Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca

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Trabalho utiliza educação em saúde como forma de combate à dengue

Capacitar Agentes Comunitários de Saúde (ACS) do PSF para combater à dengue, por meio da educação em saúde, é o principal objetivo de um trabalho realizado pela pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP (DSSA/ENSP), Márcia Moisés, em uma comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro. O projeto é uma ação conjunta entre o DSSA e o Departamento de Ciências Biológicas da ENSP na tentativa de buscar uma maior articulação com os ACS e reafirmar a importância dos conceitos e das práticas de habitação saudável, saúde ambiental, vigilância em saúde ambiental e educação em saúde.

De acordo com a pesquisadora, o trabalho consistiu em capacitar os ACS para que informassem a população dos cuidados e riscos relacionados à dengue, observando, inclusive, possíveis criadouros e alertando os moradores. Por conta disso, a equipe realizou diversas conversas com os agentes para ressaltar os conceitos e a importância da habitação saudável e da educação em saúde como forma de mudar as atitudes e comportamentos da população. "Um agente de saúde bem capacitado pode chegar à casa do morador e ter uma conversa educativa sobre a dengue enquanto faz seu trabalho normalmente. Além disso, ele também poderá verificar se existe algum criadouro, apesar de sabermos que seu trabalho é limitado, já que ele só vai poder apontar e registrar os casos".

Ao conversar com toda a equipe da Saúde da Família, Márcia revelou que os médicos e enfermeiros estão bem informados quanto à importância da habitação saudável, da vigilância em saúde ambiental e da educação em saúde. Porém, constatou que os ACS necessitam de mais informação, cuidado e acompanhamento. "O agente é um cidadão que também pode pegar dengue e está inserido em um sistema que não está dando certo. Porém, observamos que, em alguns casos, eles não tinham cuidados básicos com eles mesmos. Alertamos, entre outras coisas, para o cuidado com o calçado em áreas de roedores e sobre a importância de utilizar o protetor solar para atuar na comunidade", afirmou a pesquisadora, que trabalha com a questão do controle de endemias desde 1985.



Feita a capacitação com os ACS, a equipe de trabalho visitou 55 domicílios, nos quais foram realizados questionários amplos sobre a questão da moradia - já que o foco do programa também é a habitação saudável - e a educação em saúde. Dessa forma, a pesquisadora revelou que fez perguntas sobre seus conhecimentos a respeito da dengue, como adquiriram essas informações, se a rádio comunitária funcionava de fato e se o agente de saúde da dengue soube transmitir as informações corretas sobre o programa. Outro aspecto observado pela equipe esteve relacionado à falta de abastecimento adequado de água nas residências. "Quando as pessoas não possuem um abastecimento de água regular e adequado, a tendência é armazenar água e isso cria os focos. Eles até possuem alguma informação sobre a dengue, mas ela é distorcida. A associação de moradores é pouco mobilizada, e a rádio comunitária não funciona como um instrumento de divulgação. A questão do armazenamento de água pode ser resolvida com habitação saudável e políticas de saneamento".

A falta de continuidade do trabalho dos ACS pode estar relacionada à carência na capacitação desses profissionais. Segundo Márcia, muitos trabalham na forma de rodízio, sendo até dispensados quando há mudança na gestão dos municípios. Outro fator está relacionado à falta de empenho do próprio agente, que não realiza um trabalho criterioso.

O trabalho de Márcia, que também conta com a participação dos pesquisadores Simone Cynamon, Eduardo Dias Wermelinger e Cláudia Thaumaturgo da Silva, foi apresentado no II Seminário Brasileiro de Efetividade da Promoção da Saúde, realizado entre os dias 13 e 16 de maio no Rio de Janeiro. Para Márcia, o tema tem tudo a ver com a promoção da saúde. "Educação em saúde tem a ver com promoção. A educação está inserida na promoção e é quase que uma estratégia dela. A educação está atrelada a projetos e é um instrumento poderoso de mudanças, não só de práticas e hábitos, mas pelo jeito de pensar, sentir e agir. Com os conhecimentos, você muda sua prática e vai tentar mobilizar outras pessoas. Vemos cartazes e panfletos sendo distribuídos, mas isso não é educação em saúde, isso é 'jogar informação'. Educação em saúde são projetos e programas contínuos nas escolas, unidades de saúde, associações de moradores, movimentos sociais, dentre outros", exemplificou.

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