Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Atividades ligadas à saúde no Brasil geram bilhões para a economia brasileira

O projeto que analisa e sistematiza informações sobre gastos e financiamento na Saúde e que também faz o acompanhamento de desempenho da área na economia foi apresentado no Centro de Estudos (CEENSP), na quarta-feira (01/10), pelos pesquisadores Ricardo Montes Moraes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e Maria Angélica Borges dos Santos, da Escola de Governo em Saúde da ENSP. Segundo os palestrantes, em 2005, as atividades ligadas à saúde no Brasil geraram R$ 97,3 bilhões, e a saúde pública foi responsável por 33,4% desse total. "O próximo desafio do grupo é desmembrar a Saúde Pública em vários componentes para compararmos, em maior detalhe, o que é produção e despesa pública e o que é produção e despesa privada. É um passo decisivo para consolidarmos a implantação do Sistema de Contas de Saúde no Brasil", assegurou Angélica.


'Economia da saúde - uma perspectiva macroeconômica 2000 - 2005' é o título da publicação que mapeia as atividades ligadas à Saúde no país por meio das contas de saúde. É o resultado de um trabalho conjunto do IBGE com o Ministério da Saúde, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

O evento, coordenado pelo pesquisador Adolfo Horácio Chorny (EGS/ENSP), reuniu diversos pesquisadores e alunos da ENSP, além de convidados de outras instituições. Ao iniciar a sessão, o diretor da Escola, Antônio Ivo de Carvalho, apresentou os convidados e falou da importância do CEENSP. "O Centro de Estudos é uma atividade acadêmica que busca trazer para o debate temas de fora das disciplinas regulares da Escola. Esse espaço é muito querido por todos nós", reconheceu. Logo após a apresentação dos palestrantes, Chorny contou que se aproximou desse projeto a partir de uma conversa com Angélica, que o apresentou aos objetivos e metas do trabalho. Em seguida, elogiou a apresentação. "É um privilégio termos aqui uma exposição que pode ser considerada um marco na saúde pública. Esse trabalho é um exemplo de articulação entre diversos setores em prol da saúde, e a coloca articulada com todos os setores produtivos", reconheceu.

Assim que começou sua apresentação, Ricardo Moraes explicou que a idéia da publicação é mostrar a saúde como um componente importante da economia do país, e que o projeto fornece informações que facilitam as análises do sistema de saúde como um todo. De acordo com o palestrante, as Contas de Saúde são elaboradas para sistematizar informações sobre gastos e financiamento na saúde, e o arcabouço utilizado para realizar esse tipo de cálculo é o Sistema de Contas Nacionais (SCN), que serve como a base de cálculo para o PIB e permite que os resultados e índices produzidos estejam metodologicamente vinculados a ele. "Com essa estrutura metodológica, a gente consegue fazer uma extensão do Sistema de Contas Nacionais, o que se chama de conta satélite. Contas satélite é como se você pegasse um setor específico da economia e colocasse uma lupa, refinando todas as informações do Sistema de Contas Nacionais para focalizá-lo", informou.

Na seqüência, Ricardo apresentou o total da produção por atividade na economia do país e o total das atividades relacionadas à saúde de 2000 a 2005. No último ano, por exemplo, a saúde pública demonstrou ser o setor que mais consome no campo, seguida das atividades relacionadas com atenção à saúde e a fabricação de produtos farmacêuticos. O representante do IBGE ainda explicou alguns conceitos utilizados para o cálculo das contas de saúde, como o 'consumo intermediário' por atividade e o 'valor adicionado' por atividade. "O consumo intermediário é igual aos bens e serviços que uma determinada atividade econômica consome para gerar seus bens e serviços. Para produzir serviços de saúde, um hospital privado consome medicamentos, energia elétrica, papel, telecomunicações, serviços de limpeza e vários outros bens e serviços. Por outro lado, o valor adicionado corresponde à diferença entre o valor da produção e o consumo intermediário da atividade. É uma medida da renda gerada por cada atividade a cada ano no país. "Com esses conceitos, calculamos que a participação no valor adicionado das atividades da saúde, em 2005, geraram R$ 97,3 bilhões, e a saúde pública foi responsável por 33,4% desse total, o que corresponde a R$ 32,4 bilhões", explicou.


Com relação a emprego e renda, Ricardo afirmou que as atividades de saúde foram diretamente responsáveis por mais de 4,0% do total de postos de trabalho no país entre 2000 e 2005. "As ocupações em saúde passaram de 4,1% total de ocupações em 2000 para 4,3% em 2005. Em números absolutos, em torno de 660 mil novos postos de trabalho foram criados pelas atividades de saúde no período".

Em seguida, Maria Angélica ficou responsável por apresentar a parte do estudo que focaliza o consumo final de bens e serviços de saúde. Segundo as pesquisas, do total das despesas relacionadas com bens e serviços de saúde, a administração pública respondeu por 38,8%; as famílias, por 60,2%; e as instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias, 1,0%. Dos gastos das famílias, os mais importantes foram aqueles com consultas, serviços médicos em geral e medicamentos. A Saúde Pública foi a principal despesa de consumo final das administrações públicas (passou de 2,4% a 2,6% do PIB, entre 2000 e 2005). "A administração pública também tem despesas com serviços de atendimento hospitalar e outros serviços relacionados com atenção à saúde - serviços mercantis que o governo adquire para oferecer gratuitamente às famílias", assegurou Angélica.


A representante da ENSP no Comitê Executivo do Projeto Contas de Saúde e uma das coordenadoras executivas do projeto afirmou que os gastos com medicamentos são a principal despesa com bens de saúde das famílias, representando 35,3% de seu total do gasto em saúde.

Já no final da apresentação, Angélica comentou os resultados do estudo e os desafios para o futuro. "Essa publicação é uma tentativa de acompanhar o desempenho da saúde dentro da economia. Analisamos informações sobre produção, consumo e renda, e considero que há um equilíbrio do número final, ou seja, estamos com um número muito mais adequado do que quando olhamos por uma só ótica. Captamos fenômenos que, normalmente, não eram captados e que não devem ser pequenos nem insignificantes, como as cirurgias plásticas, por exemplo. Nós vamos passar por novos desafios, que incluem apontar e refinar cada uma dessas despesas e, talvez, no futuro, dimensionar desde gastos em clínicas populares até outras diversas atividades que existem no Brasil".



Gráfico: IBGE

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