Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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SUS: radiografia de um sistema que ainda tem muito a avançar

O jornal Extra publicou uma reportagem especial, neste domingo (21/09), sobre os 20 anos do SUS. Para a sua realização, reuniu alguns jornalistas em sua sede, na Rua Irineu Marinho, no Rio, para um debate com o diretor da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), Antonio Ivo de Carvalho, que, acompanhado pelo pesquisador Francisco Braga (Daps/ENSP/Fiocruz), falou sobre a estrutura do SUS, avanços e problemas. Leia a reportagem na íntegra, a seguir, e navegue pelo 'Saiba mais' para ter acesso ao material completo.

Radiografia de um sistema que ainda tem muito a avançar

Em duas décadas, modelo de assistência médico-hospitalar brasileiro coleciona insucessos, conquistas. Para um país ainda jovem, em que a população depende de amparo do governo, o prognóstico é positivo.

Há 20 anos, a saúde no Brasil tornou-se um direito universal de uma população, que até então somente conseguia obter assistência médico-hospitalar se vinculada a um instituto de Previdência. Em 5 de outubro de 1998, promulgou-se uma nova Constituição Federal, com o mérito de expandir o acesso de todos os cidadãos à rede pública.

Se antes eram 30 milhões de privilegiados com cobertura garantida por estarem vinculados ao Instituto Nacional Assistência Médica Previdência Social (Inamps), hoje há 190 milhões de brasileiros legalmente, amparados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Na prática, porém, esse direito ainda se
equipara a uma prescrição médica que não sai do papel, porque o paciente não tem dinheiro para entrar em uma farmácia.

País tem o mérito de ter erradicação a poliomelite desde 1989

A radiografia da saúde nacional revela uma nação que erradicou a poliomielite (parasilia infantil) - o último caso da doença foi registrado em 1989 -, mas que ainda sofre os efeitos da febre amarela, que leva crianças, jovens e adultos a morte. Se de um lado o país foi reconhecido por ter a maior rede de bancos de leite humano do mundo - atestado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) -, de outro há um país que gasta pouco com cada cidadão que precisa de assistência (US$ 270 ou R$ 513). Em 1989, era ainda pior: US$ 40 (ou R$ 76).

Segundo dados do instituto de pesquisas internacional World Health Statistics, o Brasil hoje investe em saúde apenas 7, 9% do PIB (soma de todas as suas riquezas). A Espanha, por exemplo, aplica 8, 2%. A Alemanha, 10, 7%.

Quando se compara o que os governos gastam com saúde versus o investimento privado, no Brasil a distorção é ainda maior. Aqui, o governo arca com apenas 44, 1% do total de despesas. Na Espanha, o setor público é responsável por 71, 4% dos custos. Na Alemanha, o investimento governamental é de 76, 9%.

As mazelas do sistema também prejudicam a saúde do bolso dos médicos. Sem equipamentos adequados e com sobrecarga de trabalho, a categoria ainda sofre com baixos salários: 56, 9% dos profissionais em atividade recebem, no máximo, R$5. 700 de remuneração mensal, segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Avanços

Há, no entanto, avanços a contabilizar ao longo do percurso. Desde 1996, o
tratamento de Aids é garantido gratuitamente no SUS, a qualquer cidadão com HIV que viva no Brasil. Se há 12 anos havia 35.900 pacientes infectados recebendo medicamentos, no fim de 2008 já serão 185 mil em tratamento pelo SUS. E fazem sucesso entre os idosos brasileiros as campanhas de vacinação em massa.

No caso das crianças, o SUS incorporou ao calendário, em março de 2006, as
doses contra o rotavírus - que causa diarréia e vômitos, principalmente em
menores de 2 anos. Isso sem contar o combate à mortalidade infantil, que ainda mata 21, 2 por mil nascidos vivos.

Duelo de titãs

Investimento do governo é de apenas 44,1% das despesas

O Brasil também tornou-se exemplo nos anos 90, ao instituir os medicamentos genéricos, hoje até 85% mais baratos. Uma conquista para o bolso do consumidor e uma / dose certeira na combate ao poder de fogo dos grandes laboratórios, que não queriam ver suas patentes quebradas.

Já são 2.260 remédios já registrados. E os laboratórios públicos brasileiros
já produzem 7, 8 bilhões de unidades de medicamentos (quatro vezes mais do que em 1997).

Graças ao Programa Saúde da Família (PSF), 90 milhões já têm atendimento
básico. Em 1994, havia apenas 1 milhão. Um bom prognóstico para um país ainda jovem, com promessa de vida longa.

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