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Pesquisadora apresenta experiência brasileira de habitação saudável em Cuba

Fortalecer parcerias e promover a sinergia de ações políticas, programas e projetos de habitação saudável foi o objetivo de Simone Cynamon, pesquisadora da ENSP, no I Simpósio Regional sobre Vivienda Saludable y Desastres e na VII Reunión Bienal de la Red Interamericana de Vivienda Saludable, realizados em abril, em Cuba. Além de apresentar a experiência brasileira, Simone também falou da Rede Brasileira de Habitação Saudável. Na ocasião, a pesquisadora foi nomeada coordenadora de investigações da Rede Interamericana de Vivienda Saludable.

A Rede Brasileira de Habitação Saudável, criada em 2002 e coordenada por Simone Cynamon, faz parte da Red Interamericana de Vivienda Saludable, que abrange 12 países. Seu objetivo é tornar qualquer ambiente construído um ambiente saudável desde a sua concepção ideológica e filosófica, para, assim, se refletir como um agente da saúde para seus moradores e usuários. Tal objetivo implica em um enfoque sociológico e técnico de enfrentamento dos fatores de risco e na promoção mais adequada em relação à orientação solar, à localização físico-geográfica-ambiental, à construção, à habilitação, à adaptação, ao gerenciamento, ao uso e à manutenção do ambiente construído e de seu entorno. O principal desafio dos projetos é a consolidação da intervenção sobre os fatores determinantes da saúde no espaço construído.

Segundo Simone, Cuba tem passado por desastres ambientais e por isso está muito interessada em fazer esse intercâmbio de experiência. "Em um curto espaço de tempo, os cubanos passaram por várias situações emergenciais e por essa razão estão estudando muito a vulnerabilidade e o risco". A pesquisadora alertou que, até o final de 2009, o Brasil também terá que organizar um encontro sobre a questão da prevenção de desastres ambientais, além de desenvolver possibilidades e tecnologias capazes de mitigar esses problemas. O objetivo será reunir pessoas e expertises para a discussão dessas questões, pois o país já está começando a sofrer as consequências de desastres em grande escala.

"Estamos pensando em uma cooperação técnica entre a Fiocruz e o Instituto Nacional de Higiene e Epidemiologia de Cuba. Queremos fortalecer e intensificar a atividade de habitação saudável nos dois países. Cuba trabalha com experiências muito interessantes, como o Programa Nacional do Arquiteto da Comunidade. Aqui, trabalhamos com o Programa Arquitetura Social. Devemos trocar essas experiências", comentou Simone.

Durante os encontros, Simone apresentou os indicadores de vulnerabilidade trabalhados no Brasil, os projetos desenvolvidos e o Sistema de Vigilância em Saúde Ambiental com ênfase na habitação saudável. Esse projeto, criado pela Universidade de Córdoba, na Argentina, foi trazido para o Brasil em uma cooperação técnica e agora está sendo adaptado à realidade brasileira. "Desde o ano passado, estamos trabalhando na adequação dos indicadores empregados nesse software e capacitando-o para analisar e diagnosticar a realidade brasileira. Os indicadores utilizados por ele são diferentes das necessidades que temos aqui. No Brasil, nossa grande deficiência ainda é o saneamento básico, por isso estamos propondo indicadores voltados para essa questão", apontou ela.

De acordo com a pesquisadora, a primeira aplicação desse Sistema de Vigilância no Brasil será em um assentamento em Campo Alegre, no município de Queimados, no Rio de Janeiro. Serão trabalhados o eixo de risco e o contexto de vulnerabilidade local. "Mas não queremos parar por aqui. Temos um foco e, depois, iremos ampliar nosso universo de investigação; teremos o contexto de risco para o bairro, para a cidade, o estado e assim por diante. Vamos avaliar os riscos de vulnerabilidade nas habitações, na unidade de saúde e na unidade escolar local com a ajuda desse software", explicou.

Com esses dados é possível desenvolver uma comunicação de risco, levar as informações para as unidades responsáveis e, a partir disso, desenvolver um planejamento de situações emergenciais. Com esse sistema, disse Simone, "queremos conseguir trabalhar o começo, meio e fim dos processos. O Sistema de Vigilância avalia contextos de risco e vulnerabilidade nos ambientes. A partir daí, temos subsídios para planejar ações que possam combater, mitigar ou prevenir as situações de risco e, assim, aplicarmos as tecnologias desenvolvidas."

Ao todo, são cinco países envolvidos nesse Sistema de Vigilância. Além da Argentina, que foi o país criador do sistema, também estão o Brasil, Cuba, Uruguai e Colômbia. A partir dessa nossa experiência, os outros países também se adequarão e começarão a fazer adaptações para os seus locais e suas necessidades. Depois, poderão ser feitos estudos comparativos entre os países.

A pesquisadora também lembrou do Curso de Especialização em Promoção de Espaços Saudáveis e Sustentáveis, que faz parte do Programa de Habitação Saudável da ENSP e tem como objetivo especializar arquitetos, engenheiros, agrônomos, tecnólogos ambientais, biólogos, geógrafos, geólogos e outros profissionais na área da habitação saudável, urbanismo sustentável, meio ambiente e saneamento ambiental.

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