Covid-19: Autores de artigo falam da perspectiva de médicos de família e comunidade sobre APS
A saúde em locais rurais ou remotos, ligada ao modo de vida no território e à preservação da biodiversidade, abriga populações em condição de vulnerabilidade, em extrema pobreza, onde muitas políticas públicas não chegam. A pandemia de Covid-19 revela essas iniquidades. A heterogeneidade dos cenários nas regiões do Brasil reforça a necessidade de diferentes organizações e oferta de serviços de saúde, envolvendo a logística para distribuição de insumos, a organização do processo de trabalho e o sistema de financiamento diferenciado. Essas questões foram debatidas na Entrevista com Autores, produzida por Cadernos de Saúde Pública (CSP), e veiculada no canal da ENSP no YouTube.
Neste nono episódio da série Entrevista com Autores, participaram dois dos autores do artigo A pandemia de COVID-19 em territórios rurais e remotos: perspectiva de médicas e médicos de família e comunidade sobre a atenção primária à saúde. São eles Cassiano Mendes Franco, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ; e Mayara Floss, integrante da executiva de Saúde Rural da Organização Mundial de Médicos de Família e Comunidade. A condução da entrevista foi de Pet Fidelis de Almeida, editora adjunta de CSP e professora do Instituto de Saúde Coletiva da UFF, além do jornalista Vinícius Coimbra.
Segundo os autores do artigo, conforme a tipologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a classificação de urbano e rural considera a densidade demográfica na escala municipal. Para definição de territórios remotos, utiliza-se critério de acessibilidade a centros urbanos e acesso dos municípios a bens e serviços complexos. Nessa classificação, 45% dos municípios brasileiros têm baixo grau de urbanização, 28% não apresentam população em ocupação densa, considerando-os rurais, e 8% são considerados remotos.
A Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA) contempla povos e comunidades desses territórios, que têm seus modos de vida, produção e reprodução social relacionados predominantemente com a terra. São populações negligenciadas, com piores indicadores socioeconômicos, desenvolvimento humano e saúde. Assim, a saúde rural brasileira deve ser inclusiva, refletindo a diversidade de sua gente, conforme prevê a PNSIPCFA.
Povos indígenas destacam-se nas PCFA, com pior índice de desenvolvimento humano e pobreza. Sofrem com acesso precário à saúde, elevada mortalidade infantil, prevalência de tuberculose, verminose, diarreia e infecções respiratórias. O racismo institucional e a perda progressiva de territórios também resultam em insegurança alimentar e desassistência.
Os médicos de família e comunidade (MFCs) e demais profissionais da Atenção Primária à Saúde têm papel de guardiões dos atributos. O artigo traz a perspectiva de MFCs, de diferentes regiões do Brasil, com vivências no cuidado às PCFA no Sistema Único de Saúde (SUS). Os autores objetivam descrever desafios dos MCFs e sinalizar propostas de atuação a partir dos atributos da APS, considerando-os como eixo das práticas em localidades rurais e remotas na pandemia da COVID-19. A saúde indígena, com subsistema e especificidades próprios, é integrada nesta discussão às PCFA e sinalizada no artigo.
A íntegra do artigo em debate está aqui.
O espaço do Cadernos de Saúde Pública "Entrevista com Autores", no Canal da ENSP no YouTube, conta com a colaboração da Coordenação de Comunicação Institucional (CCI/ENSP), visando contribuir com a divulgação de artigos científicos para o enfrentamento da Covid-19.
Para assistir a entrevista clique aqui ou na imagem abaixo.
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Fonte: Entrevista com Autores