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Dia Estadual de Combate à Tuberculose: ações do Centro de Referência Professor Helio Fraga em tempos de Covid-19

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Publicado em:06/08/2020

No dia 6 de agosto comemora-se o Dia Estadual de Conscientização, Mobilização e Combate à Tuberculose, no Rio de Janeiro, instituído por meio do Projeto de Lei nº 3.236/2006. A data foi criada para reforçar o combate à doença no Estado do Rio de Janeiro, mas os números ainda preocupam, principalmente em tempos de pandemia do novo coronavírus. No Estado do Rio de Janeiro, em 2019, foram diagnosticados 14.671 casos de TB, destes 11.715 eram casos novos, o que correspondeu à segunda maior taxa de incidência da doença no Brasil, 68,1 casos/100 mil habitantes. O problema ainda se acentua, em 2018, o Estado do Rio de Janeiro foi o campeão em mortalidade por TB no país (4,3 óbitos/ 100 mil habitantes).


Em outro extremo, temos uma nova doença, a Covid-19, que também acomete as vias respiratórias, e que se aproxima dos 100 mil mortos no Brasil. O Brasil é o segundo país mais afetado pela Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Diariamente, em torno de 1.000 brasileiros têm suas vidas ceifadas por este novo problema de saúde pública. O número de pessoas que adoece ainda permanece elevado, aproximadamente 3 milhões desde o inicio da pandemia . Destes, próximo de 172 mil ocorreram somente no Estado do Rio de Janeiro com 13.855 óbitos, o que corresponde ao segundo maior coeficiente de mortalidade por Covid-19 do Brasil (80,2 óbitos para cada 100 mil habitantes), atrás somente do Estado do Ceará (86,1 / 100 mil habitantes).


A Covid-19 entrou no Brasil principalmente pelos aeroportos e portos, através de pessoas da classe média e alta que viajaram a passeio ou a trabalho para o exterior, notadamente para à Itália e à China. Os primeiros casos foram atendidos em renomados hospitais particulares de São Paulo e do Rio Janeiro, receberam atendimento ultra especializado, e os pacientes se recuperaram integralmente. Entretanto, em poucas semanas, a Covid-19 se espalhou por todo território nacional, e se aproximou das camadas mais desfavorecidas da sociedade brasileira, principalmente daquela camada que não conseguiu, por razões econômicas e sociais, manter medidas seguras de distanciamento social, acabando por se infectar em transportes públicos ou por péssimas condições de habitação.


Na medida em que a Covid-19 avançou para as camadas mais pobres da sociedade, ela passou a conviver com outras doenças que historicamente já atingiam este grupo populacional, como, por exemplo, a TB. A TB tem afetado populações socialmente desfavorecidas que, em teoria, são indivíduos que apresentam elevado grau de vulnerabilidade social, com níveis baixos de renda e de escolaridade, desnutrição, péssimas condições de saneamento básico, entre outros.


Para o pesquisador do Centro de Referência Professor Helio Fraga Paulo Victor Viana, o problema torna-se mais grave do ponto de vista sanitário:


- O mais preocupante é que após aproximadamente 5 meses da pandemia a Covid-19 tem afetado grupos populacionais vulneráveis (incluindo idosos, população privada de liberdade, população em situação de rua, pessoas vivendo com HIV, povos indígenas/tradicionais, entre outros) e portadores de pneumopatias, como a TB.


A tuberculose e a Covid-19 são doenças infecciosas que atacam principalmente os pulmões. Ambas apresentam sintomas semelhantes, como, por exemplo, tosse, febre e dificuldade em respirar. A TB, no entanto, tem um período de incubação mais longo, com um início mais lento da doença.


Embora os fatores de risco relacionados à COVID-19 em pacientes com TB ainda necessite de mais estudos, acredita-se que pessoas coinfectadas com TB e com COVID-19 possam ter piores resultados de tratamento, especialmente se o tratamento para TB for interrompido. Os pacientes com TB devem tomar as devidas precauções recomendadas pelas autoridades sanitárias para se protegerem da COVID-19. Além disso, as autoridades de saúde devem garantir a prestação de serviços essenciais na prevenção, diagnóstico e assistência a estes pacientes.
 

Dia Estadual de Combate à Tuberculose: ações do Centro de Referência Professor Helio Fraga em tempos de Covid-19



Ações e desafios enfrentados pelo Centro de Referência Professor Helio Fraga em tempos de Pandemia


Diante desse cenário, algumas ações e desafios para o controle da tuberculose e o enfrentamento  da pandemia da COVID-19 foram impostos no atendimento ambulatorial do CRPHF:


- Assegurar as consultas de acompanhamento durante a pandemia dos pacientes que já estavam em tratamento e dos casos novos diagnosticados com Tuberculose Drogarresistente e outras micobacterioses (MNT);
- O cuidado centrado na prevenção da contaminação por Covid-19 - as consultas mensais foram espaçadas, a fim de evitar o deslocamento desnecessário durante o pico da pandemia;
- Acompanhamento por meio de teleatendimento de pacientes em tratamento para tuberculose drogarresistente;
- Manutenção da distribuição nacional dos medicamentos para as Unidades de Saúde de todo o território nacional, a fim de garantir a continuidade do tratamento;
- Garantiraos pacientes o acesso aos medicamentos, com entrega aos seus familiares;
- Doação mensal de cestas básicas para aqueles pacientes que foram afetados economicamente durante a pandemia do coronavírus;
- Realizada campanha de conscientização sobre a importância da higienização das mãos para prevenção da COVID-19 através dos funcionários do serviço de farmácia que são membros da Comissão de Segurança do Paciente do CRPHF, sendo distribuído mensalmente aos pacientes durante este período um total de 248 kits de sabonete e um folder explicativo com orientações práticas de como lavar as mãos corretamente. Esta campanha conta com a doação proveniente de amigos e funcionários do CRPHF e continuará até que ocorra uma melhora no enfrentamento da pandemia.


Inquérito sorológico e diagnóstico molecular da COVID-19 nos paciente com TB resistente


O CRPHF definiu para o mês de agosto o início da realização de um inquérito sorológico e do diagnóstico molecular da Covid-19 nos pacientes atendidos pelo ambulatório do centro. O inquérito sorológico permitirá avaliar quantos de seus pacientes já tiveram contato com o novo coronavírus, enquanto a realização da RT-PCR  permitirá o acesso mais rápido ao diagnóstico de casos suspeitos.


O estudo conta com a parceria do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) com o fornecimento de testes rápidos para Covid-19 e também do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) para as análises de RT-PCR dos pacientes atendidos no CRPHF.


De acordo com a coordenadora da pesquisa Karen Gomes, a pesquisa trará um retrato do impacto da Covid-19 dentro de uma população fortemente vulnerável. “Com a realização do inquérito, objetivamos verificar a porcentagem  de pacientes com tuberculose resistente já infectados pelo novo coronavírus e correlacionar com a gravidade e desfecho desses casos. Também vamos poder identificar a força de transmissão do vírus neste grupo. Com os resultados, teremos um retrato inédito do real impacto da COVID-19 e de seu comportamento entre os adoecidos por tuberculose resistente, o que poderá subsidiar decisões de políticas públicas para os gestores dos programas de controle da tuberculose”, explicou.

 
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