Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Construção coletiva e protagonismo comunitário: alternativas a problemas sociais

Diálogo permanente, interlocução e compromisso com o mundo em que vivemos. Esses princípios foram defendidos pelo diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, durante o Centro de Estudos especial sobre 'As Políticas Públicas e a Construção da Cidadania: O PAC Manguinhos em Foco'. O evento reuniu diversos atores e protagonistas desse processo, tanto de Manguinhos quanto da comunidade ENSP, e possibilitou um amplo debate sobre o futuro das comunidades do entorno da Fiocruz. O áudio e as apresentações do encontro já estão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP.

Antes do início das apresentações, foi exibido o primeiro corte de um documentário que traz a visão do período de obras do Programa de Aceleração do Crescimento, que está acontecendo em Manguinhos. A mesa foi formada pela coordenadora do Observatório da Indústria Cultural, do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, Adriana Facina do Amaral, pelo representante do Movimento de Moradia em Vila Turismo, Manguinhos, Gilson Alves, pelo pesquisador da ENSP e coordenador do LTM/ENSP, Marcelo Firpo, e pelo diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho.

A produção do documentário é de Fabiana Melo Sousa, do Laboratório Territorial de Manguinhos, e da equipe do LTM. Segundo Fabiana, o filme está em fase de produção, e o debate no Centro de Estuados poderá ser utilizado no documentário. Fabiana disse ainda que se deparou com diferentes obstáculos na produção do filme, como falta de autorização para realizar filmagens em certos lugares da comunidade, em algumas obras, e também falta de resposta de autoridades do governo, entre outras dificuldades. "Em contrapartida, tivemos grande apoio e participação de moradores de Manguinhos e de pesquisadores da ENSP.

Antônio Ivo, que coordenou o debate, ressaltou a importância do diálogo permanente. "Recusamo-nos a chamar as atividades que desenvolvemos nesse campo de responsabilidade social. Elas não são contrapartidas à nossa inserção neste local. Somos uma instituição pública, com interesses públicos e responsabilidades públicas. Além disso, com o viés da ousadia, estamos diante de um novo desafio, que é a possibilidade de assumir com a Fiocruz a gestão do Território Integrado de Atenção à Saúde (Teia) em Manguinhos. Pretendemos fazer isto com uma perspectiva protagonista de todos os atores envolvidos", disse o diretor da ENSP.

Abordando a maneira pela qual o Brasil é representado em filmes e documentários estrangeiros, Adriana Facina do Amaral criticou a supervalorização da violência, criminalidade, miséria e ausência do poder público. Ela advertiu que "em nenhum momento, as questões sociais e culturais das localidades e até do país são consideradas. Há uma enorme estigmatização da favela, vivida também na sociedade brasileira. Hoje, a concepção de cidadania é completamente equivocada, ela se dá pelo capital."

O representante dos moradores da Vila Turismo alertou que as práticas do governo no processo de remoção das famílias muitas vezes são ostensiva e até truculentas. Porém, isso não impediu que os moradores se organizassem e criassem uma comissão. "Para o governo existe apenas a perspectiva da indenização ou da compra assistida. Mas isso está criando problemas ao invés de trazer soluções para a sociedade. Então, qual respeito essas pessoas terão? Muitas promessas foram feitas, e quase nada está sendo cumprido. Nós, moradores, nunca tivemos acesso ao projeto executivo das obras. Sem isso como vamos cobrar? A quem vamos recorrer? Não temos um documento oficial. A nossa luta continua pela moradia, mas principalmente pela garantia de direitos dos moradores", afirmou ele.

"Este documentário é um produto do LTM", disse Marcelo Firpo, apresentando os objetivos do Laboratório Territorial de Manguinhos e os conceitos enfatizados neste projeto. O LTM é um projeto-processo que busca contribuir para a constituição de uma promoção da saúde emancipatória no SUS. Trabalha o conceito de pesquisa-ação baseada em elementos centrais de produção compartilhada sobre o território, de forma participativa, compromissada, engajada, reflexiva e transformadora. Ele lembrou que o LTM tem como pressuposto que nenhuma política pública será efetiva se não criar simultaneamente condições para construção de autonomia individual e coletiva e novas construções de poder. "Destrinchar conjuntamente com a população os mecanismos desse processo histórico de inclusão e exclusão é um dos desafios específicos da instituição", completou.

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