Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Habitação Saúdável e Universidade Aberta são apresentadas à delegação marroquina

Na quarta-feira (29/10), a ENSP recebeu uma delegação de dez técnicos do Ministério da Habitação do Marrocos. O objetivo da visita foi conhecer algumas iniciativas desenvolvidas pelo Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA) e ver de que forma elas envolvem o processo participativo. Na parte da manhã, os marroquinos assistiram a dois projetos do Departamento - Universidade Aberta e Rede Brasileira de Habitação Saudável (RBHS) - apresentados por suas respectivas coordenadoras, as pesquisadoras Débora Cynamon Kligerman e Simone Cynamon Cohen. Na parte da tarde, eles estiveram com representantes das comunidades do entorno da Fiocruz para entender o processo por outro ponto de vista.


Ciceroneados pela antropóloga francesa Caterine Reginensis, da Escola Nacional de Arquitetura de Paris, os marroquinos, que chegaram ao Rio no dia 23 e retornam a seu país neste sábado (01/11), estão participando de várias atividades com o objetivo de conhecer mais a fundo as políticas públicas brasileiras e projetos institucionais na área de habitação e em áreas afins. "Eles estão muito interessados em conhecer projetos de formação tanto para os técnicos do setor quanto para a população, de forma a ampliar sua autonomia", disse Caterine, destacando que a programação cumprida na visita foi montada com apoio de Maria de Fatima Cabral Marques Gomes, coordenadora geral do Núcleo de Pesquisa e Extensão Favela e Cidadania (Faci/ESS/UFRJ).

Na ENSP, o chefe do DSSA, Odir Clécio da Cruz Roque, recebeu os visitantes com uma breve explanação sobre o Departamento. "O DSSA surgiu já na criação da Escola, com o nome de Engenharia de Saúde Pública. Hoje, ele reúne profissionais de diversas formações - engenheiros, arquitetos, biólogos, oceanógrafos e educadores ambientais, entre outros -, o que reflete uma visão intersetorial e multidisciplinar da área", explicou.

Habitação: muito mais do que moradia

Após as palavras de Odir Clécio, a pesquisadora Simone Cohen apresentou a Rede Brasileira de Habitação Saudável (RBHS), criada em março de 2002. Como coordenadora do projeto, Simone expôs os principais conceitos que fundamentaram a criação da Rede, lembrando que o conceito de habitação remete a todo ambiente com o qual o homem interage. "Nós passamos grande parte do dia em nosso ambiente de trabalho, em nosso carro ou até mesmo num hospital quando ficamos doentes. Nós interagimos com inúmeros tipos de ambientes que podem ajudar a promover nossa saúde ou facilitar nosso adoecimento. Isso significa que habitação, para nós, é muito mais do que moradia", enfatizou.

Segundo ela, habitação saudável é aquela que funciona como agente da saúde de seus moradores. "Esse conceito implica num enfoque sociológico e técnico de enfrentamento dos fatores de risco e promove uma orientação para a localização, construção, habilitação, adaptação, gerenciamento, uso e manutenção da habitação e de seu entorno". A coordenadora falou da criação da Rede, como representação nacional da Red Interamericana de la Vivienda Saludable (RIVS), sua estratégia, seus objetivos, sua metodologia de trabalho - baseada na tríade ensino-pesquisa-ação - e alguns planos para o futuro, dentre eles um acordo com a Universidade de Córdoba (Argentina) para a realização de um Diagnostico Diferenciado em Habitação Saudável em cinco países da América Latina.

Ainda no âmbito da Rede, ela falou do projeto 'Habitação Saudável da ENSP vai às prefeituras', de aperfeiçoamento dos profissionais que trabalham na área, e do curso de especialização em Promoção de Espaços Saudáveis e Sustentáveis, que foi concebido com uma 'estrutura em Lego', ou seja, que permite vários 'encaixes' de acordo com a necessidade e o interesse dos alunos.

Universidade Aberta: um projeto que abriu as portas da Fiocruz para a população

Aproximar a comunidade acadêmica, produtora de conhecimento técnico-científico à realidade da população, também autora de conhecimento, a fim de, por meio de uma metodologia de pesquisa-ação, promover a associação desses dois saberes e sua utilização em favor da melhoria da qualidade de vida das populações moradoras no Complexo de Manguinhos. Esses foram, segunda Débora Kligerman, os objetivos de seu pai, o pesquisador da ENSP Szachna Eliasz Cynamon - falecido em junho de 2007, aos 82 anos -, ao criar e implantar o projeto Universidade Aberta, que funciona atualmente em estreita relação com a Assessoria de Projetos Sociais da ENSP. "Em 1993, diante uma onda muito grande de violência, a idéia de alguns era blindar o prédio da Escola e de outras unidades da Fiocruz, mas meu pai foi na direção contrária. Ele sugeriu que muito melhor do que blindar a Fundação seria abrir suas portas para os moradores das comunidades do entorno do campus", lembrou.

Em seguida, Débora falou sobre a metodologia utilizada no projeto, explicou a idéia do 'círculo virtuoso', que se forma na dinâmica de integração entre a academia e a população, sobre as linhas de pesquisa e os resultados alcançados. Além disso, mostrou os resultados de uma pesquisa que avaliou o impacto do programa sobre as comunidades da região. A coordenadora destacou que algumas das iniciativas criadas no âmbito do projeto já não existem mais, enquanto outras extrapolaram os muros da ENSP, dando origem a outras igualmente importantes.

"O importante foi o conceito que o Universidade Aberta semeou na Fiocruz", enfatizou, destacando algumas palavras do idealizador do projeto: "Acredita-se que a realização de um trabalho participativo e a troca constante entre o saber técnico-científico e o saber popular são capazes de aproximar a academia da comunidade além de promover a sensibilização; influenciar na mobilização e organização comunitária; ressaltar o crescimento intelectual, afetivo e psicológico das pessoas; garantir direitos estabelecidos por lei; e promover o fortalecimento dos laços sociais e comunitários".

Após as inúmeras perguntas feitas pelos visitantes, que demonstraram grande curiosidade por diferentes aspectos referentes ao tema, o educador artístico e membro da equipe técnica do projeto Universidade Aberta Natanael (Natan) dos Santos encerrou o encontro, exibindo para a delegação marroquina fotos de diversas atividades de educação ambiental - oficinas, peças teatrais, cursos etc. - realizadas com instituições parceiras.

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