Busca do site
menu

Pesquisadora da ENSP participa de visita técnica na Estação de Tratamento de Água do Guandu

ícone facebook
Publicado em:29/05/2020
Pesquisadora da ENSP participa de visita técnica na Estação de Tratamento de Água do GuanduA pesquisadora do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSP, Adriana Sotero, acompanhada de pesquisadores da Fiocruz e de outras instituições, esteve presente à segunda vistoria realizada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) na Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu, a fim de avaliar as medidas adotadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) no que diz respeito à melhoria da qualidade da água tratada e distribuída para a população do Rio. Durante a visita, foram realizadas coletas de amostras de água bruta e tratada.

O objetivo da coleta foi realizar novas análises da água bruta, para verificar a presença dos microrganismos relacionados com a produção de substâncias causadoras do cheiro e gosto, e produtores de cianotoxinas (toxinas produzidas por algumas espécies de cianobactérias em água doce ou salgada) – ainda presentes na água. Além disso, foram consideradas amostras, por meio de análises colimétricas e físico-químicas, com a intenção de assessorar o Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (Gaema) na avaliação sobre as medidas adotadas pela Cedae para resolver os problemas relacionados ao gosto e odor na água de consumo. Os dados foram publicados e podem ser acessados aqui

Para esse trabalho, o grupo do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental (DSSA/ENSP) estabeleceu parcerias com os laboratórios do IOC, Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental (Lapsa/IOC); Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas (LBCS/IOC); e também com o Laboratório Biotecsa, do Departamento de Biologia Celular (Ibrag/Uerj).

Resultados apontam necessidade permanente de controle e fiscalização de captação de água

Segundo Adriana Sotero, a maioria das bactérias encontradas nas amostras de água bruta analisadas são comuns em ambientes de lagos e mananciais utilizados pela ETA. Entretanto, a abundância de domínios de bactérias nas amostras demostra a necessidade permanente de realizar procedimentos de controle e fiscalização de regiões estratégicas de captação de água, para que a disponibilidade hídrica, de água com qualidade, possa ser preservada.

“A diminuição da ocorrência de cianobactérias, na vistoria do dia 13 de março de 2020, foi um dado positivo, demostrando que medidas de controle e mitigação foram adotadas pela ETA. Contudo, há de se considerar que um alerta foi dado, e eventos similares tendem a se tornar mais frequentes e críticos no futuro, especialmente em caso de escassez hídrica. Portanto, medidas e ações de gestão nos recursos hídricos precisam urgentemente ser adotadas, de modo a garantir a segurança hídrica da bacia do Rio Paraíba do Sul, para não comprometer a qualidade da oferta hídrica”, advertiu a pesquisadora.

Os resultados do estudo apontaram, ainda, que a falta de saneamento das cidades à montante da captação da água do manancial utilizado pela Estação de Tratamento de Água do Guandu da Cedae faz com que a região metropolitana do Rio de Janeiro esteja consumindo um tipo de água de reúso indireto. Acesse o estudo aqui. “Esse reúso não intencional e não controlado precisa ser modificado para o status controlado, visto a necessidade urgente de saneamento básico nas cidades à montante, especialmente”, destacou.

Segundo Adriana, vale destacar que, no momento da crise hídrica da geosmina, não se sabia qual organismo era causador do gosto e odor. "Nosso grupo, em parceria com o Laboratório de Biologia Computacional e Sistemas do IOC/Fiocruz, foi o primeiro a detectar a cianobactéria de gênero Planktrhotricoides, como responsável pelo problema. Isso só foi possível graças à metodologia de metagenômica, que avalia a biodiversidade ambiental a partir do sequenciamento de DNA e de ferramentas de bioinformática. Métodos tradicionais para a detecção de cianobactérias não têm sido capazes de identificar esse gênero, pois Planktothricoides tem morfologia similar a Planktothrix", explicou a pesquisadora.

Por fim, o estudo alerta  sobre os ajustes necessários na legislação quanto à dosagem de cianotoxinas, o método de extração e de análise, de modo a aumentar o limite mínimo de detecção desses compostos para a adequada avaliação do real risco relacionado à presença desse tipo de poluente na água captada pela Estação de Tratamento de Água. Segundo Adriana Sotero, o estudo reitera as recomendações apresentadas no primeiro relatório-laudo. 
 
 

Seções Relacionadas:
Artigos Divulgação Científica Pesquisa

Nenhum comentário para: Pesquisadora da ENSP participa de visita técnica na Estação de Tratamento de Água do Guandu