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Pesquisa realizada na ENSP traz dados atuais sobre Aids após os 50 anos

A matéria 'Ministério da Saúde lança campanha de prevenção à Aids para pessoas que já passaram dos 50', publicada no Extra Online no sábado (29/11), traz dados divulgados pela psicóloga Marlena Zornittas, em sua dissertação de mestrado em Saúde Pública. A pesquisa 'Os novos idosos com AIDS: sexualidade e desigualdade à luz da bioética', realizada sob orientação do pesquisador José Luiz Telles de Almeida, do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde, foi apresentada na ENSP, no dia 5 de agosto.

Em seu trabalho, Marlene, que trabalha no Centro Nacional de Referência em Aids do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), afirma que a partir de 2003 foi possível observar, tanto nos ambulatórios quanto nas enfermarias de Aids, um aumento significativo de pacientes em idades mais avançadas - 50, 60, 70 anos. Parte deles, contaminados ainda mais jovens, mas que conseguiram, graças ao controle da doença pelos anti-retrovirais (ARVs), não só sobreviver, como também manter uma qualidade de vida satisfatória e envelhecer com aids. Outros que se souberam contaminados recentemente, ou seja, mais de 20 anos após o início da epidemia - uma 'nova geração' de idosos com Aids - expondo uma sexualidade, até então negada ou ignorada, e a vulnerabilidade desse segmento populacional às DSTs e à Aids.

Ministério da Saúde lança campanha de prevenção à Aids para pessoas que já passaram dos 50

"Nunca me preocupei com a Aids. Como não sou homossexual, achava que nunca teria doença". A afirmação é do aposentado Alberto Silva (nome fictício), de 65 anos, 40 de casado e há 17 diagnosticado soropositivo. Silva está na faixa etária público-alvo da campanha do Ministério da Saúde para o Dia Mundial de Luta contra a Aids, que acontece amanhã. Com o slogan "Sexo não tem idade. Proteção também não", a campanha quer atingir, principalmente, quem tem acima de 50 anos.

- O Brasil é provavelmente o primeiro país do mundo a tratar do tema sexualidade e Aids na terceira idade com campanha desse porte -diz a psicóloga Marlene Zornitta, que trabalha com portadores do vírus HIV no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão, desde 1987.

A psicóloga afirma que a vida sexual da terceira idade sempre foi ignorada pelos programas voltados para a saúde do idoso. No entanto, a maior incidência da Aids em pessoas com mais de 50 anos está forçando o debate. A ocorrência da doença praticamente dobrou nesta população nos últimos dez anos, saltando de 7,5%, em 1996, para 15,7%, em 2006, segundo o Ministério da Saúde.

- Não fosse o aumento no número de casos de Aids nesse grupo, a questão continuaria sem discussão - afirma Marlene, que apresentou em agosto o trabalho "Os novos idosos com Aids: sexualidade e desigualdade à luz da bioética", como conclusão do curso de mestrado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Ao contrário do que muitos imaginam, as pessoas acima de 50 anos têm uma vida sexualmente ativa: 73,1% fizeram sexo no último ano, mas apenas 22,3% usaram preservativo na última relação. O uso de camisinhas é um dos assuntos a ser tratado pela campanha.

Medo da impotência

- Muitos homens relatam que não usam camisinha, por não fazer parte dos seus hábitos. Mas o que está por trás é o medo da impotência - diz o médico Gérson Lopes.

Antes de contrair o vírus HIV, o aposentado Alberto usava preservativos esporadicamente. Após a doença, conta que a relação com a mulher, que não foi infectada e sabe de tudo, mudou muito.

- Fico com medo de passar para ela. Da camisinha arrebentar. Na cama, nunca mais foi a mesma coisa.

O médico Lopes explica ainda que não se deve usar dois preservativos juntos:

-O atrito pode aumentar, dando mais chances de arrebentar a camisinha.

Combate também ao preconceito

O preconceito e o estigma contra os paciente com Aids ainda persistem no Brasil, como revelam dados parciais de uma pesquisa comportamental realizada este ano pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde.

De oito mil entrevistados no país, 13% acreditam que uma professora portadora do vírus HIV não pode dar aulas em qualquer escola. Outros 22,5% afirmam que não se pode comprar legumes e verduras em um local onde trabalha um portador do vírus. E 19% acreditam que, se um membro de uma família tiver Aids, ele não deveria ser cuidado na casa da família.

Para discutir isso, o ministério preparou um evento - "O preconceito isola" - para o Dia Mundial de Luta contra a Aids. A intervenção urbana (tipo de obra de arte) será montada na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Um jovem ficará dentro de uma bolha transparente, impedido de tocar quem estiver do lado de fora. O objetivo é levantar o debate sobre a exclusão vivida por quem tem o HIV.

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