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Desafios da formação em saúde pública no contexto da pandemia é pauta de seminário internacional

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Publicado em:18/09/2020
Por Danielle Monteiro
 
A Rede de Escolas e Centros Formadores em Saúde Pública da América Latina (RESP-AL) promoveu, no dia 16 de setembro, o seminário virtual Desafios da formação em saúde pública em tempos de pandemia. A atividade se propôs a discutir em que medida a pandemia influencia a formação em Saúde Pública e quais reflexões são necessárias para levar adiante estratégias formativas que considerem o novo cenário. O debate integra uma série de seminários virtuais sobre temas relacionados à pandemia, realizados pela RESP-AL para contribuir com o debate público e divulgar propostas de ação baseadas em pesquisa e análise da realidade atual.
 

Desafios da formação em saúde pública no contexto da pandemia é pauta de seminário internacional

 
Presente à abertura do evento, o diretor da ENSP, Hermano Castro, alertou sobre a dificuldade em se formar trabalhadores da Saúde Pública em um momento de pandemia e ressaltou a tradição da Escola na formação em todas as áreas da Saúde. Ele observou que a pandemia aguçou as desigualdades das Américas, cujos países já sofriam de diversas outras epidemias, como as da pobreza e demais mazelas. “Cada país da região passou por momentos diferentes da pandemia, tanto em relação à chegada da doença como no que diz respeito às políticas públicas adotadas. Brasil, Estados Unidos, Peru e México ainda se mantêm à frente com maior número de casos. Por isso, este debate é fundamental. Espero que ele nos ajude a pensar a formação, agora com diferentes instrumentos de tecnologia e informação utilizadas a partir da adoção do sistema remoto”, disse.
 
Moderador do seminário, o representante do Escritório Subregional da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para a América do Sul, Carlos Arosquipa, lembrou que já se passaram cinco anos desde a definição dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a pandemia deixa preocupações acerca do alcance das metas para atingir tais objetivos. “A pandemia nos impôs um enorme desafio, pois, além de provocar a crise sanitária mais importante dos últimos anos, também ocasionou enorme crise política, social e econômica sem precedentes, que não somente provocou um retrocesso no alcance dos ODS, mas também deixou dúvidas se conseguiremos alcançá-los até 2030”, afirmou.
 
Quais são os principais objetivos da formação em Saúde Pública? Como está a disponibilidade de profissionais na América Latina? Todos os profissionais de saúde devem aprender conteúdos de Saúde Pública? Com base nessas perguntas, o representante da Universidade Nacional Autônoma do México, Javier Santacruz, trouxe reflexões sobre o papel da Saúde Pública na formação de profissionais de saúde. Javier chamou a atenção para o crescimento no déficit e na distribuição desigual do número de profissionais de saúde entre os diversos países do mundo, com tendência de aumento de demanda por mais profissionais e qualificação profissional nos próximos anos, em virtude do crescimento da população mundial. “Mudanças de paradigma, como a evolução dos modelos explicativos de saúde-doença e modelos de Atenção Básica, tornam indispensável a incorporação da Saúde Pública na grade curricular dos profissionais de Saúde”, defendeu.
 
Em seguida, Verónica Iglesias, da Escola de Saúde Pública Salvador Allende, do Chile, traçou um breve panorama da pandemia naquele país e fez uma apresentação sobre a Escola e sua atuação no enfrentamento da Covid-19. Na ocasião, ela também citou as experiências que a pandemia tem deixado, tais como as necessidades de fomentar a articulação da Rede de Atenção em Saúde e incorporar conteúdo com melhor compreensão social dos fenômenos de saúde e seus determinantes; o desenvolvimento de habilidades de liderança e Gestão de Crise; o trabalho em equipe; a comunicação de risco; entre outros. Verónica ainda destacou o fortalecimento do uso de tecnologias como ferramenta de aprimoramento da gestão da pandemia. “No caso da Telemedicina, por exemplo, durante vários meses os Centros de Saúde e hospitais se dedicaram a pacientes com Covid-19, o que, como resultado disso, diminuiu, de forma muito importante, a realização de exames, intervenções etc”, contou.
 
Já o representante da Faculdade de Medicina da Universidade de Buenos Aires, Pedro Casserly, comentou que um dos grandes desafios impostos pela pandemia na formação de profissionais de saúde foi o desenvolvimento dos meios virtuais, visto que eles não conseguem substituir o vínculo entre professores e alunos e nem entre os grupos de estudantes. No entanto, segundo ele, o surgimento do novo coronavírus trouxe a oportunidade de se estudar o comportamento da pandemia, da população, das autoridades e do sistema de saúde. Ele também destacou a importância da Saúde Pública para o combate de pandemias ao longo da história, citando o caso da epidemia de Peste Negra, assim como para a crescente consciência dos direitos dos indivíduos e deveres do Estado. Ele ainda fez uma breve apresentação sobre a Faculdade de Medicina e falou acerca da situação da pandemia na Argentina. “Fizemos um isolamento social muito cedo, que não chegou a ser uma quarentena, e, em nenhum momento, o sistema de saúde ficou sobrecarregado, ou seja, todas as pessoas que necessitaram de Atenção Básica por conta da Covid-19 tiveram acesso a ela, o que se traduziu em uma mortalidade muito baixa”, afirmou. 
 
Assista aqui à transmissão completa do seminário Desafios da formação em saúde pública em tempos de pandemia.

 



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