Portal ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca Portal FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

Sessões Científicas da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - ENSP

Rio, 19/05/2024

Notícias

Estudo compara condições de saúde, trabalho e qualidade de vida entre policiais civis e militares

Na última segunda-feira (10/08), a pesquisadora do Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Carelli (Claves/ENSP/Fiocruz), Edinilsa Ramos, proferiu uma palestra sobre 'Condições de Trabalho, Saúde e Qualidade de Vida dos Policiais Civis e Militares da Cidade do Rio de Janeiro: estudo comparativo'. Edinilsa realizou dois estudos seccionais e utilizou a triangulação de métodos, dando ênfase às abordagens qualitativas e quantitativas para comparar as corporações. O trabalho destacou algumas características que afetam a saúde e a qualidade de vida dos policias.

De acordo com a pesquisadora, "o objetivo do estudo foi realizar um amplo panorama sobre as condições de trabalho, de saúde e de qualidade de vida desses profissionais que atuam na capital do Estado do Rio de Janeiro". O tema dá continuidade às diversas pesquisas e projetos realizados em prol do processo saúde e doença dos policiais de todas as categorias. Os policiais responderam questionários em duas escalas previamente estruturadas e validadas, contendo 124 questões para a Polícia Civil e 107 questões para a Polícia Militar.

Edinilsa destacou que foram utilizadas duas escalas validadas no Brasil: Escala de Apoio Social, que possui 19 itens, sendo constituída de cinco dimensões: Emocional (compreensão dos seus problemas por outrem); Informação (recebimento de sugestões, bons conselhos e informação); Material (ajuda nas tarefas diárias caso fique doente); Afetiva (demonstração de afeto e amor); Interação positiva (diversão em conjunto com outros); e a Escala Self Report Questionnaire (SQR20), que mede a existência de distúrbios psiquiátricos menores ou sofrimento psíquico: depressão leve, ansiedade e agravos psicossomáticos, como dores de cabeça, insônia, entre outros, causados por distúrbios psicológicos.

"Os dados foram processados cumprindo-se quatro etapas: codificação, digitação, crítica da digitação e consistência. Foi efetuada, inicialmente, uma análise exploratória em que as duas corporações foram comparadas em relação a todas as questões", explicou. Ainda de acordo com a pesquisadora, para avaliar os resultados, foi usada também a técnica de Regressão Logística, que consiste em fazer uma modelagem para analisar a vitimização dos policiais, que incluiu seis questões dicotômicas: ferimento por projétil de arma de fogo, ferimento por arma branca, agressão física, violência sexual, tentativa de suicídio e tentativa de homicídio.

Os resultados do estudo comparativo entre as duas corporações mostraram que sobre o perfil sociodemográfico, em quase todos os itens do questionário, os policiais militares ficam em desvantagem em relação à Polícia Civil. Do ponto de vista do processo de trabalho, os policiais militares se queixam muito do excessivo peso da hierarquia e da disciplina. Sobre os problemas de saúde, dentre os mais preocupantes nas duas corporações estão o excesso de peso e a obesidade, as enfermidades gerais relacionadas a saúde física, mental, sofrimento psíquico e estresse, a necessidade urgente de se instituírem formas eficazes e bem elaboradas de apoio psicológico e a melhora nos serviços de assistência.

Edinilsa concluiu a palestra falando da visão da sociedade sobre os policias. "A imagem dos policias está totalmente degradada. Tanto as corporações como a sociedade têm uma visão negativa do policial, mesmo assim, na maioria dos questionários, quando perguntados se escolheriam outra profissão, uma parcela significativa disse que não trocaria, mas gostaria de melhores condições de trabalho".


voltar

Sessões Científicas da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
Rua Leopoldo Bulhões, 1480 4º andar – Tel.:(21)2598-4444 – e-mail: comunicacao@ensp.fiocruz.br