Informe ENSP

Adoçantes x açúcares, a guerra da estética

ENSP na Imprensa - 08/10/2008

A edição de terça-feira (07/10) do jornal Tribuna da Bahia trouxe uma matéria buscando esclarecer dúvidas entre a utilização de adoçantes ou açúcares para as pessoas preocupadas com a saúde. Muitos não sabem a diferenciação entre aspartame, sacarina, ciclamato ou sacarose, entretanto já ouviram histórias sobre os malefícios destes produtos.

O médico Márcio Aurélio Soares, especialista em Clínica Médica pela SBCM/AMB e sanitarista pela Escola Nacional de Saúde Pública -Fiocruz, professor, filiado a ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) explica o que são cada um desses produtos.

Confira na íntegra, a matéria publicada pelo Tribuna da Bahia.




As quatro substâncias citadas são as mais polêmicas, neste sentido. Segundo especialistas, houve suspeita de determinada substância provocar câncer e quando isto ocorreu foi proibida a venda no país, mas nenhum estudo comprovou a veracidade do fato como o caso do aspartame, da sacarina e do ciclamato. Para o farmacêutico Clóvis Reis, membro do Conselho de Farmácia da Bahia, todas estas histórias não passam de relatos anedóticos, pois nenhum estudo comprovou os perigos do uso do produto. "São vários estudos, nenhum foi comprovado. Em todos não há nenhuma atribuição ao aspartame ou outras substâncias. Há apenas relatos isolados", completou. Reis revela que houve um estudo em pacientes com câncer gástrico que faziam uso do aspartame.

No entanto, foi verificado que a mesma quantidade de pacientes portadores da doença nunca fizeram uso da substância. O farmacêutico destaca que só pode ser considerada perniciosa à saúde, quando o número de casos da doença é igual entre os que usam a substância e os que não usam. A dosagem diária é fundamental, por isto os adoçantes não devem ser ingeridos aleatoriamente, mas receitados e acompanhados por um profissional. Segundo o farmacêutico, reações e transtornos menores à substância podem ocorrer como urticária e dor de cabeça.

O diretor da Associação brasileira de Nutrologia, o médico nutrólogo Carlos Alberto Werutsky, aposta no adoçante sucralose, que contém a sacarose e explica o porquê "é a substância que tem características mais próximas do açúcar e que não deixa residual amargo na boca. Além de ter uma das maiores tolerabilidades de gosto dentre os adoçantes, não perde a capacidade de dulçor com o cozimento". Testada em mais de 100 estudos científicos , de acordo com os fabricantes, Línea Sucralose, o produto foi aprovado em 80 países por autoridades como a Administração de Alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA). O produto é um edulcorante derivado da cana-de-açúcar, que adoça 600 vezes mais que a sacarose (açúcar comum) e pode ser utilizado na culinária devido a sua excepcional estabilidade sob altas temperaturas.

Médico explica a tabela dos produtos adoçantes
(Por Noemi Flores)

O médico Márcio Aurélio Soares, especialista em Clínica Médica pela SBCM/AMB e Sanitarista pela Escola Nacional de Saúde Pública -Fiocruz, professor, filiado a ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) e a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) , fala um pouco sobre todas as substâncias dos adoçantes e fez uma tabela dos produtos industrializados com suas propriedades.

Aspartame: Esse é uma adoçante artificial feito de dois aminoácidos, o ácido aspártico e a fenilalanina. Assim como o açúcar comum, cada grama de aspartame equivale a 4 calorias. Porém ele adoça 200 vezes mais. Isso quer dizer que você usa muito menos aspartame do que açúcar para dar sabor doce aos alimentos, economizando muitas calorias. Outras vantagens: o aspartame não deixa o gosto amargo na boca, não provoca cáries nem câncer. O único inconveniente é que ele não pode ser usado por pessoas sensíveis à fenilalanina, ou seja, os fenilcetonúricos. Também não pode ser usado em receitas que são levadas a altas temperaturas, pois perde o seu poder adoçante. Porém não sofre nenhuma alteração quando aquecido levemente, por exemplo, no preparo de gelatinas ou achocolatados.

