a importância da instituição para a saúde pública brasileira.

O diretor lembrou que ex-alunos da Escola estão presentes em mais de 60% dos municípios brasileiros e que atualmente a ENSP conta com turmas de mestrado e doutorado em seus três programas - Saúde Pública, Saúde Pública e Meio Ambiente e Epidemiologia em Saúde Pública -, que já concluiu mais de 15 turmas de mestrado profissionalizante, uma modalidade stricto sensu associada as necessidades reais do sistema de saúde. O ensino presencial lato sensu tem mais de 600 alunos e na modalidade a distância são mais de 40 mil alunos em todo o país.

Em sua apresentação, Marcelo Neri buscou retratar quais os avanços das áreas de educação e combate à pobreza nos últimos anos, melhorando, desta forma, a qualidade de vida da população brasileira. O economista nomeou as décadas brasileiras de acordo com o que elas representaram para a sociedade. Sendo assim, as décadas de 60 e 70 podem ser consideradas como aquelas em que o país passou por um crescimento e enfrentou a ditadura, os anos 80 são de redemocratização e instabilidade financeira, a década de 90 é a da estabilização e a década de 00 é a da redução da desigualdade de renda e emprego formal.

"Nos anos 60 e 70 pensavam pouco sobre educação para a população. O objetivo principal era emancipar a sociedade e virar uma democracia. Já na década de 80 tivemos os picos de inflação e de desigualdade de renda, fatores que determinaram a agenda política das duas décadas seguintes", afirmou. Para Marcelo Neri, a década 10 será aquela em que o país passará por uma revolução da qualidade do ensino.

"Historicamente, nenhum país do mundo teve mais inflação que o Brasil entre 1970 e 1995. Até 2008 estávamos em segundo lugar, perdendo apenas para o Congo. Sendo assim, é impossível para os gestores discutirem como levar crianças para a escola se a real necessidade é administrar a inflação", destacou Marcelo Neri.

O economista apresentou dados revelando que entre 2001 e 2008 houve um aumento da renda média familiar per capita em todo o país e classificou o período entre 2003 e 2008 como uma 'nova pequena grande década', em virtude da redução da desigualdade social, por conta de aumento da renda de trabalho, fruto de uma maior educação da população e de programas assistenciais como o Bolsa Família. "Cada real gasto com Bolsa Família reduz 384 vezes mais os índices de pobreza do que o gasto com a Previdência", disse.

Segundo Marcelo Neri, atualmente os 10% mais ricos da população brasileira detém 43% da renda. Há doze anos esse valor era de 50%. Enquanto que os 50% mais pobres detém 15%. "Isso é reflexo de dois grandes saltos. O primeiro entre 92 e 95, na qual a pobreza no país cai de 35% para 29%, fruto do plano Real, e de 2003 a 2008, caindo de 28% para 16%, o que podemos chamar de Real do Lula", ressaltou.

Com relação ao futuro, o economista se diz bastante otimista para os próximos cinco anos. Segundo ele, se o país continuar mantendo o mesmo crescimento de 5,3% ao ano, até 2014 a pobreza cairá 50% no Brasil. Em 2003 o país contava com 50 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. Atualmente são 29 milhões e o possível cenário para 2014 é chegar a 14,5 milhões.

Os dados apresentados mostram que a renda do brasileiro está crescendo por conta da educação. Quanto maior o nível de instrução, mais remunerado a pessoa será. Entretanto, Marcelo Neri reconhece que a educação ainda é ruim no país, principalmente na qualidade do ensino nas escolas públicas e que este é um dos grandes desafios para os próximos anos. "Muitos pensam que a evasão escolar em jovens é grande por conta de renda e trabalho. Não é verdade. Isso representa 27%, enquanto que 40% dos jovens estão afastados da escola por falta de interesse nos estudos. Temos que mudar isso", disse.

Por fim, Marcelo Neri trouxe dados de uma pesquisa mundial realizada em 2006 na qual analisa o índice de felicidade de uma população comparada ao seu IDH. Surpreendentemente, o Brasil ficou em primeiro lugar quando a população disse o que esperava do futuro nos próximos cinco anos. "Num pais com tanta desigualdade e problemas, nosso povo é feliz. Por isso digo que o Brasil é surpreendente", concluiu o economista.

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