Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Experiências exitosas em educação popular e habitação saudável

A união da educação popular com a temática da habitação saudável foi apresentada no IX Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em Recife. Este foi o foco da comunicação coordenada 'Moradia, vulnerabilidade e riscos à saúde', que contou com a participação da pesquisadora da ENSP Márcia Moisés, do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA). Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, o áudio das quatro exposições desta mesa.

A atividade começou com o pesquisador da Universidade Federal da Paraíba, Felipe Proenço de Oliveira, que apresentou o projeto 'Horta comunitária orgânica do conjunto Gervásio Maia'. O conjunto foi inaugurado em 2007 pela prefeitura, reunindo 1.300 famílias provenientes de acampamentos e ocupações do Movimento Nacional de Luta pela Moradia. "Com isso, os moradores conquistaram o direito de morar em uma casa com água, luz, gás e saneamento básico. Só que essa melhoria social acabou se tornando um problema", disse. Segundo Felipe, os moradores passaram a reclamar que moravam longe de onde trabalhavam, o acesso ao transporte público era deficitário e passaram a ter despesas como pagamento das contas dos serviços públicos.

Diante da falta de alternativas capazes de gerar renda, a partir de discussões com moradores e lideranças locais, surgiu como proposição viável, pelo rápido retorno e baixo investimento, a implantação de uma horta comunitária orgânica. O objetivo era gerar renda e garantir a segurança alimentar, melhorando a qualidade de vida dos moradores, estimulando a prática da autogestão e concretizando a transformação da realidade em que vivem. "Tal iniciativa tem se mostrado capaz de gerar produtos para a segurança alimentar, ocupação e geração de renda dos moradores desempregados que vivem em condições de vulnerabilidade econômica e social", afirmou o pesquisador. Para ele, e para os moradores, a horta comunitária orgânica tem sido uma importante conquista de cidadania, potencializando iniciativas de transformação social na localidade.

Biossegurança em instituições de saúde: estratégia para o avanço conceitual da habitação saudável

A segunda exposição foi da pesquisadora da ENSP Márcia Moisés, integrante da Rede Brasileira de Habitação Saudável, iniciativa coordenada pelo Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola. Márcia apresentou o projeto 'Biossegurança em instituições de saúde e a estratégia da habitação saudável: desafios e propostas para a rede brasileira de habitação saudável', que tem por objetivo fazer uma análise crítica sobre a temática da biossegurança em instituições de saúde como estratégia para o avanço conceitual da habitação saudável. "Atrelado ao conceito de biossegurança, o intuito da estratégia da habitação saudável é promover e proteger a saúde das populações em relação aos riscos a que estão expostas na habitação e no seu entorno", explicou. A pesquisadora lembra que a RBHS foi criada em 2002 com a finalidade de contribuir para a construção de políticas públicas saudáveis.

Entre os resultados obtidos da união da biossegurança com a lógica da RBHS, Márcia Moisés destaca a realização do curso de especialização em Promoção de Espaços Saudáveis e Sustentáveis, desde 2008, tornando-se uma importante oportunidade de troca de conhecimentos e informações, como também debates, discussões e construção de projetos de intervenção sobre tais temáticas.

"Podemos ressaltar que, calcados na valorização do diálogo e da criatividade, a coordenação e os componentes da RBHS já consolidam, por meio dos projetos de pesquisa e ensino organizados, importantes avanços quanto às reflexões iniciais sobre as questões da biossegurança em instituições de saúde como estratégia para o avanço conceitual da habitação saudável", encerrou.

Moradia de risco e saúde: moradores atingidos por deslizamento em Blumenau

A terceira apresentação foi de João Luiz Gurgel Calvet da Silveira, da Fundação Universidade Regional de Blumenau. Luiz exibiu o vídeo 'Mãe D'água', sobre as enchentes ocorridas em novembro de 2008 em Blumenau, que deixou 24 mortos e mais de 2 mil pessoas desabrigadas. João Luiz também falou do projeto 'Moradia de risco e saúde: representações sociais de moradores atingidos por deslizamento em Blumenau - SC', que ouviu nove moradores desabrigados da comunidade de Carijós, uma das mais afetadas pelas chuvas. "Procuramos entender os sentimentos do entrevistado para com o Coripós, se havia alguma pretensão de retorno à comunidade, mesmo depois da catástrofe, e os conceitos que eles tinham sobre moradia de risco e saúde", revelou.

Os resultados foram surpreendentes. Os moradores relataram satisfação e uma relação de empatia com a comunidade, não se configurando a 'necessidade' como motivo para residir no Coripós. Porém, após o evento, o sentimento mais citado foi a insegurança e o desejo de não retornar. O conceito de moradia de risco se relaciona às condições geológicas precárias do terreno, seguidas por violência do bairro e ainda como estrutura precária da construção. Já o conceito de saúde foi descrito pela maioria dos entrevistados como 'ausência de doença', seguido por 'boa higiene'. "A experiência vivenciada pelos moradores está fortemente presente nos relatos, com impacto na representação de moradia segura e nos sentimentos em relação à comunidade, determinando a decisão de não retornar. Porém, não há relação entre o conceito de moradia expressado pelos moradores atingidos com o conceito de saúde no seu sentido ampliado", disse.

Estudo nasce da necessidade de fortalecimento de sistemas nacionais associados com a habitação

Encerrando mais uma comunicação coordenada, Maria del Carmen Rojas, pesquisadora do Instituto de Investigaciones Geohistóricas (IIGHI) do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET) da Argentina, apresentou o trabalho 'Rriesgo, vivienda y salud. Metodología DRVS y su aplicación en Argentina, Cuba y Paraguay'. O estudo nasce da necessidade de fortalecimento dos sistemas nacionais e locais de vigilância dos fatores de risco e proteção da saúde, associados com a habitação, mediante o desenho de novos modelos e ferramentas que permitam o aprendizado dos fatores de desigualdade que possam contribuir para a geração de alternativas para o seu desenvolvimento na América Latina.

Para tanto, foi criada uma metodologia de diagnóstico chamada 'Diagnóstico del Riesgo de la Vivienda para la Salud (DRVS)', que trabaha com informações dos censos nacionais de população e habitação e planilhas de dados de governos locais. Os resultados obtidos de sua aplicação na Argentina, Cuba e Paraguai permitem explicar que habitação e saúde devem ser temas interligados para amenizar os problemas de vulnerabilidade social e que se deve trabalhar melhor os ativos e passivos do capital humano, social e físico a fim de amenizar situações de risco na sociedade.

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