Esteviosídeo: É um adoçante natural extraído da folha Stevia rebaudiana , muito usada no Japão para realçar o sabor dos alimentos. É 300 vezes mais doce do que o açúcar e pode ser consumido à vontade, pois não é calórico e não provoca cáries. Nos produtos, costuma vir misturado com a sacarina.

Acesulfame - k: Esse adoçante artificial é 200 vezes mais doce que o açúcar. Ainda tem a vantagem de não deixar sabor amargo ou metálico na boca. O acesulfame - k não fornece nenhum tipo de caloria e é muito usado nos países cujas restrições aos adoçantes artificiais são severas. Por ser uma substância estável, é ideal para ser usada em receitas que precisam ser levadas à altas temperaturas.

Sacarina: O mais antigo adoçante artificial, a sacarina adoça de 300 a 700 vezes mais que o açúcar e não contém caloria. Mas nem tudo é positivo: No Brasil, o uso da sacarina é liberado. Por uma questão de segurança, não consuma mais do que a dose diária recomendada pelo fabricante. Essa informação deve estar no rótulo de todos os produtos que utilizam a sacarina em suas composições.

Sorbitol: Da mesma família do açúcar e da frutose, o sorbitol é uma substância natural encontrada em frutas como ameixa, maçã, pêssego e cereja. O seu poder adoçante é inferior ao do açúcar ( 50% menos doce ) e o valor calórico é o mesmo. A vantagem está em não provocar cáries e não elevar o nível de glicose no sangue. O sorbitol é ideal para substituir o açúcar nos bolos e coberturas, já que se mantém estável em altas temperaturas, além de dar corpo às receitas.

Frutose: Esse é um tipo de açúcar extraído das frutas doces, dos vegetais e do mel de abelhas. A frutose é menos engordativa e não provoca cáries como os outros açúcares naturais. Além disso, essa substância adoça uma vez e meia a mais, sendo necessária uma quantidade bem menor do produto para dar sabor doce aos alimentos.

Ciclamato de sódio: O ciclamato de sódio é um adoçante artificial 35 vezes mais doce do que o açúcar. E melhor: o seu valor calórico é zero. Ele aparece na composição dos produtos em quatro diferentes formas: ácido ciclâmico, ciclamato de cálcio, ciclamato de sódio e ciclamato de potássio. É um adoçante mais estável que o aspartame e a sacarina. Por isso, pode ser levado a altas temperaturas. Mas as vantagens param por aí. Ele deixa um gosto muito amargo na boca. Pior: em 1970 o consumo do ciclamato foi proibido, pois existia a suspeita do efeito cumulativo provocar câncer. Por falta de conclusões científicas, essa substância foi liberada recentemente em mais de cinqüenta países, inclusive no Brasil. Os americanos preferiam manter a sua proibição. Na dúvida é melhor você não vacilar, fique atento ao rótulo e jamais ultrapasse a dose diária máxima recomendada pelo fabricante.

Sucralose: Adoçante derivado do açúcar (sacarose) que, através de um processo de cinco etapas, substitui seletivamente 3 grupos de hidroxilas da molécula de açúcar (sacarose) por 3 átomos de cloro. O resultado é um adoçante excepcionalmente estável que mantém o sabor do açúcar sem suas calorias. Esse adoçante mantém seu sabor original, inclusive ao ser exposto a altas temperaturas. Seu poder edulçorante equivale aproximadamente a 600 vezes ao da sacarose. A sucralose não tem calorias mesmo que o consumido numa quantidade maior que o normal. Como não apresenta resíduos não induz a formação de cáries.

http://www.ensp.fiocruz.br/informe/materia.cfm?matid=13478