Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Cirhus 2008: segunda turma busca melhor gestão de RH para saúde na América Latina

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) deu início a segunda turma do Curso Internacional de Especialização em Gestão de Políticas de Recursos Humanos em Saúde (Cirhus 2008) que conta com 26 profissionais distribuídos entre a região do Cone Sul e três estados brasileiros (RS, SC e MS). O curso é baseado na experiência brasileira com a formação em larga escala de quadros de gestores de recursos humanos para o Sistema Único de Saúde, mas voltado para as necessidades da América Latina.

A coordenação é da pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Recursos Humanos em Saúde (Nehrus/Daps/ENSP/Fiocruz), Neuza Moysés e explica que o curso nasceu de uma tradição na própria Escola, principalmente nos anos 90, em ampliar o debate da formação de recursos humanos para a região, culminando em 2006 com a primeira turma do Cirhus voltada para a região Andina e estados da Amazônia Legal. Sobre a turma de 2008, Neuza revela que são 17 alunos internacionais - que trabalham nos ministérios da saúde de seus países ou estão ligados à academia -, e nove nacionais que são profissionais de recursos humanos das secretarias estaduais de saúde de seus respectivos estados. Além deles, a turma conta ainda com um aluno vindo de Angola e participará apenas da primeira etapa do curso.

"Nós esperamos que, além de ampliar a parceria entre a academia e o serviço na questão dos recursos humanos para a saúde, os alunos estrangeiros ajudem na implantação de observatórios de recursos humanos nos seus países para compor a Rede Internacional de Observatórios", afirma Neuza. Diferente da experiência anterior na qual os alunos foram divididos em grupos (região Andina e Amazônia Legal), essa turma permanecerá junta nas quatro etapas do curso. A primeira acontece na ENSP, na semana de 26 a 30 de maio e consta do seminário internacional e uma unidade de 'serviços'. A segunda unidade tem como foco a 'educação' e será realizada no Uruguai. A terceira - 'gestão' -, acontecerá na Argentina e a finalização do curso que deverá ocorrer no Rio Grande do Sul.

Secretário de gestão do trabalho do MS profere palestra de abertura do Cirhus 2008

O início das atividades do Cirhus 2008 reunindo os diversos parceiros na construção do curso. Participaram da solenidade de abertura o diretor da ENSP, Antônio Ivo de Carvalho, a coordenadora do curso, Neuza Moysés, da diretora do Departamento de Gestão e da Regulação do Trabalho em Saúde (Degerts/Sgtes/MS), Maria Helena Machado, além de Maria de Fátima Lobato (DAPS/ENSP), Delson da Silva (Escola de Governo em Saúde da ENSP), Célia Regina Pierantoni (IMS/UERJ), Judith Sullivan, da Opas-Argentina e Tânia Celeste, representando a Abrasco.

Segundo Maria Helena Machado, o Ministério da Saúde reconhece neste curso a oportunidade de contribuir na formação de profissionais da gestão do trabalho e educação para a saúde no âmbito da América Latina, de forma a diminuir as desigualdades existentes entre os países. "Além disso, temos a certeza de que o curso ajudará no desenvolvimento de uma rede internacional de gestão de RH para a região", destaca. Para o diretor Antônio Ivo, o curso é resultado de dois grandes pontos. O primeiro na tradição da ENSP e do Brasil no campo da formação em gestão para recursos humanos e educação na saúde ao longo das últimas décadas. O segundo é no esforço que a Escola vem fazendo ao se articular com outras instituições para recuperar o papel da América Latina frente as políticas mundiais e reduzir as suas desigualdades provocadas por um sistema internacional excludente.

A conferência de abertura foi proferida por Francisco Eduardo Campos, responsável pela Secretaria de Gestão e do Trabalho em Educação da Saúde (Sgtes/MS), que distribuiu dois textos da 'Health Workers for All and All for Health Workers' ('An Agenda for Global Action' e 'The Kampala Declaration and Agenda for Global Action') nos quais baseou sua exposição. Segundo o conferencista, a conclusão que se pode tirar dos documentos é que não há desculpas para se estabelecer ações no campo da saúde pública. O que falta são as decisões políticas para se reduzir as desigualdades existentes no mundo atualmente.

Sobre a gestão do trabalho no Brasil, Francisco Campos revela que essa questão sempre foi algo difícil e que nunca houve muita brecha entre os dirigentes da saúde para o seu amplo desenvolvimento. "Os antigos ministros da saúde sempre disseram que os recursos humanos para a saúde eram algo importante para o país, mas nunca conseguiram transformar realmente as palavras em ações. Somente na última década é que passaram a compreender a importância desse tema", afirma. Segundo o secretário, o Brasil encontra-se atualmente em uma situação muito mais privilegiada atualmente do que outros lugares do mundo, pois há uma decisão política na construção dessa área, estabelecida desde a criação da Secretaria de Gestão e do Trabalho em Educação da Saúde, em 2003.

"A gestão do trabalho é um campo complexo. Não há como pensar nela apenas pelo olhar da saúde. Temos que dialogar com a educação, a economia, a ciência e tecnologia", explica Francisco Campos. Com o Brasil ampliando a oferta para a área, chegou a vez de trocar experiências com a América Latina, e o curso Cirhus tem isso como uma de suas propostas. O secretário conta que não é de hoje que a América Latina se preocupa com a gestão de recursos humanos para a saúde, pois desde a década de 60 o tema já vem sendo tratado pelo Chile. Para ele, alguns pontos efetivos para o melhor desenvolvimento da área dependem do estabelecimento de um observatório de recursos humanos para toda a região, abrigando os observatórios de cada país, além de uma reforma curricular e uma maior articulação assistencial entre os países.

"Nunca a questão dos recursos humanos para a saúde esteve tão em pauta no mundo como agora, partindo da própria OMS ao dar uma maior ênfase a esse tema recentemente, e temos que aproveitar isso", ressalta Francisco. Desta forma, o secretário crê que o Cirhus é essencial para que os participantes possam intervir em seus países para mudar a atual política de recursos humanos em busca de resultados mais sustentáveis a médio prazo para a América Latina.

31 alunos formados na primeira turma do Cirhus

O Curso Internacional de Especialização em Gestão de Políticas de Recursos Humanos em Saúde (Cirhus) teve sua primeira turma em 2006, onde participaram 31 alunos representando os cinco países da região Andina (Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela), além de profissionais e técnicos dirigentes de recursos humanos dos estados da Região da Amazônia Legal: Acre, Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins.

Durante seis meses o grupo trocou experiências e discutiu a problemática de recursos humanos para os respectivos sistemas de saúde de seus países. A diferença dos ambientes do curso - região Andina e da Amazônia Legal - que poderia causar problemas com relação a experiência dos alunos participantes do curso, não aconteceu. Neuza Moysés explica que existiam muitas questões em comum levantadas pelos participantes, como o difícil acesso em ambas as regiões ou de precarização da mão de obra do profissional de saúde, fenômeno comum na América Latina. A primeira turma concluiu suas atividades em janeiro de 2007 com todos os alunos apresentando seus trabalhos finais.

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