Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Valorização do planejamento e da gestão encerra ciclo de atividades

Discutir as redes hospitalares, reforçar e valorizar a gestão e o planejamento em saúde, assim como apresentar um mosaico de opiniões sobre o sistema de saúde foram os objetivos da mesa-redonda 'Gestão de redes hospitalares e de sistemas de serviços de saúde', que encerrou o Ciclo de Atividades Planejamento e Gestão em Saúde: Perspectivas e Tendências, realizado pelo Departamento de Administração e Planejamento em Saúde da ENSP. O evento contou com palestras do professor e pesquisador francês Michel Crémadez, que abordou as redes de cooperação hospitalares da França.

A mesa, coordenada pelo pesquisador Francisco Javier Uribe Rivera, do Daps, foi composta com a presença de Crémadez, diretor pedagógico do Grupo Hautes Études Comerciaux (HEC France); Ana Luiza d'Ávila, do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (DMP/USP); Eugênio Vilaça Mendes, da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG); e Rosana Kuschnir, da Vice-direção de Escola de Governo em Saúde da ENSP.

Crémadez abordou o modelo francês de saúde e a rede de cooperação hospitalar. Segundo o pesquisador, foi montada, na França, uma agência regional dos hospitais, que tinha por objetivo otimizar e cuidar do atendimento hospitalar. "Houve uma necessidade muito grande de mudanças, sendo impossível mexer no contexto hospitalar sem mexer no contexto primário de saúde". De acordo com o professor, este ano, uma fusão deu origem às agências regionais de saúde, que atuariam para modificar os sistemas de saúde. Porém, os fluxos entre os dois sistemas (público e privado) têm atrapalhado a administração do conjunto.

Ainda de acordo com Crémadez, um dos maiores desafios para o sistema é realizar o planejamento de cima para baixo, de forma racional, não sendo a racionalidade que comanda, e sim os interesses individuais. "A cooperação entre as instituições necessita atuar em nível subjetivo e conciliar os interesses divergentes para achar o melhor caminho para todos e, principalmente, para a comunidade", destacou o professor. Segundo ele, o papel do planejador é criar condições e metodologias, além de atuar quando necessário para evoluir. "Mas, para isso, é necessário muitas vezes quebrar barreiras. Um planejador é como um editor, por exemplo: olha, critica, oferece sugestões e faz relatórios", concluiu Crémadez.

Papel do ator na regionalização do sistema

Em seguida, Ana Luiza Viana falou da mudança no sistema de saúde e o papel do ator regional na mudança do sistema. De acordo com ela, é imprescindível a introdução de novos atores, regras, valores, ideias e processos de aprendizagem para pensar a regionalização e a criação de espaços públicos. Segundo a representante da USP, no processo de regionalização, é fundamental destacar cinco ideologias: a questão democrática participativa, o valor de mercado (economia), os condicionantes sociais de saúde, a universalidade e a ideologia da gestão.

Eugênio Vilaça Mendes deu continuidade à palestra abordando as 'Redes de Atenção à Saúde no SUS' e apresentou a situação de Minas Gerais. Vilaça enfatizou que redes de serviços são diferentes de sistemas de saúde e ressaltou a importância de se conhecer as necessidades da população. Destacou três fatores importantes que indicam a situação da saúde: a mortalidade, a transição demográfica e a carga de doenças. "Os sistemas de saúde predominantes em todo o mundo estão falhando, pois não estão conseguindo acompanhar a tendência de declínio dos problemas agudos e de ascensão das condições crônicas. Quando os problemas de saúde são crônicos, o modelo de tratamento agudo não funciona", enfatizou Vilaça.

Fechando o último dia do ciclo de atividades do Daps, Rosana Kuschnir abordou os 'Cenários do Planejamento e Gestão em Saúde'. A pesquisadora falou sobre a regionalização e as redes de atenção, destacando as propostas de reforma do sistema de saúde brasileiro, a formação em saúde pública e o planejamento em saúde, a discussão da reorganização da atenção na década de 90 e a volta à discussão com múltiplos significados, inserida num grande campo de debate em que se encontram diferentes visões e abordagens.

Rosana destacou questões do Relatório Dawson, de 1920, e finalizou apontando que, para se buscar um referencial em saúde, é importante avaliar informações, como competição x integração, aumento à acessibilidade x perda da possibilidade de agir sobre condicionantes, e atendimento a demandas x alocação de recursos por necessidades.

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