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Desafios à ciência pautam debate comemorativo aos 66 anos da ENSP

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Publicado em:03/09/2020
Como pensar os desafios à ciência em tempos de pandemia? Para debater o assunto, o Grupo de Trabalho do Conselho Deliberativo da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (GT ENSP) organizou um painel durante as comemorações pelos 66 anos da Escola. Coordenado pela chefe do Departamento de Endemias, Gisela Cordeiro, a atividade reuniu Jorge de Campos Valadares e Luís David Castiel, pesquisadores aposentados da ENSP, além de Nilson do Rosário, chefe do Departamento de Ciências Sociais, para debater a questão. O painel foi a primeira atividade do GT - que integra os centros e departamentos da Escola - com o objetivo de fortalecer as ações no âmbito da Covid-19. De acordo com Nilson do Rosário, que compõe o GT, para pensar os desafios à ciência é fundamental repensar e discutir a agenda do país.

Desafios à ciência pautam debate comemorativo aos 66 anos da ENSP

O pesquisador aposentado do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP, Jorge de Campos Valadares, partiu da psicanálise, da filosofia e da literatura para expor suas questões. Honrado com o convite para a mesa, Valadares ressaltou que gostaria que suas palavras fossem entendidas como palavras de esperança. “A esperança é continuar, e, como sempre, na ENSP, nós continuamos.” Ele destacou que o saber impõe diversos limites; para isso, é preciso pensar junto, em conjunto, pois essa é única forma de vencer a mentira.
 
Desafios à ciência pautam debate comemorativo aos 66 anos da ENSP
 
Jorge pontuou que ciência não é superstição, é pesquisa. Confome mencionou, não estamos no momento para euforia, mas sim de companheirismo na solidão e na solidariedade. “Nenhuma solução virá das classes obesas. Precisamos incluir, na intelectualidade, o saber da desteoria”, argumentou.  Segundo ele, o grande desafio da esperança é procurar frestas no saber. Por fim, Valadares contextualizou a questão da espiritualidade, destacando: “A espiritualidade é para ser vivida em liberdade.”
 
A Pandemência e o Convidiano
 
Depois da brilhante fala de Valadares, o pesquisador aposentado de Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos da ENSP, Luís David Castiel, apresentou suas ideias. Castiel publicou, recentemente, o texto Ensaio sobre a Pandemência, que faz uma reflexão ético-filosófica sobre os efeitos das contingências emergenciais da pandemia da Covid-19. Em seguida, o pesquisador ponderou a respeito do que estamos vivendo no momento atual e reforçou que pensar nos desafios da ciência é o que está em questão, especialmente na pandemia que nos afeta.
 
Desafios à ciência pautam debate comemorativo aos 66 anos da ENSP
 
Castiel falou, ainda, acerca da nova normalidade. “Quais são os paradigmas do Novo Normal? A normalidade não vai ser mais normal”, explicou. Por fim, o pesquisador trouxe para o debate a questão do negacionismo e das notícias falsas e como essas técnicas de negação se apresentam. Segundo Castiel, passamos a viver em um contexto com dimensões que precisam ser tratadas pela ciência, e não que ela fique em posição de se defender.
 
Repensar e discutir a agenda do país
 
Encerrando o painel Desafios à ciência na pandemia de Covid-19, o chefe do Departamento de Ciências Sociais e membro do Grupo de Trabalho do Conselho Deliberativo da Escola (GT ENSP), Nilson do Rosário, lembrou que a criação da ENSP está dentro de um projeto soberano de nação. “A ENSP representa algo dentro de um projeto global de um país soberano.” Nilson citou a crise narrativa da maneira como a saúde pública se comunica com a sociedade e apontou que as crises sanitárias no Brasil estiveram associadas à ampliação do papel de coordenação do governo federal.
 
O pesquisador também mencionou a questão do negacionismo. E lamentou o fato de o Executivo abraçá-la. Nilson citou que não podemos pensar a ciência na perspectiva da monocultura, pois ela é plural. Ele destacou, ainda, outro ponto importante: o de que é preciso repensar a práxis enquanto agentes sociais que criam narrativas. “Não podemos abandonar as lições de muitos autores, mas chamar a atenção também de que ela é uma prática social diante do contexto que a pandemia traz.”
 
Desafios à ciência pautam debate comemorativo aos 66 anos da ENSP
 
Finalizando sua apresentação, Rosário lastimou o fato de o Brasil ter atingido o triste número de mais de 122 mil pessoas mortas pela Covid-19. “Nunca atingimos tantas mortes em um período tão curto.” O pesquisador destacou que a ciência tem um campo científico. “Precisamos pensar em nosso lugar como produtores de ciência. Precisamos discutir e repensar a agenda do país”, concluiu ele.
 
Em breve, o vídeo do painel estará disponível no Canal da ENSP no Youtube.
 

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