Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

Notícias

Notícias

Auditório lotado confirma compromisso da ENSP com saúde pública e meio ambiente

Iniciando as comemorações pelos seus 54 anos, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca reuniu os dois ministros com os quais tem maior interlocução para o desafio de enfrentar os temas saúde, desenvolvimento e ambiente. José Gomes Temporão e Carlos Minc, respectivamente ministros da Saúde e do Meio Ambiente, foram os convidados de honra da solenidade, que também reuniu o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, e o diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, na manhã de segunda-feira (8/09) no Auditório Térreo, que estava lotado. Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, o áudio da abertura e a conferência 'Saúde, ambiente e desenvolvimento: caminhos convergentes?', proferida pelo ministro Carlos Minc.


Enquanto o público tomava assento no Auditório, foi exibido o vídeo 'O Brasil contra a dengue', produzido por crianças da Oficina Portinari, do Espaço Casa Viva da Rede CCAP, parceira da ENSP/Fiocruz. O vídeo foi pensado e elaborado por cerca de 30 crianças e adolescentes, freqüentadores da Oficina. As crianças construíram as ilustrações e músicas que fazem parte do vídeo. Além disso, foi feita uma pesquisa sobre o panorama histórico da doença no Brasil e no mundo.

O diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, iniciou o evento lembrando que essa atividade vem ganhando valor crescente ao longo dos anos. Trata-se de uma mobilização de toda a Escola e um convite à comunidade de Manguinhos a compartilhar a visão da ENSP. "Com essa semana de atividades, não explicitamos apenas nossos conhecimentos acadêmicos. Vamos além dos conteúdos técnicos e disciplinares, mostrando o que fazemos por uma formação mais humana e cidadã, seguindo a visão estratégica da Fiocruz", explicou.

Em seguida, Antônio Ivo descreveu os três campos de destaque da Escola ao longo de sua história. O primeiro é o estudo científico, com a produção de conhecimentos no campo da saúde coletiva, principalmente através dos seus três programas de pós-graduação: Saúde Pública, Epidemiologia em Saúde Pública e Saúde Pública e Meio Ambiente. Este último é o único programa no país que reúne suas temáticas em uma pós-graduação exclusiva. Além disso, o diretor ressaltou a expansão da ENSP/Fiocruz para a África, com a realização do primeiro mestrado em Saúde Pública em Angola e, em breve, um programa de epidemiologia em parceria com instituições da Argentina, seguindo a política de cooperação internacional fomentada pela atual gestão do Governo Federal.

A Escola de Governo em Saúde é o segundo ponto de destaque da ENSP, mantendo suas funções de formação, capacitação e qualificação dos profissionais do SUS. Antônio Ivo destacou o novo Curso Nacional de Qualificação dos Gestores do SUS - abrangendo as 27 unidades federativas do país- que pretende qualificar 110 mil gestores do Sistema Único de Saúde pelos próximos quatro anos, usando, para isso, a experiência de Educação a Distância da ENSP, que completa dez anos em 2008. Por fim, o diretor da ENSP abordou o trabalho realizado por meio da Universidade Aberta, ampliando a relação da Escola com a comunidade de Manguinhos, que será mais integrado através do PAC Manguinhos.

O presidente da Fiocruz, Paulo Buss, disse estar feliz ao comemorar mais um ano de aniversário de uma Escola comprometida com a saúde pública e, agora, ainda mais preocupada com as questões ambientais, ressaltadas no tema que norteia a semana comemorativa dos 54 anos da ENSP. "É um orgulho para a comunidade da Fiocruz a reafirmação do compromisso da Escola com os campos da saúde, do ambiente e do desenvolvimento no Brasil e com países da América Latina e da África, seguindo as estratégias do Governo Federal explicitadas pelo ministro José Gomes Temporão".

Antes da conferência do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lembrou que não chegaria no lugar em que está se não tivesse passado pela ENSP, onde foi aluno de Sergio Arouca e outros tantos nomes de peso da área. Sobre a expansão da Escola e da Fiocruz pelo país e pelo mundo, o ministro Temporão lembrou que o projeto 'Mais Saúde' prevê a instalação de escritórios da Fiocruz em seis novas unidades federativas do país.

A respeito do tema escolhido para comemorar os 54 anos da ENSP - 'Saúde, ambiente e desenvolvimento: caminhos convergentes?' -, Temporão lembrou que se insere na nova agenda política da saúde pública brasileira ao trabalhar essa relação, destacando três pontos importantes a serem debatidos por todos. O primeiro é a questão dos alimentos e saúde, abordando as novas tecnologias e os produtos transgênicos que podem fazer com que o Brasil seja o primeiro país a suprir a escassez de alimentos. Entretanto, este é um debate que envolverá a produtividade, o uso de pesticidas e agrotóxicos e a relação dos trabalhadores com a saúde e o meio ambiente.

