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'Radis' de fevereiro trata da regulamentação de produtos à base de maconha para fins medicinais

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Publicado em:10/02/2020
'Radis' de fevereiro trata da regulamentação de produtos à base de maconha para fins medicinais'Radis' de fevereiro trata da regulamentação de produtos à base de maconha para fins medicinaisA revista Radis de fevereiro trata da regulamentação sobre a venda de produtos à base de maconha para fins medicinais. O repórter Luiz Felipe Stevanim entrevistou o neurocientista, Sidarta Ribeiro, que defende o uso de psicodélicos como a maconha, o LSD e a ayahuasca. “Essas substâncias aumentam as sinapses do cérebro e podem ser a chave para doenças como Alzheimer, Parkinson e depressão”, aponta ele.
 
O pesquisador Sidarta Ribeiro, de 48 anos, que ajudou a fundar o Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acredita que ao permitir a venda de remédios à base de cannabis nas farmácias, e manter a proibição do cultivo no país, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu apenas um passo simbólico, mas nada efetivo, pois a maconha medicinal vai continuar pouco acessível para a população. “Atualmente, as empresas precisam importar os componentes da planta, já que ela não pode ser cultivada em solo brasileiro — o que encarece a venda para as pessoas que dependem do tratamento com essas substâncias.”
 
De acordo com a matéria da Radis, a ciência do cérebro, no entanto, aponta em outra direção e o uso de psicodélicos na saúde tem um “futuro promissor”, disse o neurocientista que estuda há quase três décadas a biologia da mente. “Não se trata do consumo indiscriminado, mas em doses muito baixas e muito esporadicamente”, explicou ele em entrevista exclusiva à Radis.
 
A Radis destacou que um dos campos científicos em que o Brasil possui maior destaque internacional é a neurociência e Sidarta é um dos responsáveis por isso: o Instituto do Cérebro da UFRN, que ele fundou e do qual hoje é vice-diretor, promove pesquisas sobre o que acontece na mente durante os sonhos e os efeitos de substâncias encontradas em plantas como a cannabis para a saúde humana. 
Os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores do Instituto do Cérebro da UFRN, conforme a reportagem da Radis, já comprovaram, dentre outras coisas, que o DMT (dimetiltriptamina) presente na ayahuasca, bebida do Santo Daime, atua como antidepressivo e que o LSD (dietilamida do ácido lisérgico, obtida a partir de um fungo) pode ajudar a conter o declínio mental que acompanha doenças como o Alzheimer.
 
Essas conclusões, segundo a reportagem,  têm sido chamadas de “renascimento psicodélico” e são, para Sidarta, a constatação científica de conhecimentos milenares da humanidade. “Contudo, ainda há um longo percurso até reconhecer os benefícios dessas substâncias, pois as evidências se chocam com interesses da indústria farmacêutica e preconceitos entranhados na sociedade.” Para ele, o grande pesadelo é que a maconha é uma farmacopeia inteira. “Se essa planta puder ser cultivada em casa, ela quebra a indústria, pois compete com muitas substâncias que estão na farmácia.”
 
Outro tema de interesse do neurocientista é a bioquímica dos sonhos. Sidarta defende que aquilo que sonhamos durante a noite é fundamental para entendermos o que acontece conosco durante o dia. As conclusões de quase três décadas de estudo sobre o papel dos sonhos e do sono estão reunidas no livro “O oráculo da noite”, lançado pela Companhia das Letras em 2019. “Prestar atenção aos sonhos é compreender as possibilidades existentes no presente com base nas experiências vividas no passado”, pontua.
 
O futuro dessas e de outras pesquisas pioneiras no Brasil está, de acordo com Sidarta, sob ameaça diante dos cortes de bolsas e do cenário de perseguição contra as universidades. Integrante da diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Sidarta também faz parte desde 2015 do Conselho Consultivo da Plataforma Brasileira de Política de Drogas e é seu coordenador científico desde 2018. É professor titular de neurociências da UFRN, com doutorado em Comportamento Animal pela Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos. Com a Radis, ele conversou sobre política de drogas e o uso de psicodélicos na saúde, o papel dos sonhos no cotidiano e o futuro da ciência brasileira.
 
Leia a entrevista com Sidarta Ribeiro na íntegra.
 
Dentre as várias reportagens da Radis de fevereiro, a revista traz um artigo da psicóloga Rita Almeida, militante da Reforma Psiquiátrica brasileira. Conforme disse ela, muitos brasileiros não se importam com o SUS, porque acreditam que não são seus usuários. “Pensam que pagar por um plano de saúde e não se consultar no posto do bairro significa não utilizar o SUS. Para esses, eu tenho uma novidade: todos os brasileiros fazem uso e se beneficiam do SUS.”
 
Para ela, todas essas doenças precisam ser tratadas no campo do que chamamos de “saúde coletiva”, coisa que nenhum plano de saúde seria capaz de fazer, simplesmente porque estes só atendem os seus clientes e, geralmente, com medicina preponderantemente curativa. Ou seja, nenhum plano de saúde, por mais caro que você possa pagar, teria como cuidar de uma epidemia de tuberculose, por exemplo. 
A dengue também é boa para entender a importância do SUS. “Não adianta você cuidar da água parada do seu quintal e nem se isolar no seu maravilhoso condomínio com porteiro 24 horas se não houver o trabalho coletivo feito pelo SUS e seus agentes sanitários e de saúde. A doença vai chegar até você e sua família.”
 
Ela alertou que o SUS regula nosso sistema de água potável e esgoto por causa das verminoses, regula a qualidade da carne que você come, a higiene do restaurante que você frequenta e os medicamentos que você usa (a Anvisa faz parte do SUS). 
 
Rita deu outros exemplos: o SUS conseguiu, em poucos anos, mudar completamente a cultura do tabaco no Brasil. Apenas com campanhas educativas e legislações restritivas para propaganda e locais de uso, o número de fumantes passou de cerca de 35% em 1989 para menos de 15% em 2013. 
 
Ela também destacou a Farmácia Popular, do SUS, que não beneficia apenas os que têm acesso à medicação gratuita. “Ao impulsionar a expansão do mercado, promove também a queda dos preços para os demais consumidores, além de quebrar as patentes das indústrias farmacêuticas e movimentar pesquisas e a produção de medicamentos com custo mais baixo.” O Samu, outro exemplo que ela lembrou, atende acidentes de trânsito, domésticos, urgências e emergências cardíacas ou quaisquer outras que ofereçam risco de morte.
 

Fonte: Radis
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