O segundo ponto levantado pelo ministro foi o crescimento da indústria automobilística do país, uma vez que mais veículos nas ruas trarão mais danos para o meio ambiente, aliado a uma precariedade dos transportes coletivos no país. Para Temporão, é vital que seja pauta de discussão política a redução de poluentes no ambiente. Por fim, Temporão ressaltou ainda a qualidade da saúde do ambiente para os profissionais da saúde, uma vez que hospitais e clínicas de saúde sobrevivem com eternos problemas estruturais e com uma formação cada vez mais técnica em detrimento da humanista. "Temos que fazer um retorno para a clínica e melhorar a qualidade do atendimento entre o terapeuta e o paciente", afirmou.


Para o ministro, experiências como o Saúde da Família e os Agentes Comunitários de Saúde são pontos positivos para esse processo. Temporão também criticou a saúde no Rio de Janeiro, que, segundo ele, "expressa o que tem de pior dentro desse ambiente, uma vez que o Estado conta com as mais altas taxas de tuberculose ou de amputação, decorrentes da diabetes em todo o país". "Temos que reorientar a atenção à saúde no Rio de Janeiro e olhar esse ambiente com uma visão menos técnica e mais pessoal", encerrou.

Saúde e ambiente como fatores de desenvolvimento do país

O apoio da Escola Nacional de Saúde Pública à criação de leis ligadas à saúde do trabalhador e a participação da saúde na 'disputa' entre o meio ambiente e o desenvolvimento econômico foram os temas da conferência de abertura da semana comemorativa dos 54 anos da ENSP, proferida pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, na mesma data em que completou cem dias à frente do MMA. Sendo parceiro, há muito tempo, da Escola na criação de leis que visam melhorias na saúde do trabalhador, Minc afirmou que, agora, no Ministério, pretende expor nacionalmente os trabalhos já desenvolvidos no Estado do Rio de Janeiro com o apoio do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/ENSP/Fiocruz).

A lei que acabou com o jateamento de areia no reparo de navios, nas metalúrgicas e refinarias, obrigando as empresas a mudar a tecnologia; a lei que retirou o chumbo tetraetila da gasolina, ajudando a preservar a saúde e o meio ambiente; a lei que proíbe a implantação ou ampliação de indústrias produtoras de cloro-soda com células de mercúrio; e o projeto de lei que determina a substituição do amianto/asbesto nas fábricas e no comércio foram alguns exemplos da importante aliança entre a saúde e o meio ambiente citadas pelo ministro. Em todos os casos, Minc destacou que era necessário enfrentar as indústrias e comprovar a relação entre a utilização dessas tecnologias e as doenças, além de propor tecnologias alternativas. "O jato de areia causou silicose ('pulmão de pedra') em 580 trabalhadores nos estaleiros navais e acabou graças às campanhas de fiscalização de ecologistas e metalúrgicos", afirmou.

Ao falar sobre o convite recebido para o Ministério, Carlos Minc revelou que fez algumas reinvindicações ao presidente da República. Segundo ele, o MMA deixou de 'opinar' em alguns assuntos de extrema importância, passando a ser um dos protagonistas em temas como saneamento ambiental, utilização de tecnologias limpas na indústria, com destaque para a forte influência da política nas questões relacionadas aos licenciamentos ambientais no país.


"É necessário aumentar o rigor e a exigência do licenciamento ambiental sem a interferência das questões políticas e financeiras. Além disso, o Ministério não 'apitava' nas questões de saneamento em uma época que é muito comum falarmos de multidisciplinaridade. O Brasil coleta e trata cerca de 35% do esgoto domiciliar, ou seja, 65% é despejado in natura nos rios, mares e lagoas - principal causa da mortalidade infantil. A meta, em dez anos, é aumentar o volume de esgoto tratado para 70%. Isso dobrará os investimentos das três esferas de governo e da iniciativa privada, mas não devemos encarar essa iniciativa como um gasto, e sim como um investimento que trará retornos positivos à saúde da população. Também devemos participar da discussão sobre a implantação de tecnologias limpas. O meio ambiente não pode ficar no 'gueto' dessas discussões, e a aliança com a saúde nos colocará à frente dessas questões".

O ministro ainda citou outros exemplos de projetos do governo que ressaltam o compromisso com o meio ambiente, como o pacto em que os bancos públicos irão financiar empreendimentos industriais que utilizem tecnologia limpas. "O Estado deve dar o exemplo. Não adianta termos um discurso que promova a sustentabilidade se não a cumprirmos na prática. Isso seria uma deseducação ambiental", admitiu. Minc ainda acrescentou que a parceria com a saúde é fundamental, mas deve ser mais consistente. "A saúde é uma área respeitada. Sua participação é essencial na disputa entre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. Essa aliança é estratégica, porém, ainda é tímida, em início de namoro. Mesmo que ainda não seja visível a todos, é capaz de mudar o desenvolvimento do país", finalizou.

voltar voltar

pesquisa

Calendário

Nenhum agendamento para hoje

ver todos